EUA votam na ONU contra o “combate à glorificação do nazismo”
Enquanto se multiplicam os protestos nos Estados Unidos contra a decisão do júri que livrou de julgamento o policial que matou o jovem negro Michael Brown, que já levou mais de 400 pessoas à cadeia na cidade de Ferguson, no estado sulista do Missouri, e em outras regiões dos Estados Unidos por protestar a diplomacia -acaba de marcar um “golaço” contra o racismo. Gol contra, fique claro.
Por Fernando Brito, no Tijolaço
Publicado 30/11/2014 11:20
É que na sexta-feira a Assembléia Geral da ONU votou uma declaração “contrária à glorificação do nazismo e outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância”.
O resultado, claro, foi de aprovação esmagadora: 126 votos a favor e três contrários, com 50 abstenções.
Os três votos contrários?
Estados Unidos, Canadá (que sempre o acompanha) e o pequeno arquipélago de Palau, na Oceania, que se declarou “estado associado” aos EUA, embora 99% dos americanos nem saibam da existência daquelas ilhotas paradisíacas, que só viraram notícia por causa de um relatório que a apontou como maior consumidora de maconha per capita do mundo.
Para quem duvidar, está aqui a folha de votação, no site das Nações Unidas.
É bom saber, para quem duvidou da matéria da BBC de que por lá se pagam pensões a acusados de crimes de guerra na Alemanha.
É impressionante como o isolacionismo diplomático dos Estados Unidos só é comparável ao seu intervencionismo bélico.
Um país que deu milhares de vidas ao enfrentar a Alemanha nazista, que é presidido por um negro, que se constituiu com imigrantes do mundo inteiro e que tem décadas de avanço em reconhecimento dos direitos de orientação sexual votar contra uma resolução destas?
É, nada para desagradar a cada vez mais forte direita interna e que atrapalhe o flerte com os movimentos neonazistas no Leste Europeu (Albânia, Bósnia, Bulgária, Ucrânia, República Checa, Eslovênia e Hungria, entre outros, se abstiveram).
Parece o PSDB com os “pró-ditadura” da Paulista.