Serguei Duz: Preço do petróleo continuará caindo até meados de 2015
Os preços do petróleo continuam a cair num contexto da decisão da Opep em manter as cotas de extração. Nessa situação os peritos aconselham estarmos preparados para qualquer desenvolvimento dos acontecimentos.
Por Serguei Duz, na Voz da Rússia
Publicado 29/11/2014 01:18
O ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia Alexei Ulyukaev não consegue prognosticar a dinâmica dos preços do petróleo. Atualmente a situação muda quase de hora a hora. No entanto, o ministro considera que o provável preço de equilíbrio será o de US$ 80 por barril.
Os peritos mantêm a esperança nos resultados da reunião dos países da Opep, a realizar em fevereiro. Até lá, os países produtores de petróleo poderão aproximar posições e obter alguma espécie de consenso. No entanto, numa perspectiva a curto prazo, a situação continua provocando sérias preocupações. A recuperação dos preços não é esperada para antes de meados de 2015, considera a analista na área petrolífera Anna Kokoreva:
“A Arábia Saudita tem como objetivo eliminar a concorrência da extração do petróleo de xisto e tornar inviáveis os projetos dos EUA nessa área. Enquanto ela não obtiver esse resultado, os preços do petróleo não irão aumentar.
“Devido à decisão da Opep, aumentam as hipóteses de o petróleo continuar a cair. Isso é uma perspectiva a um ou dois meses. Os preços são empurrados para baixo e as reservas aumentam. O excedente de petróleo no mercado está hoje avaliado em cerca de 2 milhões de barris por cada dia. Até ao início de 2015 é esperada uma diminuição da demanda. O excedente irá ainda aumentar. Penso que em janeiro nós iremos assistir a essas quebras até aos 60 dólares por barril.”
Seja como for, os peritos estão convencidos que o mercado do petróleo está à beira de uma grande redistribuição. Isso foi declarado, por exemplo, por Igor Sechin, presidente da companhia Rosneft, em uma entrevista à publicação austríaca Die Presse. Na opinião dele, a situação de crise cria possibilidades adicionais. É natural que algumas empresas não possam aguentar por muito tempo os preços do petróleo baixos. A crise irá provocar uma redistribuição do mercado. Diz o analista de investimentos na área dos combustíveis e energia Eldar Kasaiev:
“Nós ainda não chegámos a uma situação de desespero. Neste momento, mesmo considerando os baixos preços por barril a que assistimos, o preço médio anual ainda se encontra na proximidade dos cem dólares. Isso ainda é suficientemente satisfatório para todos os principais jogadores que lutam pelos mercados e pelos seus consumidores. Por isso, muitos produtores estão dispostos a apertar mais o cinto para não perder suas vendas.”
Entretanto, os especialistas têm a certeza que, se o preço cair até aos 60 dólares, isso não será por muito tempo. Nesse caso teriam de ser os estadunidenses a apertar o cinto, que é uma coisa que eles não gostam de fazer. Neste momento os norte-americanos ocupam uma posição neutral, diz a analista Anna Kokoreva:
“Eles aumentam suas reservas de petróleo. Dessa forma, os estadunidenses introduzem uma incógnita adicional no mercado. Eles dão a entender que também participam do jogo e que também podem baixar os preços. Os norte-americanos fingem que sua exploração do petróleo de xisto não ultrapassa o limite da viabilidade. Ou seja, eles mantêm o jogo até ao último momento. Veremos o que irão eles dizer quando os preços caírem ainda mais.”
Na situação atual, o governo da Rússia deve se tornar em um “governo em situação de emergência”, diz o vice-presidente do Conselho da Federação Ievgueni Buchmin, que é o responsável pela área econômica da câmara alta do parlamento. Na opinião dele, todos os esforços devem ser canalizados para liberar a Rússia da dependência do petróleo. Essa opinião é partilhada por muitos peritos. Eles estão convencidos que a crise do petróleo será um estímulo para a diversificação da economia russa e para que o país se vire para a inovação.
*Articulista da emissora pública de rádio Voz da Rússia