Dilma: a quarta vitória do povo!
É certo que o caminho a ser iniciado com essa quarta vitória do povo também não será fácil: a crise econômica mundial ainda persiste, ameaçando a soberania de nações, os direitos dos povos e à paz e as forças conservadoras e neoliberais, derrotadas nas urnas pela vontade popular, sinalizam com manobras torpes e até de caráter golpista para impedir que a presidenta Dilma consiga levar o programa mudancista adiante.
Publicado 28/10/2014 00:01 | Editado 04/03/2020 16:48
• Miranda Muniz
A reeleição da presidenta Dilma, ocorrida no último dia 26, tem um significado histórico para o Brasil e para o povo brasileiro. Em mais de 500 anos de história de “Brasil”, pela primeira vez, forças de caráter democrático e popular tem a possibilidade de permanecer no comando do Executivo nacional por um período de 16 anos e continuar a implantar um projeto mudancista, iniciado em 2003 com a posse do ex-presidente Lula.
Ganhar mais essa batalha não foi fácil, “nem foi pouca coisa”, como costuma falar Renato Rabelo, presidente do PCdoB, meu Partido. Afinal, há uma conjuntura de crise econômica internacional, que interfere diretamente no desenvolvimento de um grande país como o nosso; a “oposição” conservadora e reacionária ainda detinha (e detém) fatia importante do poder político e estava mais assanhada do que nunca; o grande capital, em especial o especulativo, tinha claro quem era o seu candidato preferido; a mídia hegemônica – o chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista), mais do que nunca agiram “como partido político”, como bem denunciou o ex-presidente Lula.
Nesse aspecto, a revista esgoto “Veja” foi além e, na 25ª hora, antecipou sua edição de sábado para sexta feira e emplacou uma capa onde estampava as fotos de Dilma e Lula, acusando-os de sabedores de malfeitos na Petrobrás, ancorada num depoimento (que deveria ser sigiloso, mas que teve o áudio criminosamente vazado) de um “doleiro” suspeitíssimo, fato que levou a Justiça Eleitoral a conceder um direito de resposta à coligação “Com a Força do Povo”, desrespeitado pelo mesmo folhetim da Marginal Pinheiros.
Além disso, a candidatura Aécio Neves, que a todo tempo “escondia” seu bico grande de tucano emplumado, tentando passar como um candidato “das mudanças” conseguiu atrair para sua órbita praticamente todos os candidatos à presidência derrotados no primeiro turno. Dos mais reacionários e fundamentalistas, a exemplo de Levy Fidelix e Pastor Everaldo, do dissimulado candidato do PV, Eduardo Jorge, e da Marina Silva, que inicialmente apresentava-se como defensora da tal “nova política”, a candidatura da “terceira via”, “anti polarização PT x PSDB”, mas que, na primeira oportunidade abraçou incondicionalmente o projeto tucano (demonstrando, na prática, que o seu discurso não passava de retórica eleitoreira) além de setores fascistóides que pregam o ódio, a discriminação e o preconceito, em especial contra os pobres, negros, o Nordeste e os nordestinos.
Mesmo assim, a Presidenta de Coração Valente, enfrentou com firmeza e coragem todo o conluio conservador, saindo vitoriosa pelo placar de 54.501.118 milhões de votos contra 51.041.155 obtidos pelo candidato tucano, ou seja, uma frente de 3.459.963 votos, os quais representam 3,18% do total dos votos válidos, o que daria para lotar o estádio Maracanã por 44 vezes.
Outro dado significativo é que a Presidenta ganhou em 15 Estados da Federação, enquanto o seu oponente obteve vitória em apenas 11 Estados mais o Distrito Federal. A vitória com mais de 550 mil votos de diferença em Minas Gerais, Estado onde o candidato tucano foi governador por duas vezes e que propalava como modelo de gestão, justificou plenamente o mote usado pela campanha “dilmista” de que “Aécio, quem conhece não vota”.
Esse fato, acrescido da vitória no Estado do Rio de Janeiro demonstra claramente o quanto é inconsistente atribuir sua vitória exclusivamente ao Nordeste, se bem que lá a vitória foi acachapante, em consequência, fundamentalmente, das ações dos governos Lula e Dilma naquela importante região do Brasil, historicamente discriminada e praticamente esquecida pela maioria dos governantes anteriores.
Agora, com o respaldo da maioria dos eleitores e eleitoras que decidiram entre Dilma e Aécio, é hora de preparar as bases para o Novo Governo, radicalizando no programa mudancista de ampliação de direitos para o povo, ampliação da democracia e da participação popular, enfrentamento do rentismo sanguessuga, realização das reformas democráticas, fortalecimento das relações com o MERCOSUL, o BRICS e outras instâncias alternativas.
É certo que o caminho a ser iniciado com essa quarta vitória do povo também não será fácil: a crise econômica mundial ainda persiste, ameaçando a soberania de nações, os direitos dos povos e à paz e as forças conservadoras e neoliberais, derrotadas nas urnas pela vontade popular, sinalizam com manobras torpes e até de caráter golpista para impedir que a presidenta Dilma consiga levar o programa mudancista adiante.
Entretanto, como bem pontuou o editorial do Portal Vermelho (www.vermelho.org.br) “as forças progressistas que acabam de liderar a quarta vitória eleitoral consecutiva do povo brasileiro estão chamadas agora a tomar em suas mãos a bandeira das reformas estruturais democráticas e da intensificação das mudanças. O caminho está aberto para, através da unidade de amplas forças democráticas, populares e patrióticas e da mobilização do povo, o Brasil avançar na sua caminhada histórica e abrir novas perspectivas para construir uma nação progressista.”
Sintetizando: a luta entre o avanço e o retrocesso vai continuar!
• Miranda Muniz é agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça avaliador federal, dirigente da CTB-MT (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e do PCdoB-MT.