Japão e EUA se preparam para irritar a China
Japão e EUA irão realizar grandes exercícios militares navais que incluirão desembarque e conquista de ilhas. Essas manobras serão realizadas entre 8 e 19 de novembro nas águas do Japão. Tendo em conta a disputa entre a China e o Japão em torno das ilhas no mar da China Oriental, os exercícios Keen Sword têm um subentendido declaradamente antichinês, considera o primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos Konstantin Sivkov.
Por Natalia Kasho, na Voz da Rússia
Publicado 25/10/2014 15:12
As manobras japoneso-americanas com esse tipo de cenário já são as segundas em menos de um ano e meio. As primeiras decorreram no início de junho do ano passado na costa dos EUA. Nessa altura, lá se encontrava de visita o presidente da República Popular da China Xi Jinping. Os próximos exercícios, que contarão com a participação de mais de 40 mil militares, 25 navios e 260 aviões, irão coincidir no tempo com a realização em Xangai da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
No ano passado a China solicitou o cancelamento dos exercícios, considerando-os como mais uma provocação. Nessa altura Washington e Tóquio não tomaram em consideração a posição da China. Mais do que isso – eles não tiraram conclusões para o futuro. Neste momento está sendo realizada uma nova pressão político-militar sobre a China, considera Konstantin Sivkov:
“Estes exercícios têm uma dupla carga. Por um lado, são treinadas ações conjuntas de conquista de ilhas através de uma operação de desembarque aeronaval. O segundo aspecto é a demonstração à China da determinação dos EUA em agir em conjunto com o Japão na defesa das ilhas em disputa, se a China tentar conquistá-las ao Japão. O mais provável é a China responder com uma nota diplomática declarando sua soberania sobre as ilhas. Na área dos exercícios poderão aparecer vários navios chineses para mostrar a bandeira e realizar operações de reconhecimento.”
A espionagem está sendo um dos principais argumentos na escalada da guerra de nervos nessa região. No dia 22 de outubro, o jornal japonês Asahi anunciou que o Japão e os EUA irão realizar vigilância conjunta sobre a China a partir do espaço para responder a seus possíveis ataques militares. A publicação cita as palavras do vice-secretário de Estado adjunto dos EUA para a política de defesa e operações de verificação Frank Rose. Esse funcionário expressou as preocupações com as crescentes capacidades militares da China, especialmente depois do teste em julho de um míssil antissatélite.
Tendo como pano de fundo o aumento de uma confrontação militar na região, no dia 21 de outubro teve início a montagem do segundo radar das forças de defesa antimísseis na base militar de transmissões dos EUA Kyogamisaki, na cidade japonesa de Kyotango, na costa do mar do Japão. O radar começará a funcionar até ao fim do corrente ano.
Este é um novo elemento da defesa antimísseis dos EUA na Ásia. O Pentágono está montando um “arco antimísseis” do Alasca até à Austrália, passando pelo Japão, pela Coreia do Sul e por Taiwan, para contenção da China, considera o diretor do Centro de Pesquisa em Políticas Públicas Vladimir Evseev. A China irá reagir de forma sensível à instalação de infraestruturas desse tipo, considera o perito:
A China será obrigada a aumentar seu potencial nuclear – seus mísseis de longo alcance. Entretanto, o que preocupa a China não é apenas o radar, este apenas observa. O mais preocupante é o sistema de ataque da defesa antimísseis. Este está sobretudo representado pela sua componente naval, que são os contratorpedeiros com o sistema antimísseis Aegis.
O Japão e a Coreia do Sul têm navios desses e estão sendo construídos navios desses para a Austrália. Eles são capazes de interceptar mísseis balísticos chineses a altitudes até 250 quilômetros. Isso preocupa seriamente a China. A sua possível resposta será o aumento do número de sistemas móveis de mísseis e a transferência dos silos de lançamento para o interior do continente à medida que vá aumentando seu arsenal de mísseis balísticos intercontinentais. Isso excluirá a possibilidade de sua interceptação ao longo da trajetória ativa.
Em agosto de 2013 surgiram informações que a Agência de Defesa contra Mísseis dos EUA está analisando a possibilidade de instalar um terceiro radar no Sudeste Asiático. Ele permitirá seguir com maior precisão os lançamentos de mísseis balísticos chineses. Não é de excluir que o local para a instalação do terceiro radar seja nas Filipinas.
Fonte: Voz da Rússia