Ministério Público Federal decide investigar Aécioporto
Escancarado o escândalo durante a campanha eleitoral, o Ministério Público Federal em Minas Gerais decidiu abrir investigação para apurar irregularidades praticadas pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB) na utilização de recursos públicos para construir um aeroporto numa área desapropriada dentro da fazenda de seu tio-avô em Cláudio, no interior do Estado, quando era governador.
Publicado 21/10/2014 17:03
Construído nas terras de Múcio Guimarães Tolentino, a 6 km da Fazenda da Mata, pertencente à família Neves, o conhecido aécioporto custou à bagatela de R$ 14 milhões e foi feito no final do segundo mandato do tucano no governo mineiro.
Operando sem homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o aécioporto é de uso privado e as chaves do local estão em poder de familiares de Aécio, que precisavam ser consultados para liberar a utilização da pista.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou a parte criminal de uma representação feita pelo PT contra Aécio pela construção do aeroporto. No entanto, Janot determinou que a representação fosse encaminhada ao MPF para a avaliação. Diante dos fatos e das evidências, o MPF decidiu pela investigação por improbidade administrativa.
Família Neves quer R$ 9 milhões por terras de aeroporto
Aberta no último dia 17 de outubro, na Procuradoria da República de Divinópolis (a 50 km de Cláudio), a investigação vai “apurar possível irregularidades na utilização de recursos públicos pelo então governador de Minas, Aécio Neves da Cunha, para a construção de um aeródromo em propriedade de seu tio-avô, sr. Múcio Guimarães Tolentino”.
Em 1980, Múcio era prefeito de Cláudio. Nessa época ele abriu uma pista de terra no mesmo local, que deveria ter sido repassado para a prefeitura, o que nunca aconteceu. No segundo mandato de Aécio no governo de Minas, ele resolveu abrir licitação e desapropriar o terreno para então construir o aeroporto.
Ao escolher uma propriedade do tio para fazer a obra, Aécio aproveitou para liberá-lo de uma pendência jurídica, já que é réu numa ação do Ministério Público Estadual que tenta recuperar o dinheiro gasto pelo Estado na construção da pista de terra.
A Justiça determinou o bloqueio da área, em 2001, para garantir o ressarcimento aos cofres públicos em caso de condenação. Mas a desapropriação dá o direito da família de Aécio de receber do Estado pelo menos R$ 1 milhão de indenização, o que a família Neves contesta pedindo um valor nove vezes maior.
Com informações de agências