“É com a força que emana do povo que vamos vencer”, diz Dilma

Dilma Rousseff se reuniu com professores e trabalhadores em educação na tarde desta quarta-feira (15) na capital paulista em um grande ato político em homenagem ao Dia do Professor, onde toda a categoria voltada ao ensino declarou apoio à reeleição da atual presidenta.

Por Mariana Serafini, do Vermelho

Ato professores com Dilma - Ichiro Guerra

Mais de duas mil pessoas, de todo o estado de São Paulo, estiveram presentes. A atividade contou com a participação de autoridades políticas, líderes sindicais e representantes do movimento estudantil. Dilma homenageou os professores e agradeceu o apoio, segundo ela “o mais honroso” que recebeu nesta eleição. Confiante, afirmou que a vitória de seu projeto democrático será garantida no dia 26 com a “força que emana do povo”.

A presidenta alertou os professores sobre a importância de não permitir o retrocesso. “Não podemos deixar que volte a política de concentração de renda e desprezo por uma parte da nossa população.” Exemplificou com os casos de preconceito expressados depois do resultado do primeiro turno das eleições por parte de eleitores do Sul e Sudeste contra o povo nordestino, onde a votação em Dilma foi maior. “Recentemente esse desprezo se manifestou e eu quero manifestar meu repúdio aos que desprezaram o Nordeste.”

Dilma se comprometeu a tratar a educação com prioridade em sua próxima gestão. Segundo ela, a área recebeu bastante atenção em seu governo, mas a dedicação será ainda maior agora que os recursos vão crescer consideravelmente com os investimentos do pré-sal. Durante seu governo, foi aprovada a lei que obriga a destinação de 75% dos royalties para a educação.

A presidenta acredita que este investimento vai permitir desenvolver muitas áreas que ainda não tiveram a atenção merecida, entre elas a valorização do professor. Dilma garantiu que vai, em sua próxima gestão, debater com os professores, prioritariamente, duas demandas da categoria: a valorização salarial de carreira e a valorização da capacitação profissional, a fim de garantir profissionais capacitados e realizados com a função que desempenham.

Suprir a necessidade de professores especializados em química, física e matemática também é uma proposta de campanha. Segundo a presidenta, estas são as áreas com o maior déficit atualmente. “Acredito que um dos grandes passos para o futuro é o pré-sal, o candidato da oposição [Aécio Neves] fala mal do pré-sal, ele sempre fala 'vou acabar com o modelo de partilha'”, afirmou a presidenta ao explicar que o modelo de concessão, proposto pelo PSDB, não permite que os recursos sejam investidos no país, afinal, o lucro fica com quem “encontra o petróleo”. No modelo de partilha, implantado no atual governo, os recursos ficam para a União.

Garantir o ingresso e a permanência de jovens no Ensino Médio será um dos grandes desafios da próxima gestão. Dilma reconhece que há deficiências nesse período educacional e vai trabalhar com afinco para resolvê-las. Porém, destacou os investimentos feitos durante seu governo e o de Lula no ensino técnico. Nos últimos 12 anos os dois presidentes fizeram e entregaram 422 escolas técnicas que hoje formam profissionais qualificados para o mundo do trabalho. Durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso foram criadas apenas 11 instituições de ensino técnico.

Dilma também ressaltou os programas que facilitam o acesso dos jovens na educação superior criados durante os últimos 12 anos, entre eles o Fies e o Prouni, que permitem o acesso nas universidades particulares, além do Pronatec, que dá acesso ao ensino técnico, e do Ciência Sem Fronteiras, que promove o intercâmbio do estudante em outros países.

O desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil também é uma preocupação da presidenta que vê neste segmento uma forma de fomentar a economia nacional e colocar o país em outro patamar no campo da pesquisa, a partir de investimentos que permitam aos jovens cientistas se desenvolverem a ponto de competir diretamente com a produção científica do exterior.

Segundo Dilma, com a exploração dos Campos de Libra, o país vai arrecadar nos próximos 30 anos mais de R$1 trilhão, por isso é fundamental planificar as ações em educação que vão dar as diretrizes para o desenvolvimento do país no próximo período. A atual presidenta vê o Brasil com um futuro brilhante no campo da educação, da ciência e tecnologia.

“Nenhum programa social foi prioridade no governo de FHC, todos sabem que as universidades estavam sucateadas, sabemos que eles haviam proibido por lei o investimento em educação técnica federal, sabemos que eles condicionavam o gasto em educação aos ajustes fiscais e à política macroeconômica que eles adotaram, nós temos que comparar o que aconteceu e ver o que nós conquistamos para fazer disso uma plataforma para novas conquistas”, afirmou Dilma.


Estudantes agradecem o acesso à educação | Foto: Ichiro Guerra 

Dilma se orgulha de ter aprovado o PNE e diz que seu governo adotou os programas sociais como prioridade, ao contrário do PSDB, que “considera política social um acessório que se coloca num programa de governo para colorir”, acusou a presidenta. E acrescentou “para nós, o que nos move é a mudança e o desenvolvimento, é a política social, essa é a diferença fundamental, isso explica por que nós, ao contrário deles [PSDB], fizemos uma política de valorização do salário mínimo”. De acordo com a presidenta, durante seu governo e o de Lula o salário mínimo cresceu 73% em termos reais, enquanto Fernando Henrique Cardoso achatou os salários.

Em 2002, quando o PSDB deixou o governo federal, a taxa de desemprego ultrapassava os 11 milhões de pessoas, o Brasil perdia apenas da Índia, que na época tinha 40 milhões de desempregados. Atualmente o país conta com a menor taxa de desemprego de sua história, mesmo com a crise mundial que assola países da Europa e os Estados Unidos.

Por fim, a presidenta pediu apoio dos professores na reta final da campanha eleitoral, período que ela considerou como um “permanente combate” entre a mentira e a verdade, a esperança e o passado e acredita que com a força do povo, a verdade e a esperança irão vencer.

UNE oficializa apoio à reeleição de Dilma

“O país que transforma petróleo em educação.” Se a participação da presidenta da UNE, Vic Barros, pudesse ser resumida em uma fase, seria essa. A estudante de Letras da USP conseguiu, em poucas palavras, mostrar o que os governos de Lula e Dilma já fizeram pela educação brasileira. Reconheceu os avanços conquistados na última década que permitiram aos jovens ter perspectiva de um futuro diferente e propôs ainda mais mudanças positivas para a educação.

“Agora é preciso olhar para além, é preciso escrever novas páginas dessa história, precisamos combater o financiamento das universidades privadas e atualizar só currículos do ensino médio e fundamental”, propôs Vic. Segundo ela, os programas sociais hoje permitem que muitos jovens da periferia ingressem na universidade, mas agora é necessário garantir a permanência, com programas de assistência estudantil.

Contra o retrocesso, Vic comparou os períodos Lula e Dilma ao governo de Fernando Henrique Cardoso e afirmou que a juventude está consciente do que Aécio Neves significa para a educação. “Aécio representa o retorno ao passado e isso nós não queremos. No governo de FHC as universidades federais não tinham dinheiro nem para pagar a conta de luz. Aqui em São Paulo, sob a administração do [Geraldo] Alckmin não tem dinheiro nem para pagar o salário dos professores nas universidades estaduais.”

Comparou ainda os programas de governos dos dois candidatos à Presidência: “Para Aécio política pública para a juventude é cadeia porque ele defende a redução da maioridade penal. Para Dilma é educação, saúde, oportunidade de trabalho, ocupação dos espaços públicos”.

Na ocasião, Vic convidou as demais presidentas das outras entidades estudantis presentes, Barbara Mello, da UBES, e Tamara Naíz, da ANPG, para entregar a Dilma Rousseff uma carta de apoio das entidades nacionais estudantis à reeleição da candidata. “Os estudantes têm lado, estamos com Dilma, contra o retrocesso. Até a vitória, sempre!”, encerrou.

A presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial e São Paulo), Maria Isabel Azevedo, criticou a administração tucana em Minas Gerais, estado que foi governado pelo atual candidato Aécio Neves e tem um dos menores salários para os professores. Além disso, é o único que investe em educação um valor menor do que o previsto pela Constituição Federal. “Se tem uma categoria que sabe o que significa o desastre de uma administração tucana são os professores. Vai fazer melhor quem já está fazendo, a presidenta Dilma.”

Para os cientistas, Dilma representa o desenvolvimento e o aprofundamento das conquistas já obtidas. “Os pesquisadores deste país acreditaram em um operário para assumir a Presidência da República e acreditam agora no seu governo, presidenta Dilma”, disse a representante da Associação Nacional de Pós-Gradução, Maria Margarida Machado.

Ela lembrou o período em que a educação superior e a pós-graduação eram centralizadas apenas nas grandes capitais e destacou a importância da descentralização que aconteceu durante os governos de Lula e Dilma. “Nós somos de uma geração que precisou se deslocar para São Paulo porque não tinha como fazer pós-graduação no interior, hoje a realidade é outra.”

A presidenta da Contee (Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino), Madalena Guasco, destacou a realização das Conferências Nacionais de Educação durante o governo Lula e o que esta atitude de dialogar com os profissionais do ensino resultou para a mudança na educação do Brasil. “Isso nunca aconteceu durante o governo do Fernando Henrique porque eles têm medo do povo”, provocou.