Moçambique escolhe presidente nesta quarta-feira
Justamente no meio entre os dois turnos das eleições presidenciais no Brasil, outro país lusófono escolhe o seu presidente. É Moçambique, onde acaba de ser assinado um acordo de cessar-fogo entre os dois principais partidos. O próximo presidente, que irá substituir o atual líder, Armando Guebuza, deverá, de qualquer modo, continuar o processo de reconciliação nacional. A campanha eleitoral moçambicana terminou neste domingo (12) e o pleito ocorrerá na quarta-feira (15).
Publicado 13/10/2014 11:03
A corrida presidencial atual é marcada pelo recente confronto entre a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que se estendeu de 2012 até 2014. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, é um dos candidatos à presidência. Já a Frelimo nomeou como candidato o atual ministro da Defesa, Filipe Nyussi.
Entre os trinta partidos políticos que existem em Moçambique, mais um está tentando conquistar o poder estatal. É o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), chefiado por Daviz Simango, que antes havia sido membro da Renamo. Contudo, segundo Nina Grishina, especialista do Centro de Estudos Sociológicos e Políticos do Instituto da África da Academia das Ciências da Rússia, o foco principal está nos dois partidos históricos, apelidados de Frenamo na linguagem cotidiana do país.
“O MDM só ocupa oito lugares no parlamento, portanto, é pouco provável que torne o líder da corrida presidencial. No resto, é difícil prever o resultado das eleições, porque a vida política dos países africanos é bastante imprevisível. Porém, o partido no poder, a Frelimo, tem tradicionalmente mais chances”.
A instabilidade dos dois últimos anos minou também a confiança dos eleitores da Renamo no seu candidato, comenta Nina Grishina. Dhlakama até ameaçava com retomar ataques armados no caso da vitória de Nyussi. De acordo com a especialista, o estatuto confirmado de candidato à presidência lhe dá a imunidade, por isso ele não irá responder pela violência perpetrada pelo seu partido.
O confronto está ficando obsoleto, porque o contexto político e histórico já mudou. Quem o compreende melhor seja talvez a Frelimo, criadora, nos últimos anos, do projeto de fomento à produção nacional “Made in Mozambique”. Na semana passada, o presidente atual inaugurou a primeira fábrica de montagem de automóveis, que produzirá carros da marca Matchedje. É um acontecimento importante que cabe perfeitamente na campanha eleitoral e pode reforçar a liderança do partido no poder.
A Renamo também tenta elaborar um programa econômico que agrade aos eleitores. No seu programa de governo consta que, caso vença, serão restritas as exportações dos recursos naturais (como o petróleo e o gás), para os moçambicanos aproveitarem. Já Filipe Nyussi, seguindo o curso sugerido por Guebuza, promete reforçar a produção de hidrocarbonetos e exploração de outras fontes naturais de energia tanto para o uso interno, como para o externo.
Ambos os programas de governo destacam a importância do turismo e da proteção do meio ambiente. Este último tema é sensível também na escala internacional, visto, por exemplo, a caça ilegal de elefantes.
Da redação do Vermelho,
com informações da Voz da Rússia