Moçambique procura uma alternativa ao conflito prolongado
Em 15 de outubro, Moçambique irá eleger o seu novo presidente, após dez anos de mandatos de Armando Guebuza, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). Portanto, escolherá o seu futuro econômico e político.
Por Amarildo Torrizelli
Publicado 09/10/2014 09:56
O principal partido de oposição, Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), chefiado pelo eterno candidato Afonso Dhlakama, concordou, há duas semanas, abandonar a violência contra o exército nacional. Mas não obstante a isso, o clima político no país está denso e bastante agitado. Há relatos de violência eleitoral e surgem acusações de ambos os lados.
O palco político de Moçambique é ocupado por esses dois partidos principais, a Frelimo e a Renamo, que datam da guerra civil de 1975–1992. Na realidade, o conflito armado não terminou até agora, adotando formas de violência política. Filipe Nyusi, ministro da Defesa, concorre à presidência em vez de Guebuza. O discurso dele não difere muito do discurso do presidente atual; Nyusi permanece fiel aos princípios partidários, defendendo a reconciliação nacional e destacando os êxitos que a Frelimo alcançou, como o fomento da indústria e a política social.
Entre as promessas de Dhlakama está o aumento de pensões de aposentadoria e outros vários assuntos de vertente socioeconômica. Já no resto, ele continua o seu discurso anti-Frelimo. Houve rumores de que a Renamo poderia voltar à violência caso o partido de Guebuza tenha vitória.
Ambos os partidos trocam acusações de corrupção de impedimento do processo da reconciliação nacional.
Uma alternativa, será?
O confronto entre a Frelimo e a Renamo, uma realidade em Moçambique, tem as suas origens na guerra civil, que começou em 1975, após a independência. Mas existe outro partido, que pretende oferecer uma alternativa. O partido se chama Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e é chefiado por Daviz Simango, candidato à presidência.
O MDM foi criado em 2009 como uma dissidência da Renamo, mas não conseguiu participar das eleições daquele ano. De modo que a estreia completa do movimento será no próximo 15 de outubro. É bastante difícil, em um clima bipartidário, promover uma nova via. Se há, de verdade, uma via a oferecer.
Se no Brasil vota-se Dilma ou não Dilma, em Moçambique vota-se Frelimo e Renamo ou não Frelimo e Renamo. O discurso político atual reclama “reconciliação nacional”, um dos símbolos importantes nos termos tanto político, como social. A visão do futuro desta reconciliação é que se difere entre ambos os partidos, já meio corroídos pela corrupção e estagnação.
Contudo, votar MDM é arriscado. Como os dois candidatos dos partidos tradicionais, Daviz Simango é autoritário e faz parte do processo do pós-guerra. Em 2008, rompeu com a Renamo, que agora faz de conta que o tal MDM não existe, e continuou a briga política contra a Frelimo.
Um futuro para o povo.
No entanto, o discurso político e o povo de Moçambique permanecem em realidades isoladas. Segundo uma fonte independente, as preocupações dos cidadãos do país estão na esfera social e econômica, não na política. Os preços estão crescendo, a situação pouco segura em certas rodovias principais prejudicou os transportes, causando, por exemplo, falta de gás no norte do país.
Muita gente acredita que política não se casa com outras atividades. Tal é o caso dos acadêmicos moçambicanos, analisado pela Deutsche Welle. Segundo uns respondentes, a participação dos intelectuais no processo político pode “contribuir para o retrocesso do país” por causa do abandono, a favor da política, de outras atividades não menos importantes.
Em termos econômicos, Moçambique está planejando atrair investimentos estrangeiros. Em julho de 2014, foi assinado um Acordo de Compreensão Mútua entre esse país e a empresa petroleira russa Rosneft, que prevê, entre outras coisas, possível exploração futura de várias jazidas de petróleo.
Fontes nacionais informam também que as reservas de urânio, grafite, gás natural, carvão e outros recursos, situadas no território de Moçambique, podem contribuir para o maior desenvolvimento do país.
É importante, contudo, que o país não caia uma vez mais na colonização, desta vez pelos jogadores econômicos internacionais, seguindo o exemplo do Zimbábue.
Fonte: Voz da Rússia