Campanha de Flávio Dino monta serviço para evitar fraude
Os preparativos para as eleições da Coligação Todos pelo Maranhão envolvem um forte trabalho de fiscalização do processo eleitoral. A preocupação da candidatura de Flávio Dino (PCdoB) para o Governo do Maranhão tem origem no modo de fazer política no Estado pelo Grupo Sarney. Nas eleições de 2010, foram constatados, por intermédio de perícia e estudo, 19 mil votos suspeitos, que foram suficientes para evitar o segundo turno entre Flávio Dino e Roseana Sarney (PMDB).
Por Márcia Xavier, de São Luis
Publicado 02/10/2014 18:11
Egberto Magno, secretário de Comunicação do PCdoB estadual e coordenador da Central Antifraude, que começou a funcionar nesta quarta-feira (1º), explica que nestas eleições foi montada uma equipe para evitar qualquer possibilidade de fraude eleitoral. São dois fiscais por seção, o que soma 34 mil pessoas – e um grupo de 1.500 advogados – 300 na capital e 1.200 no interior – alertas para qualquer suspeita.
Flávio Dino empolga ainda mais na reta final de campanha
“Queremos evitar em 100% a fraude, por isso temos fiscais em todas as urnas”, garante Egberto, alertando os eleitores para comunicar aos fiscais e delegados da coligação os casos suspeitos, inclusive casos de envolvimento de servidor, mesário e até do juiz eleitoral. O delegado da coligação sabe o procedimento a ser adotado.
“A fiscalização feita por todos os eleitores, pela sociedade, garantirá a realização de eleições limpas”, avalia o presidente do PCdoB no Maranhão, Márcio Jerry.
As coordenações de campanha e militância no Estado todo estão focadas nisso com objetivo de atingir 100% dos locais de votação, explica Egberto, destacando que o exército de 35 mil fiscais e 1500 advogados trabalham de forma voluntária. E explica como a campanha de Flávio Dino conseguiu aglutinar tanta gente em torno do seu projeto político:
“O Maranhão está passando por um processo de efetiva renovação das forças política e há um envolvimento da sociedade nessa mudança, que vem de baixo para cima. O Flávio lidera essa campanha porque o “link” principal dele é com a população”, explica Egberto.
E destaca que “a gente vive sob domínio de uma oligarquia que impõe um modo de fazer política e de fazer gestão cujo resultado é a liderança negativa do Maranhão em todos os índices de desenvolvimento humano.”
“A gente precisa de uma nova forma de fazer política e de superar os gargalos sociais e as desigualdades sociais e as pessoas estão aderindo espontaneamente à campanha do Flávio; e esse amplo envolvimento vai garantir que a fiscalização seja efetiva”, observa Egberto Magno.
Votos suspeitos
Egberto Magno explica como ocorrem as fraudes eleitorais no Maranhão baseado no resultado dos estudos realizados pelo engenheiro Amílcar Brunazo, especialista em segurança de dados, que foi contratado após as eleições de 2010 para periciar o resultado das eleições. Foram detectados três indícios fortes de que houve fraude – no baixo índice de abstenção em algumas localidades, no número elevado de votos tradicionais onde existiam urnas biométricas e nos votos rápidos e tardios.
Em pequenas localidades, o índice de abstenção chegou a ser de apenas 2%, ou seja, 98% dos eleitores supostamente compareceram as urnas. Esse percentual apresenta uma discrepância muito grande diante de qualquer média estadual e nacional.
Nos municípios de Raposo e Passo de Lumiar, onde houve uso da urna biométrica, o índice de eleitores que não conseguiram votar usando o novo sistema de reconhecimento do eleitor pela digital foi de 23%, muito superior a média nacional que é de 4%. Egberto destaca que os estudos mostram que esse é mais um forte indício de fraude.
E o terceiro caso de suspeição de fraude são os votos rápidos e tardios, que são recepcionados após as 17h20. A votação deve ser encerrada às 17 horas, mas as seções eleitorais são obrigadas a receber os votos de todos os eleitores que esperam na fila, portanto é normal que haja votos depois do encerramento, mas a quantidade depois desse horário, fora do padrão médio, e de votos rápidos, geram desconfiança.
Segundo levantamento realizado pelo professor Amílcar Brunazo, foram recebidos votos até às 20 horas e eles foram computados em um tempo recorde de 24 segundos cada voto, em desacordo com a média de tempo que é de 60 segundo. Esses votos demonstrm que pessoas muito ágeis usaram a urna para o cadastro de votos.
Compra de voto
Egberto Magno também fala sobre o trabalho que será executado para evitar a compra de votos. “Em uma sociedade marcada pela desigualdade social, as pessoas ficam vulneráveis e são alvo fácil dos que fazem política pela compra do voto. Isso ainda é muito presente e forte aqui no Estado”, explica.
A coligação Maranhão de Todos enfrenta o problema de duas maneiras. Os militantes procuram conscientizar os eleitores sobre a importância do voto para favorecer o conjunto da sociedade, atendendo os interesses coletivos de educação, saúde, cultura, mobilidade etc. A segunda maneira é estimulando que seja feita a denúncia quando for detectada qualquer movimentação dessa prática.
“Vamos fazer vigílias nos municípios. As lideranças políticas vão arregimentar pessoas para observar chegada de carros estranhos nas cidades e helicópteros e encaminhar os casos suspeitos para os coordenadores que sabe como agir de acordo com a lei eleitoral”, explica Egberto Magno.
Ele explica que essas denúncias também serão recebidas pela Central Antifraude. O serviço todo envolve uma superestrutura com 20 polos regionais pra receber as informações no dia das eleições das 17 mil seções eleitorais, com dois fiscais em cada um delas, totalizando um exercito de 34 mil pessoas.
Ao final da votação, os fiscais serão responsáveis em receber os boletins de urna e enviar para os coordenadores. O serviço será feito do modo tradicional e também usando um programa de computador que fotografa o boletim em até oito cliques e ao mesmo tempo faz a soma dos votos. Com isso, será possível realizar uma apuração paralela à do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Também na Central Antifraude funcionará um serviço de Call Center, com 10 telefonistas, para receber as denúncias que serão encaminhadas para os advogados, que estarão nos 200 polos regionais, que repassarão as informações para os 1500 advogados nas sessões de votação, sendo 300 na capital e 1.200 no interior.
Primeiro caso
Uma pessoa que se apresentava como funcionário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi presa nesta quinta-feira (2) na cidade de Santa Inês. Djalma Braga Coelho foi preso em flagrante pela Polícia Civil ao oferecer a possibilidade de aumentar de 15% a 20% a votação da candidata Luana Alves (PSB).
Uma assessora da candidata denunciou à Central Antifraude que recebeu uma mensagem eletrônica de Djalma oferecendo uma possibilidade de garantir aumento na votação. Ele pedia, em troca, R$40 mil à vista e R$15 mil depois da eleição, além de 10 contratos de R$2 mil cada.
“Repassamos a denúncia ao Ministério Público, que acionou a Polícia Civil”, explica Egberto Magno, da Central Antifraude. A Polícia Civil combinou com a assessora de marcar uma reunião com o suspeito. A reunião foi gravada e Djalma, preso em flagrante.
Na conversa com a assessora, ele garantia que a fraude seria executada por funcionários da Atlântica, empresa responsável pelo transporte de urnas eletrônicas no Maranhão, e que foi denunciada pela Coligação Todos pelo Maranhão como suspeita para fazer o serviço. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não aceitou a denúncia. Djalma disse que poderia fazer a alteração nas cidades de Codó, Imperatriz, Santa Inês e São Luís. Outra pessoa que estava na companhia de, também foi presa.
Serviço:
O eleitor que presenciar alguma situação suspeita, pode interferir no processo, ligando para a Central Antifraude, no telefone (98) 3235-6565 durante 24 horas por dia. Os atendentes contarão com um corpo jurídico de apoio para tirar dúvidas. No caso do eleitor presenciar algum crime eleitoral, também pode enviar vídeo ou foto para o Whatsapp da Fiscalização. O serviço funciona no número (98) 9221-6565.
*Enviada especial do Portal Vermelho a São Luis do Maranhão