HQ ‘Volume Morto’ retrata as crises de uma São Paulo sem água
Produzido de forma independente, o quadrinho recém-lançado contém 11 histórias feitas por nove autores, além de colagens, ilustrações e serigrafia.
Publicado 26/09/2014 16:59
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São Paulo num futuro não muito distante. A água é um bem raro e seu uso é controlado. Por ser viciante, é traficada e vendida ilegalmente em mercados paralelos. A polícia tenta controlar com violência, mas cada vez mais pessoas procuram pelo produto.
“O objetivo era pegar esse tema tão atual e deixá-lo em aberto para várias interpretações”, conta Shun Izumi, um dos idealizadores e autores da HQ. “Por isso tivemos resultados tão variados, mas que conseguimos organizar sob o mesmo formato.”
Espaço aberto
A ideia da HQ surgiu durante a oficina "Trovão de Quadrinhos", que trabalhou durante três meses o processo de criação e publicação independente. Os encontros foram ministrados por Izumi e seus parceiros do Estudio 1+2, os ilustradores Benson Chin e Breno Ferreira, e aconteceram na Casa Locomotiva, um espaço de artes e cultura visual que o trio mantém com Malgueiro, que é fotógrafo.
É nessa casa, um sobrado colorido na zona oeste, que o quarteto pretende transformar mais ideias surgidas em oficinas e cursos do tipo em produções práticas, como o "Volume Morto". Inaugurada há dois meses, a Casa Locomotiva é uma mistura de galeria, ateliê e espaço de convivência.
Os parceiros, que se conheceram enquanto estudavam na Escola de Comunicações e Artes da Usp, contam que a casa é uma união de dois propósitos: um espaço para que eles desenvolvam seus trabalhos pessoais (eles ganham a vida produzindo peças para o mercado editorial e publicitário) e um local aberto para que qualquer outra pessoa também possa fazer o mesmo. “É um espaço para proporcionar não só a teoria, mas também a prática”, explica Chin.
Por enquanto, o grupo já organizou algumas oficinas e pretende inaugurar cursos regulares de moda, desenho, pintura, serigrafia, entre outras técnicas. "O foco é deixar o pessoal descobrir o que temos a oferecer e também ver o que eles têm a nos oferecer”, diz Shun Izumi.
A intenção da casa é abrir suas portas para pessoas que tenham algo a ensinar, mas não sabem em que espaço fazê-lo. “Queremos ser mais livres do que os ambientes normais que oferecem cursos e oficinas, por isso queremos a casa movimentada, cheia de ideias”, conclui Malgueiro.
Fonte: Catraca Livre