Após correção de erro, Pnad mostra queda na desigualdade no país
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na noite desta sexta-feira (19) uma correção da análise de dados e microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada na véspera, o que levou a erro em alguns resultados das estimativas. O índice de Gini, por exemplo, que mede a desigualdade no país, em 2012 estava em 0,496 e, em 2013, caiu para 0,495, o que mostra redução na desigualdade, ao invés do aumento para 0,498 divulgado na quinta-feira.
Publicado 20/09/2014 05:32
Apesar de o percentual de pessoas que ganham até um salário mínimo ter ficado em 25,2% da população ocupada em 2013, e não 24,8%, a desigualdade diminuiu porque a taxa dos que ganham de cinco a 20 salários mínimos passou de 7,6% para 7,3% entre as duas análises e os que recebem mais de 20 salários mínimos permaneceu em 0,7%.
De acordo com o diretor de Pesquisa do instituto, Roberto Luís Olinto Ramos, todos os dados puros estão corretos, mas houve um erro técnico que superestimou a população das regiões metropolitanas do país, o que influenciou em outros dados, como o índice de Gini.
"Basicamente o que aconteceu foi um erro técnico que afetou alguns estados e algumas variáveis. A pesquisa é por amostra, não cobre a população inteira. Existe um processo onde você pega a amostra e projeta com um peso. Da amostra para o todo, houve um problema restrito às regiões metropolitanas de sete estados que têm mais de uma região metropolitana, onde foi considerado o peso da região metropolitana do estado inteiro, e não apenas o da capital".
O problema ocorreu nos estados do Ceará, de Pernambuco, da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde existem regiões metropolitanas nas capitais e também em outros municípios, e levou à mudança nas análises nacionais, além das regionais.
O rendimento mensal do trabalho variou menos do que o estimado na quinta-feira: 3,8%, e não 5,7%; com isso, o valor do rendimento médio mensal ficou em R$ 1.651, e não R$ 1.681. De acordo com o coordenador de Renda e Emprego, Cimar Azeredo, isso se explica pelo fato de a renda nas regiões metropolitanas ser maior do que no interior dos estados.
"Rendimento é o que mais sofreu mudança, pois os dados da região metropolitana estavam inflados e os maiores rendimentos estão na região metropolitana. Pelo mesmo motivo, o analfabetismo aumentou, porque é maior no interior".
A taxa de analfabetismo em 2012 era 8,7% da população e caiu para 8,5%. O dado divulgado na quinta-feira foi 8,3%. A taxa de desocupação permanece a mesma divulgada, de 6,3% da população, mas o contingente de pessoas é 6,637 milhões, e não 6,693 milhões. O nível de ocupação total ficou em 61,8% da população, no lugar de 61,2%. O trabalho infantil caiu 10,6%, e não 12,3% divulgado ontem.
A presidenta do IBGE, Wasmália Bivar, pediu desculpas a toda a sociedade pelo erro, mas afirmou que, do ponto de vista significativo, os resultados não mudaram substancialmente.
Apuração
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão publicou nota na noite desta sexta-feira (19) manifestando-se sobre os erros na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O órgão anunciou que vai criar uma comissão formada por especialistas renomados e instituições independentes para analisar a consistência da pesquisa.
Ainda de acordo com o comunicado, será criada comissão de sindicância para apurar as razões dos erros e responsabilidade funcional. Caso esta última fique provada, poderão haver medidas disciplinares, informa a nota. Segundo o texto, a comissão de sindicância será integrada pela Casa Civil, pelos ministérios do Planejamento e da Justiça e pela Controladoria-Geral da União.
Agência Brasil