Fórum nacional abre debate sobre integração de favelas com as cidades
A integração entre favela e cidade foi o tema de abertura, nesta quinta-feira (11), da sessão especial do fórum nacional Visões do Desenvolvimento Brasileiro, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Publicado 12/09/2014 15:12
Na avaliação de José Carlos Cândido da Silva, presidente da Associação de Moradores da Chacrinha, no Complexo do Turano, o maior problema para mostrar que a favela é parte da cidade está ligado à área social, relativa a projetos. “Houve a pacificação e nós ainda não conseguimos chegar no social. Este é o nosso maior problema no momento”, expôs ele à Agência Brasil. No seu entender, a comunidade se ressente da falta de investimentos para tornar realidade os projetos sociais, portanto, “precisamos de pessoas para executar os projetos; de pessoal que invista nos projetos”.
Já na comunidade do Pavão/Pavãozinho, entre os bairros de Ipanema e Copacabana, zona sul da cidade, a presidenta da Associação de Moradores, Alzira Amaral, disse que a principal demanda é pelo tratamento do lixo. Ela apresentou projeto de criação do agente ecológico para conscientizar a população, “porque não adianta só limpar, e não conscientizar”. Ela defendeu melhor infraestrutura para a comunidade e a necessidade de regularização fundiária, “para que possamos ter financiamento de projetos no BNDES”.
A presidenta do Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura do Rio de Janeiro, Eduarda LaRocque, não tem dúvidas que a integração das favelas tem por base a informação qualificada e compartilhada. Segundo ela, há muita desinformação sobre o que existe de fato nas comunidades e o que elas precisam. Neste sentido, mencionou que uma grande inovação está sendo construída em parceria entre governo e favelas, que é o Manifesto do Século 21. ”É uma possibilidade de a gente fazer junto, planejar junto, pois transparência, informação, prestação de contas é o único caminho viável” para ela.
Para Eduarda LaRocque, além do BNDES outros agentes financeiros poderão se tornar parceiros e apoiar projetos das comunidades. A ideia é construir uma rede que possa financiar projetos coletivos. Ela lembra que o BNDES, por exemplo, não pode financiar custeio, mas pode apoiar infraestrutura urbana. “Então, a gente está tentando, de forma inteligente, casar demanda com fontes alternativas de financiamento”. Ela acredita que em 2015 “o dinheiro vai chegar”.
O músico Carlos Henrique Medeiros, o Henrique Saggaz, integra o movimento Rede Coletiva da Rocinha, criado e desenvolvido por jovens moradores da comunidade – englobando atividades artísticas e artesanais – que resolveram se unir em torno de uma cooperativa de produção cultural e empreendedorismo solidário. O objetivo, disse Saggaz, é levar aos possíveis novos parceiros uma estrutura adequada e mecanismos que possibilitem praticar as ações existentes na comunidade.
“O objetivo direto é uma galeria de arte, que vai funcionar com dois polos: o Centro de Arte, Cultura e Entretenimento da Rocinha e o Centro de Empreendedorismo Solidário, nos quais, por meio da arte e da cultura a gente possa inserir jovens profissionais no mercado de trabalho”. Ele destacou que vários setores produtivos de arte e cultura nas favelas não têm visibilidade. Por isso, é preciso levar qualificação para as comunidades, de modo a que novos profissionais possam entrar no mercado e alcancem desenvolvimento sustentável para “levar qualidade de vida e manter, de forma permanente, suas atividades”.
Fonte: Agência Brasil