As novas estratégias militares russas diante das ameaças da Otan
A lei da física da ação e reação, desenvolvida por Isaac Newton no século XVII, se encaixa muito bem agora em 2014 para a estratégia militar da Rússia, diante das novas e crescentes ameaças da Otan.
Por Jorge Petinaud
Publicado 03/09/2014 10:17
A realidade iminente da presença das tropas da Aliança do Tratado do Atlântico Norte em países vizinhos obriga os russos a atualizarem seus planos defensivos, segundo confirmou Mikhail Popov, membro do Conselho de Segurança do país.
Ele lembrou vários pontos de tensão nesta relação atualmente, como a implantação, pelos Estados Unidos, de escudos antimísseis na Europa, sem as garantias se tais dispositivos irão afetar ou não diretamente Moscou.
Da mesma forma, depois da vantagem estratégica que o Ocidente adquiriu com a desintegração da União Soviética e o fim do Pacto de Varsóvia, Washington e seus aliados vêm tentando ampliar sua zona de influência entre os ex-membros da Aliança Socialista.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rassmusen, confirmou recentemente a proposta de se implantar bases militares permanentes em países do leste europeu que fazem fronteira com a Rússia.
Usando como pretexto a crise na Ucrânia, Estados Unidos e seus aliados voltaram a propagar o fantasma da ameaça russa. E com essa justificativa, segundo Rassmusen, será realizada a cúpula da Otan no País de Gales, na quinta-feira (4) e na sexta-feira (5), para discutir a aprovação da implantação dessas forças e a criação de um grupo de reação rápida, composto por 10 mil homens, que serão preparados para um possível confronto com Moscou.
Figuram na lista dos países engajados neste projeto o Reino Unido, a Holanda, o Canadá, a Dinamarca, a Noruega e as antigas repúblicas soviéticas da Lituânia, Letónia e Estónia, que também ofereceram seu território para acolher um centro de guerra cibernética contra o Kremlin.
Os planos incluem encaminhar para estes locais aviões de guerra, tanques, armamento pesado e unidades navais.
As sanções impostas pelo Ocidente e a recente proibição da exportação de componentes necessários para certos tipos de mísseis russos explica também quais são as reais intenções.
Um dos autores da estratégia militar da Rússia, o ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Yuri Baluyeski, acredita ser importante considerar que existem novas ameaças, não necessariamente as militares, que podem colocar a segurança nacional em risco.
De acordo Baluyevski, é essencial estudar a natureza e os mecanismos da guerra de informação que, muitas vezes, acompanha golpes ou tentativas de desestabilização de um governo.
“Dentro da estratégia militar, o Estado deve definir as medidas para evitar tumultos como os que aconteceram em maio de 2012 em Moscou”, salientou Baluyevski. “São ações políticas e econômicas, juntamente com um obrigatório investimento nas forças de segurança”.
Após a reunificação da Rússia e da Criméia, com o apoio de 96,77% dos eleitores em um referendo, a nova estratégia deve deixar muito claro que uma agressão contra o local será considerada como um ataque a toda a Federação Russa.
Prensa Latina