Farc-EP descartam depor armas imediatamente
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (01), as Farc-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) asseguraram que não vão depor as armas imediatamente, e, tampouco, se desmobilizar. A guerrilha também afirma que os Diálogos de Paz não estão na reta final, contradizendo afirmações do governo do presidente Juan Manuel Santos que anunciou a criação de um comando transitório para “supervisionar a desmobilização da guerrilha e entrega das armas”.
Publicado 02/09/2014 11:48
A transição anunciada por Santos prevê a criação de um comando dentro das Forças Armadas, liderado pelo general Javier Flórez, para tratar especificamente do tema do “fim do conflito, que inclui o cessar-fogo definitivo e a deposição de armas sem alterar o ciclo normal das conversas”. As ações militares contra a insurgência também continuarão durante o processo transitório.
O negociador chefe das Farc-EP, Ivan Márquez, criticou nesta terça-feira (2) a medida, que classificou como “uma ficção de atrevida argumentação, já que nenhum desses assuntos foi tema de debate das conversas". Em nota, os insurgentes pediram que o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, viaje “em caráter de urgência” para a realização de uma reunião com o objetivo de “esclarecer o sentido do que foi pactuado e retomar o tom bilateral [das negociações de Havana]” que, segundo os guerrilheiros, devem primar no processo em andamento.
O aumento da temperatura nas negociações coincide com o início da 28ª rodada de conversas que debate o tema das vítimas no marco do conflito. As Farc afirmaram que não aceitam uma hierarquia militar para resolver assuntos que são de caráter político por definição e que “aspectos tão importantes como a deposição de armas também implicam a desmobilização da sociedade e do Estado”.
A guerrilha criticou ainda que “altos funcionários do governo estejam criando a sensação de que com a visita das primeiras vítimas do conflito e a presença do general Javier Flórez e de um grupo de coronéis (…) a entrega de armas e a desmobilização da guerrilha” seja um fato sem que se avance nas “mudanças sociais, econômicas e políticas que pede o país”.
Governo colombiano
Em resposta ao pedido das FARC, o ministro Cristo anunciou que não viajará a Cuba e reafirmou que as partes estão na reta final do processo de paz, como divulgou o jornal colombiano El Espectador.
Mais duro, o ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, pediu que as FARC “falem menos” e se dediquem a negociar o fim do conflito armado. “Esta gente deveria falar menos e se dedicar a negociar com os delegados do governo lá em Havana. Deveriam rapidamente entender que o povo colombiano já não tem tolerância à sua violência, a seu discurso e às suas opiniões”, disse durante um ato em Bogotá.
Ele ressaltou ainda que “já é hora de que entendam que isso acaba com uma desmobilização e a entrega de armas, e quanto mais rápido o façam, melhor será entendido pelo povo colombiano”.
Fonte: Opera Mundi