Dilma mostra segurança e realizações em debate na TV
Como era de se esperar, Dilma Rousseff, candidata à reeleição, foi o alvo preferido no primeiro debate entre os presidenciáveis na TV Bandeiras, nesta terça-feira (26).
Do Portal Vermelho, Dayane Santos
Publicado 27/08/2014 17:21
Apesar do bombardeio, Dilma mostrou segurança e convicção nas realizações de seu governo. O tucano Aécio Neves tentou mostrar que pode ser o líder que a direita tanto quer, e Marina, por sua vez, quando explorada em suas contradições, tentou se pendurar nas manifestações de junho de 2013.
Foram quase três horas de debate que avançaram na madrugada desta quarta-feira (27). Os candidatos responderam até duas perguntas por bloco, o que levou a um embate direto entre Dilma, Marina e Aécio.
Aécio repetiu no debate a cantilena da campanha – e da grande mídia – de “crise inflacionária” e ainda disse que o governo Dilma colhe os frutos da estabilidade econômica do governo FHC. Dilma rebateu: “Em três anos e oito meses, nós já criamos 5 milhões e 800 mil empregos, mais do que vocês criaram em oito anos”.
Aécio fingiu que não ouviu e seguiu dizendo que o governo Dilma perdeu a confiança dos investidores. “A verdade é que o governo do PSDB quebrou o Brasil três vezes. Os números não podem ser enganosos. O fato é que o governo PSDB cortou salários e deu tarifaços”, bateu novamente Dilma.
Na vez da presidenta perguntar, ela dirigiu-se a Aécio lembrando que o governo de seu padrinho FHC enfrentou a crise arrochando salários e com desemprego recorde e questionou se ele tinha outras medidas “impopulares”, fazendo referência a declarações do tucano que diz não temer a impopularidade para fazer o “ajuste fiscal”. Aécio floreou a sua resposta dizendo que era um elogio ser comparada com FHC, mas saiu pela porta dos fundos em relação às “medidas impopulares”.
Sentindo que seu discurso não colou, em suas considerações finais, Aécio mostrou seu desespero dando um recado direito ao sistema financeiro dizendo que, se eleito, Armínio Fraga seria o seu ministro da Fazenda.
Discurso contraditório
Na estratégia de se colocar como a “terceira via” e tentando durante todo o tempo pegar uma carona nas manifestações de junho do ano passado, Marina foi questionada por Aécio sobre as alianças políticas. A candidata do PSB disse que seu governo seria o oposto de Dilma e Aécio, o que classifica como “velha política”, mas na mesma resposta declara que para tal, gostaria de contar com pessoas como Lula e Fernando Henrique Cardoso.
A tática de Marina é dissociar Lula da presidenta Dilma e criticá-la, passando a ideia de que a presidenta não representa a continuidade do governo Lula e, portanto, as conquistas sociais e econômicas dos últimos três anos e meio não existiram.
Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB). |
Tentando mostrar controle, mas visivelmente incomodada com a pergunta, Marina minimizou dizendo que Neca é uma educadora e nivelou: “O Guilherme faz parte da elite, mas os ianomâmis também. A Neca é parte da elite, mas o Chico Mendes também é parte da elite”. Marina ainda completou dizendo que o Brasil precisa de “mais elites”.
Elite de Marina
A existência de uma elite no Brasil é um fato. Que o Brasil precisa ser governado para todos também é. Mas é preciso definir de que interesses o governo estará a serviço. Enquanto Dilma e Lula ressaltam que o Brasil deixou de ser um país de alguns poucos privilegiados para se tornar um país de todos. Marina propõe o inverso no debate afirmando que o Brasil precisa de “mais elites” e seu plano de governo revela o peso que a sua aliança atribui à “elite” do sistema financeiro tem em seu projeto.
Com o debate, a campanha ganha novos elementos e reforça outros. A mídia continua a insuflar Marina e pesquisas de intenção de voto começam a pipocar por todos os lados. Aécio já disse que em 20 dias vai reverter o quadro contra Marina nas pesquisas, que dão vantagem a ela em relação ao tucano. E já deu a largada nesta quarta-feira (27), durante inauguração de comitê em que qualifica Marina como amadora e ironizou o assédio da candidata aos gurus econômicos do PSDB.
Enquanto isso, a presidenta Dilma segue a sua campanha mostrando que o Brasil cresceu, melhorou a renda, gerou mais empregos e vai continuar mudando.