Contagem prepara-se para abrigar polo nacional da indústria da defesa
O Brasil tem criado, nos últimos anos, condições para fomentar a expansão da indústria da defesa. Incentivos e marcos regulatórios buscam encorajar fabricantes e fornecedores para que se integrem ao processo de transformação do país, fortalecendo o mercado interno na produção de equipamentos e segurança. E Contagem está se valendo do momento e do seu vasto parque industrial para fomentar a indústria da defesa na cidade e na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Publicado 26/08/2014 11:56 | Editado 04/03/2020 16:49

Para isso, em sintonia com esse processo em razão da vocação industrial e da diversificação do seu parque, Contagem realizou nesta sexta-feira (22), o seminário: A Participação da Indústria de Contagem e de Minas Gerais nos Projetos Estratégicos da Indústria da Defesa do Brasil. Durante a manhã, o seminário abordou as ações e as políticas públicas que vem sendo adotadas no país para atrair indústrias envolvidas com pesquisa, tecnologia, produção e serviços no âmbito da Indústria da Defesa.
De acordo com prefeito Carlin Moura, em seu discurso de abertura da solenidade, Contagem – juntamente com as cidades que compõem o Vetor Oeste – está criando condições para se tornar um polo nacional da indústria de defesa. "Sabemos que Contagem tem capacidade para ampliar seus arranjos produtivos e atender a base da indústria brasileira e nacional. A idéia é aproveitar as empresas já instaladas no município".
Segundo o prefeito, o município possui, dentre outras empresas de ponta, uma indústria de metal e mecânica competitiva e moderna; um setor elétrico e de pesquisa tecnológica desenvolvido e uma série de instituições de ensino e pesquisa. "Além da cadeia produtiva consolidada, Contagem dispõe de fatores que possibilitam a atração de empresas, como mão de obra qualificada, infraestrutura adequada e logística favorável. Isso significa que o município está pronto para expandir seu mercado", destacou Carlin Moura, anfitrião do evento.
Dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e de Segurança (Abimde) mostram que as companhias que atuam no mercado de defesa geram, juntas, cerca de 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos, movimentando mais de US$ 3,7 bilhões/ano, sendo US$ 1,7 bilhão em exportação, e US$ 2 bilhões em importação. A expectativa é que esses números possam dobrar nos próximos 20 anos devido aos grandes projetos anunciados pelo governo federal.
Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, professor Mauro Borges – que abriu a palestra: Política Industrial, Científica e Tecnológica para Defesa Nacional – o investimento no setor é imprescindível para o crescimento da economia. "Nós já temos um marco regulatório bastante competitivo, baseado numa competição aberta para as empresas privadas. Portanto, estamos preparando o país, com uma legislação moderna, flexível, segura juridicamente e que possibilita a vinda do capital estrangeiro. Contudo, para que ela tenha sucesso em sua implementação e mantenha nossa independência tecnológica em relação ao mercado estrangeiro, é fundamental incentivar o desenvolvimento das bases produtivas dos fornecedores. É, neste momento, que entram as oportunidades e potencialidades de Contagem e da Região Metropolitana", explicou.
Além do ministro Mauro Borges, estiveram presentes no seminário o secretário de Produtos de Defesa, Murilo Marques Barbosa, representando o ministro Celso Amorin, o vice-presidente da Fiemg, Marco Antônio Soares da Cunha, o secretário-adjunto de Estado de Desenvolvimento Econômico, Antônio Macedo, além de autoridades políticas, oficiais das forças armadas e empresários.
Um dos convidados do evento, o diretor de desenvolvimento da Seva Engenharia Eletrônica, João Marcelo Raties, lembrou que esse é um mercado que cresce no mundo inteiro e no qual os componentes têm alto valor agregado. De acordo com ele, o ideal seria promover a atração de montadoras para o município que fariam o papel de consumidoras da indústria de autopeças já instalada."A promoção deste seminário é de fato um incentivo para o crescimento do mercado, o que é muito bem-vindo para nós, empresários".
Seminário apresenta blindado Guarani
A Iveco apresentou ao público do seminário o VBTP-MR Guarani, blindado desenvolvido em parceria com o Exército Brasileiro para substituir os modelos Urutu e Cascavel, que estão em operação há mais de 40 anos nas Forças Armadas. Para produzir o blindado, a Iveco inaugurou em 2013 uma unidade de Veículos de Defesa no Complexo Industrial de Sete Lagoas/MG. A criação da unidade representou a criação de 350 empregos diretos e 1400 indiretos, além da ativação de uma vasta cadeia de fornecedores nacionais para fabricar o Guarani.
"A produção do Guarani é um marco para a indústria da defesa brasileira porque mostra que o país tem condições de desenvolver equipamentos de alta tecnologia e competir no mercado mundial", afirma Giovanni DAmbrosio, diretor industrial da fábrica de Veículos de Defesa da Iveco em Sete Lagoas. Além de GPS e ar-condicionado, o VBTP-MR Guarani tem sistema automático de detecção e extinção de incêndio, capacidade de operação noturna de série e tecnologias que dificultam sua localização pelos inimigos. A fábrica de veículos de defesa em Sete Lagoas é a única do gênero inaugurada pela Iveco fora do continente europeu. A experiência mundial da marca na fabricação de veículos do gênero é de mais de 75 anos.
Contagem
Contagem abriga todos os setores da indústria, dentre elas metalurgia, mecânica, borracha, química, construção civil e extração mineral. A cidade está em permanente processo de investimento em novas tecnologias e pesquisas para atrair novas indústrias para o município. Contagem oferece um parque tecnológico diversificado, desburocratização para alvarás, localização privilegiada e investimento em educação, com universidades e forte ensino técnico profissionalizante, com a Fundação de Ensino de Contagem (Funec). A cidade é a terceira economia do estado, sendo a segunda em geração de empregos.