Na Nicarágua, UNE, Ubes e ANPG debatem os desafios da educação
Com muita alegria os jovens nicaraguenses estão recebendo o movimento estudantil de toda a América Latina para o 17 º Clae, que acontece na Universidade Nacional de Ingenuaria (UNI), na capital da Nicarágua. É esperada a participação de 5 mil estudantes de mais de vinte países do continente no evento que começou no domingo (17) e vai até a quinta-feira (22).
Publicado 20/08/2014 16:18
Na última terça-feira (19) as entidades estudantis brasileiras participaram de três mesas que debateram questões importantes para uma educação transformadora.
A presidenta da Ubes, Bárbara Mello, participou na mesa que enfatizou o livre ingresso, o bem estar estudantil e a permanência. A líder dos secundaristas afirmou que o acesso ao ensino superior tem sido democratizado muito nos últimos anos no Brasil. Ela elencou alguns mecanismos dessa mudança, como a Lei das Cotas e o ProUni. “A expansão do ensino técnico também é muito importante. O jovem tem uma profissão antes mesmo de entrar na faculdade”, ressaltou. Para ela a formação técnica é ainda uma forma de independência para o Brasil dos EUA e países imperialistas. Ela reafirmou a necessidade de mais políticas de assistência estudantil para sustentar esses avanços.
Bárbara destacou ainda, como reflexo da democratização do ensino, o fato de pela primeira vez na história do Brasil os eleitores graduados serem mais numerosos que os analfabetos que votarão no pleito do próximo dia 12 de outubro no nosso país. Os dados são do TSE.
A presidenta da UNE, Vic Barros, apresentou um panorama da educação brasileira na mesa que discutiu financiamento e gratuidade da educação como dever do Estado. Vic afirmou que a constituição brasileira de 1988 já superou esse debate assegurando a educação como pública e gratuita. Ela ressaltou que o confronto no setor sempre foi entre o público e o privado.
A universitária relembrou o governo neoliberal da década de 90 que arquitetou uma “privatização branca”, com o sucateamento do ensino público, e o espaço livre para o crescimento do ensino privado. Além disso, na época o ensino técnico foi esquecido. “Desde que o Lula assumiu temos melhorado, apesar de ainda termos muitas contradições. Porém, saímos de um patamar de 20 milhões para 90 milhões no investimento da educação”, destacou.
Vic ressaltou também a nacionalização do sistema de ingresso no ensino superior e as cotas para estudantes oriundos de escolas públicas como medidas importantes para a democratização do ensino. Ela lembrou da dificuldade do financiamento que pela primeira vez na história pode ser superada agora, com as conquistas suadas do movimento estudantil dos royalties do petróleo, do Pré-Sal e a aprovação do Plano Nacional de Educação que garante o encaminhamento de 10% do PIB para o setor.
A presidenta da ANPG, Tamara Naiz, afirmou na mesa que debateu a necessidade de regulação do ensino privado, que as entidades estudantis brasileiras já entenderam o poder da educação no processo de inclusão, do fim da pobreza e no respeitos às mulheres.
Ela também lembrou as consequências nefastas das mudanças neoliberais que pararam de investir nas universidades públicas. “Não é à toa que é brasileiro o maior grupo educacional do mundo, o Kroton, que lida com o ensino como uma mercadoria”, disse.
Tamara lembrou da necessidade de regulamentação da graduação e da pós-graduação para que somadas às conquistas recentes de financiamento, o movimento estudantil e educacional possa de agora em diante lutar por questões muito mais avançadas.
Participaram ainda de mesas do 17º Clae representando o Brasil, Flávio Franco, diretor da ANPG, o professor Luciano Rezende, e a Pró-Reitora de Relações Internacionais da Unila, Giselle Ricobom.
Por Cristiane Tada, no Portal da UNE