Comunidade indígena Wichí denuncia ataque violento da polícia
Os moradores do Território indígena Wichí, de Ramón Lista, em Potrillo, Formosa (Argentina), vivenciaram horas de terror. Na manhã do último dia 28 de julho, a pequena comunidade foi invadida por cerca de 70 policiais, que deixaram um rastro de violência, roubo, destruição, agressões e detenções arbitrárias. Somado a isso, médicos de Formosa se negaram a atenderem às crianças Wichí atacadas e, na delegacia, houve recusa no atendimento para denunciar a repressão policial.
Publicado 15/08/2014 12:28

Informações do Serviço em Comunicação Intercultural – Servindi dão conta de que a invasão aconteceu um dia após os indígenas terem flagrado um homem, de nome Pila Tedin, cercando um pedaço de terra dentro do território indígena com sua família. A Associação de Povos Indígenas advertiu o homem e denunciou o caso à polícia, mas não obteve qualquer tipo de resposta. Assim, diante da falta de ação das autoridades, no dia 27 de julho, os indígenas retiraram a cerca com uma motosserra.
Na manhã do dia 28 de julho, 11 caminhonetes invadiram a Comunidade Cacique El Colorado. Os policiais que desceram dos carros dispararam contra as casas, depois entraram em algumas delas e retiraram as crianças à força. As quatro crianças maiores foram levadas para um dos carros e agredidas. Os adultos também sofreram agressões e alguns foram atingidos por armas de fogo.
Cinco homens, dentro eles os quatro irmãos Avelino (cacique da comunidade), Esteban, Manuel e Ricardo Tejada foram presos sob graves acusações, como roubo com arma de fogo, atentado e resistência à autoridade e obstrução de ato judicial. Por estar ferido, Ricardo estava internado no hospital de Formosa, mas se encontrava algemado à cama.
As esposas dos indígenas detidos foram à delegacia de Potrillo para reclamar sua libertação, mas elas sequer foram atendidas e não puderam registrar queixa sobre o que aconteceu. Enquanto todos estavam foram da comunidade, os invasores terminaram o trabalho de destruição e roubo dos pertences das famílias.
Ao recorrerem ao hospital de Formosa, mais descaso. Segundo denúncia de Rita Venturino, postada no site da Rede Latina Sin Fronteras, os médicos se recusaram a atenderem às crianças wichís, que foram agredidas durante a invasão. Nem mesmo as crianças que apresentavam cortes, contusões e inchaços receberam atendimento.
Após os episódios, os indígenas realizaram atos para denunciarem a invasão e o descaso. No último dia 4 de agosto, com o apoio e a solidariedade de organizações indígenas, estudantes universitários, trabalhadores e defensores de direitos humanos, foi realizada uma manifestação nas proximidades da Casa de Formosa, sede do governo da província, para denunciar a repressão policial e o plano sistemático de extermínio da população indígena. Também foi pedida a libertação de todos os indígenas presos arbitrariamente.
A Associação de Povos Indígenas denunciou que a "cruel e violenta” operação aconteceu em virtude das ordens de detenção e invasão dadas pelo juiz de Las Lomitas, Francisco Orella, e sob as instruções do ministro de Governo, Jorge González, violando a Lei Nacional de Emergência 26.160, que suspende as desocupações das terras ocupadas tradicionalmente pelas comunidades indígenas.
Fonte: Adital