"Manchetômetro" revela corrupção da esfera pública, diz pesquisador
"A concentração dos meios de comunicação é o maior problema da democracia brasileira nos dias de hoje (…) O que assistimos é um verdadeiro golpe, uma corrupção da esfera pública", declarou à Rádio Vermelho João Feres Júnior, coordenador da pesquisa "Manchetômetro" e professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo
Publicado 04/08/2014 13:31
João Feres Júnior explica que o Manchetômetro tem o objetivo de analisar a cobertura midiática das eleições de 2014, com destaque para o pleito presidencial. Os meios de comunicação investigados pela pesquisa são os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo e o Jornal Nacional, programa de notícias televisivo mais popular da TV aberta brasileira.
Jornais têm lado
João Feres Júnior pontuou que qualquer um que possua senso crítico verifica que há um forte viés na cobertura dos jornais pesquisados em torno da política.
"Enquadramento de fofoca"
O pesquisador, que também é coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Laboratório de Estudos de Mídia e Espaço Público (LEMEP), falou sobre a receita de enquadramento que é aplicada pelos jornais e destacou que "há uma disposição, por parte da mídia, de reportar a política segundo um enquadramento que é quase de fofoca. Isso aconteceu na cobertura de 2010 está se repetindo este ano".
Corrupção da esfera pública
Ao falar sobre os reflexos da cobertura dos jornais estudados, João Feres Júnior ressaltou que ela se converte em um verdadeiro "golpe na democracia".
E mais: "Temos uma mídia que está completamente partidarizada, fazendo absurdos. Ou seja, a grande mídia brasileira é, nos dias de hoje, a grande responsável pela maior corrupção que existe no país, que é a corrupção da esfera pública".
Metodologia da pesquisa
João Feres Júnior também falou sobre a metodologia de trabalho aplicada na pesquisa e pontuou que a proposta tem como meta analisar as capas dos jornais, tendo em vista que elas possuem um poder comunicativo muito maior do que as notícias do miolo da publicação.
O gráfico abaixo, por exemplo, mostra o tipo de enquadramento feito pelos jornais pesquisados no período dos primeiros sete meses de 2014.
"A manchete, as chamadas e as fotos da capa são os elementos comunicativos mais vistos na publicação, seja pelos assinantes e seus familiares, pelas pessoas que compram os jornais nas bancas ou mesmo pelas pessoas que circulam todos os dias em frente às bancas de revistas, onde as capas dos jornais diários são expostas para a apreciação pública", explicou o pesquisador.
Acompanhe a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: