Cooperação econômica entre Brasil e China entra em nova etapa

A visita oficial do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil resultou na possibilidade, afirma a agência Xinhua de notícias, de "cada vez mais chineses saborearem a carne bovina brasileira e mais brasileiros provarem a eficiência das ferrovias chinesas". Como afirmaram os líderes dos dois países durante a visita, em 17 de julho, a cooperação econômica e comercial bilateral entra em uma nova etapa. Leia a seguir o artigo da Xinhua, publicado nesta terça-feira (29).

Xi Jinping e Dilma - Reprodução

O Brasil foi a primeira escala da viagem de Xi pela América Latina, e a visita coincidiu com o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. No dia 17 deste mês, ambos publicaram uma declaração conjunta prometendo aprofundar sua parceria estratégica abrangente, indicando que a China retiraria o embargo à carne bovina do Brasil. Segundo a imprensa brasileira, o ministro da Agricultura Neri Geller estimou que o país exportará para a China até US$ 1 bilhão do produto em 2015.

Em uma entrevista exclusiva à Xinhua antes da visita, o embaixador brasileiro em Pequim, Valdemar Carneiro Leão, expressou sua expectativa sobre a medida, porque "o Brasil vê a China como um grande mercado promissor".

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Quanto à construção de ferrovias, a declaração conjunta indica que os dois lados encorajam a participação de empresas chinesas na licitação de projetos ferroviários brasileiros. Além disso, no mesmo dia, China, Peru e Brasil emitiram uma declaração conjunta sobre a cooperação em uma via férrea que enlaça a costa pacífica peruana com a atlântica brasileira.

Durante a visita de Xi, os dois lados assinaram 56 documentos de cooperação, incluindo um memorando de entendimento para fortalecer a cooperação no transporte ferroviário entre a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, o mais alto órgão de planejamento econômico do país, e o Ministério dos Transportes do Brasil.

Os trens chineses já estrearam no Brasil durante a Copa do Mundo, como um cartão do transporte ferroviário chinês. Trens EMU e de metrô fabricados na China pela Empresa de Veículos Ferroviários de Changchun CNR representavam 80% da capacidade de transporte ferroviário no Rio de Janeiro durante o evento.

Segundo Leão, o Brasil espera a participação chinesa na construção da infraestrutura no país, especialmente nas áreas de logística e ferrovias, pois a China neste aspecto tem muita experiência e grandes empresas.

Além de carne e ferrovia, a visita de Xi trouxe outro grande assunto para a cooperação comercial, o de aviões. Conforme os acordos fechados durante a visita, a Tianjin Airlines e a ICBC Leasing compraram 40 e 20 aviões E190 da Embraer, respectivamente.

Na opinião de Adriana Abdenur, professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, a visita serviu para consolidar as relações econômicas e políticas entre os dois países, sobretudo com a intensificação dos investimentos chineses na infraestrutura brasileira e na exportação de produtos de maior valor agregado, tais como aviões da Embraer, para a China. "A diversificação da pauta de exportações irá permitir uma relação de maior equilíbrio", disse.

A China tem sido a maior parceira comercial do Brasil durante cinco anos consecutivos. No ano passado, o comércio bilateral ultrapassou US$ 90 bilhões e o Brasil tornou-se o nono maior parceiro comercial da China. Mas o Brasil vem esperando exportar mais produtos de alto valor agregado à China, além dos produtos agrícolas e minerais. Durante a visita, em seu discurso no Congresso Nacional do Brasil, Xi pediu que os dois países ampliem o comércio, elevem a proporção de produtos de valor agregado e lidem com conflitos comerciais de forma adequada.

Xi também pediu que os dois lados aumentem os investimentos entre si, desempenhem a função de motor financeiro e impulsionem uma série de projetos de cooperação estratégica. Segundo Abdenur, a construção de ferrovia é um dos projetos. Ela acha que a Cooperação Sul-Sul entre os dois países se realizarão por meios mais concretos e que "as relações com a China significam novas oportunidades de aprendizado, intercâmbio e benefícios concretos" para o Brasil.

Por sua vez, o embaixador Leão acha que o comércio bilateral está com toda a energia e o investimento chinês no Brasil será o maior em toda a América Latina. "Acredito em uma maior e mais promissora presença de investimento chinês no Brasil", apontou o embaixador, acrescentando que a China estará em poucos anos entre os cinco ou sete principais países de investimento no país.

Durante a visita, o Banco de Importações e Exportações da China, Banco da China e Banco Industrial e Comercial da China, assinaram documentos para financiar empresas brasileiras.

No discurso no Congresso Nacional, Xi usou a palavra "de céu a mar" para descrever a diversidade das áreas da cooperação pragmática bilateral. Na área econômica e comercial, a visita já estendeu a cooperação com "carne", "ferrovia" e "avião", para que entre assim em uma nova etapa.

Fonte: Xinhua
Tradução da Rádio China Internacional