Economia da Ucrânia no limiar da bancarrota
A economia da Ucrânia continua em linha descendente. Esta é uma das conclusões da agência de rating Standard & Poor’s, que baixou bruscamente o prognóstico para a economia ucraniana.
Por Tatiana Golovanova, na Voz da Rússia
Publicado 18/07/2014 17:43
Segundo os dados mais recentes, o PIB descerá, até ao fim do ano, não 3, mas 7%. Além disso, os peritos da agência não veem mesmo hipóteses de abrandamento da crise ucraniana num futuro próximo. Alguns consideram mesmo que esse prognóstico é demasiadamente otimista.
O que irá acontecer à economia ucraniana? Nem o mais sábio dos economistas poderá, por enquanto, dar uma resposta a essa pergunta. Apenas é clara uma coisa: Kiev não conseguirá sair da crise brevemente. Isto é confirmado pelos prognósticos econômicos em constante mudança das novas autoridades. Claro que no sentido da deterioração. Por exemplo, o gabinete de ministros tenciona piorar o prognóstico de redução do PIB até 6-6,5% este ano. Com semelhantes indicadores, as promessas de Yatsenyuk de que o crescimento da economia ucraniana começará já dentro de um ano não são muito convincentes, declara Roman Andreev perito da OOO KFS-Grupp:
“Nos próximos anos, as perspetivas da economia ucraniana não são muito boas. Primeiro, Kiev perde o mercado russo. Segundo, os preços do aço e do trigo, que a Ucrânia exporta, descem. No país têm lugar ações militares de envergadura, o que também não joga a favor da economia do país. A economia da Ucrânia não consegue rapidamente abandonar os números negativos”.
Entretanto, o gabinete de ministros ucraniano aumentou também os prognósticos da inflação, chegando a 19%. Na primavera, o prognóstico da inflação (12% até ao fim do ano) foi um choque para os habitantes da Ucrânia. Mais próximo do verão, tornou-se evidente que este não é o limite máximo. O perito Vladimir Rozhankovsky fala das causas do aumento da inflação:
"Devido à queda da grívnia, a inflação agravar-se-á. Aqui funciona um cálculo puramente econômico. Quanto maior é a parte das mercadorias importadas no cesto do consumidor, maior é a inflação. É muito difícil fazer o que quer que seja com isso, porque a economia, não obstante tudo, é de mercado. Por isso, não será possível superar agora a inflação na Ucrânia. Mas há ainda mais um fator que deve ser lembrado. A Ucrânia recebeu empréstimos estrangeiros, nomeadamente do FMI. Mas, presentemente, a parte leonina desses empréstimos não foi utilizada para estabilizar a situação financeiro-fiscal no país, mas vai para a aquisição de armamentos”.
A guerra arrisca a transformar definitivamente a economia ucraniana em lixo financeiro, assinalam os peritos. Além disso, podem surgir problemas com os credores que têm o direito de fechar a torneira da ajuda financeira a Kiev devido a despesas com outros fins. Mas se não fecharem, a Ucrânia enterrar-se-á durante muito tempo em dívidas. Pois o Ocidente não pratica caridade e todos os empréstimos são feitos a juros altos.
Até ao fim do ano, a dívida pública da Ucrânia atingirá o ponto crítico dos 60% do PIB. O que devem esperar os ucranianos simples? Esperar um aumento ainda maior de preços, a redução dos programas sociais e uma queda ainda mais profunda da grivna. Os peritos, neste caso, aconselham uma coisa: açambarcar produtos. E investir as poupanças no imobiliário, porque, nas atuais condições financeiras, os bancos podem rebentar um após outro. E, com eles, os planos de evitar a bancarrota.
Fonte: Voz da Rússia