Tropas de Israel invadem Gaza; mais de 160 palestinos mortos em 6 dias
A Força Aérea israelense já lançou cerca de mil toneladas em bombas na Faixa de Gaza, atingindo mais de 1.100 “alvos” em todo o território, o que inclui residências, matando mais de 160 pessoas, inclusive dezenas de crianças, desde que foi lançada oficialmente a operação “Margem Protetora”, há quase uma semana. O governo israelense mantém dezenas de tanques e milhares de tropas na fronteira, e uma invasão terrestre já foi confirmada, no domingo (13).
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho
Publicado 13/07/2014 13:56
Enquanto a mídia internacional ainda noticiava ataques aéreos que mataram mais de 20 pessoas, na manhã de sábado (12), outro ataque, no fim do dia, o mais fatal até agora, contra a residência do chefe de polícia Tayseer Al-Batsh, matou 18 pessoas de uma só vez, de acordo com o jornal israelense Haaretz.
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Entre os palestinos mortos desde que a ofensiva aérea recebeu um nome – bombardeios israelenses já tinham sido noticiados há mais tempo – estão mais de 80 civis, inclusive cerca de 30 crianças. O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou, porém, que não pretende ceder à pressão internacional por um cessar-fogo e que o bombardeio só cessará quando houver “tranquilidade” no território israelense próximo a Gaza. Cerca de 20 mil reservistas estavam em alerta, na iminência de uma invasão terrestre, segundo o Haaretz.
Os cerca de 630 foguetes já lançados por militantes do território palestino densamente habitado e completamente bloqueado, desde 8 de julho, não causaram vítimas fatais entre os israelenses. Enquanto isso, a agência de notícias Reuters divulgou um vídeo do ataque aéreo de Israel à residência do oficial de polícia, que além de matar 18 pessoas, também deixou 45 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
A agência palestina de notícias Maan noticiou, entretanto, que comandos israelenses invadiram o norte da Faixa de Gaza na madrugada deste domingo, em uma missão para destruir foguetes de longo alcance, que poderiam alcançar Tel-Aviv, Jerusalém e Hadera, no norte. “Uma operação do comando naval ocorreu na praia de Gaza, nesta manhã, com o objetivo de atingir bases de lançamento de foguetes de longo alcance,” disse o tenente-coronel Peter Lerner à imprensa, no que classificou de uma operação “bem sucedida”.
Caminhões transportam tanques israelenses para a fronteira com a
Faixa de Gaza, na iminência de uma ofensiva terrestre. (Foto: AFP)
Emissoras de rádio locais relataram que houve confrontos armados entre palestinos e soldados israelenses, enquanto a ofensiva terrestre foi ordenada horas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas emitir uma declaração instando Israel e o Hamas – partido à frente do governo de Gaza e que o governo israelense classifica de “organização terrorista” – a um cessar-fogo.
"Advertências" a civis antes dos bombardeios
A Força Aérea israelense tem emitido "advertências" a civis ordenando que deixem suas casas e outros locais próximos ou que coincidam, alegadamente, com pontos de reunião de militantes – “terroristas” – ou de armazenamento de material bélico, uma prática sugerida pelo direito internacional humanitário. No campo de refugiados de Jabaliya, Youssef Qandil e seu filho Anas, ainda no colegial, saíram para buscar refúgio após receberem um aviso, mas acabaram atingidos por um ataque aéreo que mirou nos residentes abrigados sob uma árvore e foram mortos, de acordo com a Maan.
Em operações anteriores, no que críticos veem como a “lição de casa” feita pelas autoridades israelenses, diversas medidas também foram tomadas para contornar o direito internacional humanitário. É o caso dos avisos por rádio, panfletos e telefonemas, em que o Exército de Israel ordena aos civis que deixem suas casas ou outros locais na região prestes a ser bombardeada, advertindo que, caso não o façam, são responsáveis pelas consequências. “Você foi avisado!”, concluía um panfleto lançado desde aviões, na operação Chumbo Fundido, que durou 22 dias, entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, matando mais de 1.400 pessoas.
Já na ofensiva atual, fontes locais citadas pela Maan relatam “disparos de aviso” feitos por drones – veículos aéreos não tripulados – israelenses, para que os residentes deixem suas casas ou os locais a serem bombardeados. A “advertência” é seguida pelo disparo de um míssil desde um caça F-16 que destrói completamente o alvo em casos como o da casa da família al-Kaware, que teve oito membros mortos – inclusive seis crianças – no início da operação, em 8 de julho. Enquanto isso, uma declaração emitida na sexta-feira (11) pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU afirmava que Israel "poderia" estar violando o Direito Internacional ao alvejar as casas de civis.