Publicado 11/07/2014 09:33 | Editado 04/03/2020 16:26
Cá pra nós, como torcedor contido estaríamos contentes apenas com o pentacampeonato, uma conta redonda, somada com glória acima dos demais competidores. Porém a roda do mundo segue e lá vamos nós para a décima oitava disputa, agora em gramados da Alemanha, o Brasil favorito. Não fez muito, deixou a desejar; passou pelo Japão, Austrália e Croácia na primeira fase e esbarrou na França, engasgado com um indigesto gol. Ao final, acomodou-se num quarto lugar, italianos campeões, franceses no segundo degrau. E nenhum brasileiro na tal seleção da Copa.
Na derrota para os franceses o Brasil jogou com Dida, Cafu (Cicinho), Lúcio, Juan, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Zé Roberto, Juninho Pernambucano (Adriano), Kaká (Robinho), Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno. O treinador era Carlos Alberto Parreira. No elenco, predominava a estrangeirada. De casa, Rogério Ceni (São Paulo) que jogou oito minutos; Ricardinho (Corinthians), atuando vinte e seis minutos; e Mineiro (São Paulo) que sequer entrou em campo.
Quatro anos depois, rumo à África do Sul levando trinta e dois atletas sob a batuta de Dunga. Os principais: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan, Michel Bastos, Gilberto Silva, Felipe Melo, Daniel Alves, Kaká, Robinho, Luis Fabiano e Nilmar. A escolha do craque da Copa recaiu no uruguaio Diego Forlan e na seleção estavam os brasileiros Maicon e Lúcio. Júlio César, Juan e Robinho ganharam espaço na consoladora seleção “B”.
Enfim a Copa do Mundo novamente no Brasil. Fora do campo, muita celeuma, atrasos nas obras dos estádios, protestos de rua, manifestações pacíficas infiltradas de baderneiros, vândalos e aproveitadores politiqueiros em ano eleitoral. Lá dentro das arenas (uma mudança que não funcionou) muita cor, vibração, a garra dos pequenos ora desinibidos e a volta pra casa mais cedo dos grandes. Afora dentadas e pontapés e a joelhada que deixou nosso ídolo de fora.
Quando a bola começou a rolar a fúria amainou e o time brasileiro não correspondia à euforia do povo, carnavalescamente onipresente. Um time frio, apático, com rendimento abaixo do esperado ou mesmo da sua capacidade. Imaginava-se a seleção canarinho tal o pássaro, imbatível em sua própria gaiola. Qual nada! O que se viu foi um time perdido, inseguro, ultrapassando os obstáculos às duras penas. Atravessamos a primeira fase sem a bola nos pés e com o coração na mão. E para completar perdemos Neymar Júnior, posto a pique por uma nau inimiga da frota colombiana. Mas pra frente é que se navega. Com o peito erguido e na cabeça a lembrança do acidente com o rei Pelé, na Copa do Chile, em 1962. Garrincha e Amarildo cerziram o estrago tcheco.
Intervalo. Até aqui a crônica havia sido escrita no final de semana, esperando o jogo contra a Alemanha para a devida conclusão. Havíamos até pensado em escrever dois desfechos distintos, como se fazem com as novelas de tevê. Só que o final feliz estava nos pés dos jogadores. Infelizmente nos dos adversários, que fazer… Tudo bem que uma derrota está inevitavelmente no caminho, mas não precisava ser tão fragorosa. E agora não adianta chorar o leite derramado, apontar culpados, eleger bodes expiatórios.
De nossa parte respeitamos a dor dos outros que também é nossa. E desculpem não termos ânimo para comentar, agora, esta campanha como temos feito com as outras copas. Deixemos para mais adiante. Pedimos passagem para chorar.
*Audifax Rios é artista plástico e colunista do O Povo
Fonte: O Povo
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