Artesãos da Feira Hippie de Ipanema faturam até 50% mais com a Copa

Feira de artesanato mais popular do Rio de Janeiro tem recebido muitos turistas estrangeiros durante o Mundial de futebol.

Orlando Bezerra

Basta dar uma volta pela praça General Osório, no Rio de Janeiro, num domingo, para perceber: os turistas estrangeiros estão por toda a parte. Bom para os artesãos da Feira Hippie de Ipanema, que expõem e comercializam seus produtos toda semana no local. Alguns deles estão faturando até 50% mais do que o normal durante a Copa do Mundo.

É o caso do artesão Orlando Bezerra, de 80 anos. Ele pinta telas com temas típicos do Rio de Janeiro, como favelas coloridas. “É o que a gente mais vende. O pessoal gosta muito”, afirma ele, habitué da feira de Ipanema praticamente desde o seu início, em 1968. Seus quadros custam de R$ 100 a R$ 700 e ele tem vendido de todos um pouco. “Os mais baratos são os que mais saem, claro, mas mesmo os mais caros a gente vende mais fácil agora. Tenho vendido 50% mais do que o normal durante a Copa.”

Mesmo que a grande maioria dos artesãos não fale inglês ou qualquer outra língua, dão um jeito de se comunicar com a clientela. Todos andam com um bloco de papel e uma calculadora na mão. As ferramentas são fundamentais para informar o preço das peças e até calcular o valor na moeda do país dos turistas.

O americano Fred Welsh veio de Los Angeles para passar 20 dias no Brasil durante a Copa do Mundo. Aprendeu a jogar futebol com seu pai, um militar reformado, na Alemanha e segue o esporte desde então. É seu terceiro Mundial – assistiu cinco partidas no estádio – e o que mais está gostando.

“A mídia americana pintou um quadro muito irreal da Copa do Mundo no Brasil. Quem lesse os jornais teria a certeza de que nada iria funcionar. Mas o Mundial foi muito bem organizado. Os estádios estão bonitos, há transporte público e a sensação de segurança é boa. As pessoas são muito amáveis e simpáticas, sempre dispostas a dar informações. Fico triste em pensar que alguns fanáticos por futebol podem ter desistido de vir ao Brasil por causa dessas notícias. Para mim foi uma Copa inesquecível no país do futebol”, disse o americano, que voltará para os Estados Unidos nesta semana.

Fred comprou uma tela com o calçadão de Copacabana pintado por R$ 100 depois de andar por toda a praça e admirar o trabalho de centenas de artesãos. “Sempre que viajo procuro comprar alguma obra de arte que tenha relação com o país que visito. Aqui o artesanato é muito bonito e em conta. Prefiro muito mais comprar uma tela dessas do que alguma coisa que tenha o logo da FIFA. Para mim é muito mais significativo sobre uma Copa do Mundo”, explica.
Boa perspectiva

A expectativa dos artesãos é vender ainda mais até o final do evento. “O movimento da feira aumentou bastante nesses dias de Copa do Mundo. Mas a gente vê que muitos dos turistas estrangeiros que vem aqui ainda estão olhando, pesquisando, deixando para comprar depois com o dinheiro que sobrar. Acho que até o final da competição as vendas ainda vão melhorar”, acredita o artesão Pedro Paulo de Jesus, que vendeu a tela para Fred.

A Feira Hippie de Ipanema funciona das 7 horas às 19 horas todos os domingos. Diversos ônibus de todas as regiões do Rio de Janeiro passam pela praça General Osório e o metrô tem uma estação ali. Os artesãos vendem roupas, bolsas, joias, tapeçaria, enfeites, quadros. Também há barracas de alimentos, como acarajés. Em dias de jogos da Copa do Mundo no Rio de Janeiro, os torcedores de diversos países têm se concentrado no local antes de partir para o Maracanã.

Fonte: Portal da Copa