Após provocações, senador diz que EUA querem cooperar com a China

Na véspera do diálogo de estratégia e economia China-EUA, nesta quinta-feira (26), a comissão de diplomacia do Senado estadunidense realizou uma reunião sobre o tema e analisou os 35 anos de  relações diplomáticas entre os dois países. O contexto é o das críticas contra a interferência dos EUA na região Ásia-Pacífico, conforme determinado pela política externa norte-americana, apesar dos apelos da China pelo respeito à sua soberania e pela busca por estabilidade e cooperação.

Comando Ásia-Pacífico dos Estados Unidos - US Army

Na reunião da comissão parlamentar, o assessor responsável pelos assuntos da Ásia Leste e do Pacífico do Departamento de Estado dos EUA, Daniel Russel, fez uma retrospectiva dos 35 anos de relações com a China, considerando-as "estáveis" neste período.

Atualmente, os dois países já estabeleceram um relacionamento "bastante flexível", continuou o senador. "Os EUA buscam evitar uma 'luta estratégica' [e promover] uma 'competição justa e saudável' entre as duas partes", disse ele, apesar da recente intensificação da presença militar estadunidense na região e da interferência em disputas regionais, sobretudo territoriais.

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Ao falar da cooperação econômica, Russel afirmou que o papel maior da China na região Ásia-Pacífico está em "complementaridade" com a estratégia contínua dos EUA. Entretanto, diversas análises acadêmicas observam uma política que mira na "contenção" da China para a consolidação da liderança norte-americana também naquela região.

Já sobre a relação militar, Russel disse que a meta dos EUA é construir uma cooperação "contínua e concreta", esperando uma transparência maior na despesa militar e na construção de um exército chinês moderno. O Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (Sipri) estima que, em 2013, os Estados Unidos continuavam liderando nos gastos militares mundiais, com US$ 640 bilhões (R$ 1,4 trilhões), e a China estava em segundo lugar, com um gasto 3,4 vezes menor, de US$ 188 bilhões (R$ 414 bilhões).

O senador revelou que, durante o novo diálogo, os EUA e a China avaliam os progressos do relacionamento bilateral e estipulam objetivos sobre a situação regional e internacional, explicam políticas para coordenar e cooperar nas questões relacionadas a ambos os lados, assim como controlar de forma construtiva as divergências através do diálogo de alto nível.

Já nesta quinta, o conselheiro de Estado da China Yang Jiechi reuniu-se com uma delegação do Conselho Americano de Política Estrangeira liderado por Richard Myers, ex-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA.

A delegação estadunidense foi convidada pelo Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China, e Yang disse esperar que o conselho desempenhe um papel positivo para promover um entendimento compreensivo e objetivo da China e das suas relações com os EUA. Myers garantiu que o conselho está disposto a ser um canal para fortalecer a comunicação e o entendimento bilateral.

Um dos temas que atraíram mais atenção na reunião foi a questão da soberania no Mar do Sul da China e o Mar Oriental, com disputas territoriais em que os EUA têm interferido, em oposição às posições chinesas, embora Russel tenha dito que o seu governo não toma posição e favorece as negociações diplomáticas.

Recentes declarações e medidas norte-americanas foram classificadas pela China como provocações dos Estados Unidos, como a realização de exercícios militares na região e o fortalecimento de relações com países em disputa territorial com a China, no âmbito das novas diretrizes da política externa norte-americana para a região Ásia-Pacífico.

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da Rádio China Internacional