Preso político nos EUA segue em luta pela descolonização de Porto Rico
Preso há 33 anos por lutar pela liberdade de sua pátria. Esta é a realidade de Oscar López Rivera, um preso político portorriquenho inconformado com a situação de colônia na qual permanece Porto Rico. Aos 71 anos, Rivera luta por sua libertação e também segue cultivando o sonho da libertação de sua pátria das garras estadunidenses. No marco de seus 33 anos de detenção, escreveu uma carta para o jornalista José A. Delgado, a quem incumbiu de difundi-la.
Publicado 07/06/2014 12:42

O líder independentista foi preso e condenado pelo delito de sedição, pois era membro do grupo ilegal Forças Armadas de Liberação Nacional (FALN). Também foi acusado pelo ataque com bombas ao famoso restaurante Fraunces Tavern, em Nova York. Rivera nega sua participação nesse atentado e assegura que não tem sangue em suas mãos. Suas penas somam 70 anos.
Em 1999, o então presidente estadunidense, Bill Clinton, manifestou que Rivera deveria ser libertado em 2009, no entanto, o portorriquenho negou a oferta, já que outros companheiros independentistas seguiriam presos. Atualmente, é o único membro da FALN que continua encarcerado. Há mais três anos, apresentou uma petição de clemência ao presidente Barack Obama pedindo sua liberdade.
Hoje, Rivera é o preso político portorriquenho há mais tempo na prisão, no entanto, outros independentistas também amargaram várias décadas nos cárceres estadunidenses, como Carlos Alberto Torres (mais de 30 anos), Dom Oscar Collazo López (29 anos), Rafael Cancel Miranda (27 anos), Lolita Lebrón e Irving Flores Rodríguez (25 anos), Andrés Figueroa Cordero (24 anos), além de outros que saíram com a permissão de Bill Clinton, mas ainda passaram quase 20 anos presos.
Apesar da idade e da limitação em que se encontra por estar preso, Rivera segue em resistência e ainda alimenta a esperança de ver Porto Rico ser descolonizada.
"Devemos enfrentar a verdade e lidar com ela. Como portorriquenhos temos que aceitar o fato de que Porto Rico é uma colônia e de que o colonialismo é inaceitável para a maioria dos portorriquenhos e para a maioria das nações no mundo. Se aceitamos essa verdade, então devemos estar dispostos e preparados a despontar um projeto de descolonização. Esse projeto deve fazer um chamado à unidade de todas as facções do movimento independentista e dos elementos progressistas que veem a necessidade de criar nossa própria nação”, defende Rivera.
Na carta, o portorriquenho também pede a colaboração dos Estados Unidos e da comunidade internacional, em especial dos países da América Latina, para que assumam suas responsabilidades e se comprometam a ajudar na implantação desse projeto. "Temos que definir o papel da diáspora porto-riquenha”, pede.
Rivera coloca como preocupação o legado que será deixado para as futuras gerações, já que mais de 100 anos de colonização frustraram o desenvolvimento da ilha e fizeram com que se acumulassem dívidas e problemas sociais, políticos e econômicos. Diante disso pede um enfrentamento conjunto do problema a fim de que o próprio povo encontre uma solução. "Descolonizemos nossas mentes e espíritos e convertamo-nos em cidadãos de Porto Rico”, encoraja ele na carta.
Fonte: Adital