Eduardo Guimarães: Resposta à calúnia da revista IstoÉ
Se fosse calcular quanto despendi para manter este Blog desde 2005, provavelmente desistiria de editá-lo. Não só pelo custo com hospedagem da página na internet, com deslocamentos e ligações telefônicas para apuração de matérias, mas com o tempo gasto para produzir tudo o que o Blog da Cidadania produz há cerca de nove anos.
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
Publicado 02/06/2014 13:58
Aliás, minha atividade como blogueiro sofre oposição da família há anos, pois esposa e filhos acham que eu deveria me dedicar mais ao trabalho remunerado por conta de minha quarta filha, Victoria, de 15 anos, que padece de grave enfermidade neurológica e que, portanto, requer considerável dispêndio de recursos financeiros.
Porém, como representante comercial autônomo sou dono do meu tempo e, assim, não abro mão desta empreitada já quase decenal. Este Blog faz com que me sinta útil à sociedade. Após passar 4/5 da vida sentindo-me amordaçado como tantos outros brasileiros, e ainda tendo que ver esses grandes grupos de mídia mentirem, deturparem fatos, é um bálsamo poder finalmente dizer o que penso, divulgar o que julgo necessário e saber que muitos leem.
Ao longo de quase uma década como blogueiro, de alguns anos para cá passei inclusive a receber propostas de veiculação de publicidade nesta página, o que me permitiria inclusive uma dedicação maior a este trabalho. Além de publicidade oficial que praticamente todo veículo jornalístico recebe, eu poderia pôr aqui publicidade do Google – que sempre rende um bom dinheirinho – e, inclusive, pedir doações aos leitores, como fazem tantos blogueiros.
Como tenho que trabalhar em outra atividade para me sustentar, como mantenho sempre o mesmo ritmo como blogueiro há muitos anos – em geral, um post por dia – e por saber que, se transformasse este blog em um negócio acabaria tendo que dispender mais tempo com ele, sempre recusei ofertas de veiculação de publicidade oficial – isso mesmo, já recusei inúmeras ofertas, inclusive de órgãos públicos.
A única coisa que aceitei, ao longo dos anos, foram as ofertas de doação dos leitores. Generosamente, eles vêm me ajudando a manter a página, mas todas as doações foram feitas por oferta deles após eu mencionar, há alguns anos, que estava com dificuldades porque, com o crescimento da audiência, o blog estava saindo do ar com frequência porque eu não podia pagar servidores mais parrudos para arcar com o imenso banco de dados e os acessos crescentes.
Contudo, como não institucionalizei o processo de doações de leitores como tantos outros blogs fazem, em geral as pessoas acabam esquecendo de doar e fico constrangido em “cobrar”.
Poderia, por exemplo, colocar aquele recurso que permite aos leitores doarem com cartão de crédito, do qual seria debitado mensalmente um valor. Mas o fato é que sinto certo constrangimento e acabei empurrando com a barriga e nunca oficializando pedidos de doações. Assim, arrecado bem menos do que poderia.
Já deveria ter inclusive colocado propaganda do Google. O desenvolvedor desta página diz que com a audiência que tem o Blog eu levantaria um bom dinheirinho. Contudo, vou sempre empurrando com a barriga e acabo não fazendo.
Pois bem: há mais ou menos uns 3 meses, recebo ligação no celular de uma moça de uma agência de publicidade dizendo que a Prefeitura de Guarulhos queria anunciar no meu Blog. Diferentemente de outras vezes, até por conta das dificuldades causadas por expressivo aumento que a empresa que hospeda esta página aplicou, disse à moça que “tudo bem”.
Passaram-se várias semanas e eis que recebo e-mail da mesma agência com a proposta de veiculação de campanha da Prefeitura de Guarulhos neste Blog. Assim, no dia 4 de abril, pela primeira vez desde 2005, passei a divulgar publicidade de um órgão público. A primeira campanha foi de 30 dias. Em maio, foi renovada.
Não conheço ninguém da Prefeitura de Guarulhos. Não conheço o prefeito, não conheço o secretário de Comunicação. Ninguém, absolutamente ninguém. Nunca me reuni com ninguém. Nunca falei ao telefone com ninguém.
A esta altura, alguns dos leitores desta página devem ter tomado conhecimento de matéria da edição desta semana da revista IstoÉ que, de forma leviana e até criminosa, acusa este Blog e a revista Fórum de integrarmos um “Bunker da calúnia” montado pela Prefeitura de Guarulhos para atacar Aécio Neves.
A matéria mistura este Blog e a revista Fórum com caso recente envolvendo uma servidora da Prefeitura de Guarulhos que postou críticas ao pré-candidato a presidente da República Aécio Neves usando os computadores daquele órgão público, o que é ilegal. A Folha de São Paulo divulgou o caso com grande estardalhaço, como sempre defendendo tucanos.
Todavia, casos assim, envolvendo servidores de órgãos públicos que decidem fazer política na internet usando equipamentos públicos, são comuns.
No fim do ano passado, a então ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, divulgou nota comentando ofensas sofridas por ela em dois perfis do Facebook (“Gleisi Indelicada” e “Gleisi Não”), que acabaram desativados pela rede social após determinação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Informações do próprio Facebook dão conta de que as páginas eram financiadas por José Gilberto Maciel, cargo comissionado da Agência Estadual de Notícias (AEN), o órgão de comunicação oficial do Governo do Estado do Paraná.
Há, também, o caso envolvendo o filho do tucano Xico Graziano, que trabalha no Instituto Fernando Henrique Cardoso e que vinha disseminando informações falsas sobre um dos filhos do ex-presidente Lula usando os computadores do IFHC.
O filho de Graziano disseminava pela internet boatos contra Lulinha dizendo-o sócio da Friboi, dono de um jato executivo da Gulfstream e de uma grande propriedade rural. A foto da propriedade utilizada na fraude é, na verdade, da sede da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), faculdade localizada em Piracicaba e ligada à Universidade de São Paulo. Tampouco existe jatinho algum e obviamente o filho de Lula não é sócio da Friboi.
Apesar de esses casos de uso de equipamentos públicos contra petistas não terem despertado a fúria da mídia tucana, o caso da Prefeitura de Guarulhos provocou uma revolução na mídia.
Tudo começou com matéria do jornal O Globo traçando o perfil de nove blogueiros – entre os quais, este que escreve – que entrevistaram Lula no dia 8 de abril deste ano. O Globo mencionou o banner da Prefeitura neste e em outros blogs que entrevistaram o ex-presidente, insinuando, por exemplo, que um banner que está aqui há cerca de 45 dias é a razão de tudo que esta página publica, apesar de ser a primeira publicidade oficial que este Blog teve em 9 anos.
Enfim, a matéria de IstoÉ configura calúnia e difamação desde o título. Renato Rovai, editor da revista Fórum, já adiantou que estuda medidas judiciais contra a IstoÉ. Este Blog ainda irá avaliar. Até porque, milhares de pessoas que leem esta página há quase uma década sabem muito bem que ela nunca teve publicidade oficial além dessa que aqui está há um mês e pouco.
Não existe maior preocupação inclusive com investigação da Prefeitura de Guarulhos que o PSDB conseguiu abrir no Ministério Público usando como desculpa o caso da servidora daquela administração que fez bobagem e que inclusive já foi demitida. Podem procurar à vontade que não encontrarão nada ligando esta página ao caso.
A matéria da IstoÉ não é jornalismo, mas um release para o PSDB e para Aécio Neves, que se diz “caluniado” por este Blog por ter, em 2012, respondido a ataque que o hoje pré-candidato tucano fez à época ao presidente Lula, chamando-o de “chefe de facção”.
A matéria desta página que a IstoÉ cita como ofensiva a Aécio Neves alude ao noticiário de 2011, quando o tucano foi parado no Rio de Janeiro em uma blitz da lei seca e teve sua carteira de motorista apreendida por se recusar a fazer o teste do bafômetro. Abaixo, vídeo de matéria da Globo sobre o assunto.
A matéria da IstoÉ causa indignação por fazer afirmações sobre o que não pode ser provado – que este Blog ou a revista Fórum publicam o que publicam por serem pagos pela Prefeitura de Guarulhos – e, mais do que isso, por a revista não ter se dado ao trabalho de ouvir aquela prefeitura, este blogueiro e a Fórum e, de forma mentirosa, dizer que tentou nos ouvir.
Não ouviu coisa nenhuma. IstoÉ não me procurou, não procurou Renato Rovai e desconfio de que tampouco procurou a Prefeitura de Guarulhos.
Seja como for, minha preocupação com esse caso é zero. Não sou filiado ao PT, não presto serviços ao PT, não recebi proposta de veiculação do banner daquela prefeitura sob condição alguma. E se eu prestasse serviços ao PT, seria absolutamente legítimo. Mas nunca tive esse tipo de relação com partido nenhum, com administração pública nenhuma.
Mas, claro, há que avaliar muito bem a matéria da revista. Nos próximos dias, encaminharei à publicação um pedido de explicações e a minha versão dos fatos, além de levar a cabo as consultas jurídicas que se fazem necessárias. Vários jornalistas da grande mídia vêm caluniando blogueiros que simpatizam com Lula, Dilma e o PT e isso já foi longe demais.