PCdoB-CE reúne pré-candidatos para orientar campanhas eleitorais
Um dia para pensar, organizar e debater as campanhas eleitorais. Foi este o objetivo do “Seminário Eleições 2014 – Orientações para candidatos e eleitores”, realizado no último sábado (31/01), pela direção estadual do PCdoB-CE. Na pauta central, desafios da comunicação, questões jurídicas e financeiras das campanhas. Participaram do encontro pré-candidatos, assessores e dirigentes comunistas.
Publicado 01/06/2014 07:37 | Editado 04/03/2020 16:26
Luis Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB-CE, iniciou a programação do seminário apresentando um balanço político nos cenários nacional e estadual. Em sua intervenção, ele discorreu sobre a ampla campanha midiática visando à criação de um clima de instabilidade política no país. Paes citou a forma como foi divulgado, no dia anterior, o crescimento da economia no primeiro trimestre deste ano, 0,2%, se comparado ao trimestre anterior, e de 1,9% em relação ao primeiro trimestre de 2013, que é o correto, do ponto de vista estatístico.
“A comparação de dois trimestres seguidos não é razoável, pois desconsidera os efeitos sazonais. Ou se compara os doze últimos meses ou os trimestres correspondentes de cada ano. O crescimento tem sido pequeno nos últimos anos e uma das principais causas reside na aplicação de uma política monetária conservadora, pregada pela própria mídia. Ou seja, a mídia pressiona o Banco Central para aumentar os juros, o que leva ao desaquecimento da economia, e agora reclama dos efeitos da medida que ela mesma o defendeu. Curioso, não? Na realidade, se trata de desgastar o governo, às vésperas da eleição, tentam construir uma imagem de que o Brasil estaria numa crise profunda, à beira do abismo, este é o jogo, temos uma disputa bastante acirrada que já está ocorrendo”, avalia.
Luis Carlos Paes ratifica que, “apesar do pouco crescimento”, o país tem mostrado avanços na política econômica, coisa que a mídia tenta ocultar. A redução da taxa de desemprego, que atingiu seu menor índice histórico desde que foram iniciadas as medições; o aumento real do salário mínimo e do poder de compra da população são dados inquestionáveis, garante o comunista.
“Vai ter Copa”
As manifestações contra a realização da Copa no Brasil também foram citadas por Paes. Segundo ele, os movimentos estimulados pela mídia denotam que a realização dos jogos no Brasil “parecem ser os responsáveis pelos 514 anos de problemas do país”. “Nunca as manifestações tiveram tanto espaço nos telejornais que o fazem hoje para estimular novas manifestações e atos violentos promovidos por grupos de mascarados sem representatividade política e por gente ligada ao tráfico de drogas e ao crime de uma maneira geral. As reformas dos estádios não interferiram nos investimentos em saúde nem em educação. A realização da Copa tem sido uma oportunidade de antecipar obras importantes, como as de mobilidade urbana, que já deveriam ter sido executadas há anos. Algumas foram concluídas, outras estão em estágio avançado e todas ficarão para o benefício de nossa população após o fim dos jogos”, defende.
E o “jogo pesado” que a base aliada que compõe a esquerda irá enfrentar nas próximas eleições não é só contra os adversários, mas contra a própria mídia oligopolizada. “Por isso temos que estar comprometidos, atentos e preparados. Nosso papel nas próximas eleições será também de aprofundar os debates, propor saídas, defender as reformas estruturais. Temos que nos fazer ouvir, realizar um amplo debate de ideias sobre o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, nas mídias sociais e junto aos movimentos populares e no parlamento”, reforça Paes que acrescenta: “aumentar a nossa representação parlamentar e institucional neste ano eleitoral é o grande objetivo deste encontro”.
No cenário estadual, Luis Carlos Paes reafirmou o projeto eleitoral estadual do PCdoB: a reeleição de Inácio Arruda para o Senado e de Chico Lopes e João Ananias para a Câmara Federal, além de triplicar a bancada de deputados estaduais comunistas na Assembleia Legislativa.
Sobre a composição da chapa majoritária, o dirigente informou sobre o diálogo que vem sendo travado com os diversos partidos que compõem a base de apoio do governo de Cid Gomes para discutir o projeto eleitoral para este ano. “Estamos participando deste ciclo de debates que foca em temas como educação, segurança pública, saúde, infraestrutura, cultura, esporte, turismo, desenvolvimento econômico e desenvolvimento agrário. O objetivo destes encontros é refletir sobre o que foi realizado nos últimos sete anos, os avanços, as deficiências e iniciar uma discussão sobre novos caminhos a serem percorridos, visando aprofundar as mudanças para fazer o Ceará crescer mais rápido e com mais justiça social”, informa.
Paes citou ainda os dez encontros realizados pela Caravana Vermelha, nos últimos 45 dias, nas mais diversas regiões do Ceará, quando a direção estadual do PCdoB teve a oportunidade de conversar diretamente com os dirigentes municipais, vereadores, lideranças populares e pré-candidatos. Foram temas de debate a situação política atual e o projeto eleitoral, definindo metas e tarefas para cada município. “Estes encontros nos deixaram bastante animados ao perceber que os camaradas estão mobilizados e dispostos a contribuir coletivamente com o projeto comunista”, avalia.
Desafios da Comunicação
Após a abertura política, o publicitário Mauro Panzera apresentou algumas ferramentas de marketing político que podem ser utilizadas nas campanhas eleitorais, dentre elas a internet e as mídias sociais. “Talvez esta seja a eleição com o maior antagonismo e carga ideológica dos últimos anos, coisa que só costumamos ver no segundo turno”, destaca.
O secretário executivo de comunicação do PCdoB-CE alertou sobre a brevidade da campanha. “Será um período eleitoral curto, pois teremos uma Copa realizada no Brasil no mesmo período. Vai ter Copa e vai ter campanha”, reforça. Além disso, ele pondera sobre o intervalo pós-Copa e início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. “Neste período, televisão e rádio serão monopolizados pela oposição restando as mídias sociais e as ruas para a nossa campanha”, alerta.
Panzera reforçou a necessidade de os candidatos conhecerem o perfil do seu eleitor, a importância de que planejem suas ações e deixem claro o posicionamento que terão ao logo deste período. “Nestas eleições polarizadas, é importante demarcar terreno”, defende.
Internet: “Amor e Guerra”
Thallis Cantizani, assessor de mídias sociais do mandato do deputado federal Chico Lopes, também reforçou a importância que a internet terá nas próximas eleições. “As redes sociais vão romper o cerco midiático. Será através delas que teremos uma batalha um pouco mais democrática onde, de certa forma, campanhas com menos recursos poderão se equiparar às mais bem estruturadas. A internet surge como alternativa de custo reduzido para amplificar este trabalho”, considera.
Cantizani apresentou dados que potencializam a importância da internet nos embates eleitorais: a média de acesso do brasileiro é, em média, de 3h39 minutos diários; 26% dos brasileiros, cerca de ¼ da população, estão diariamente conectados; 13,1% dos brasileiros buscam informações na internet todos os dias e a fonte mais requisitada é o facebook; e o maior público que acessa as redes sociais está na faixa etária entre 18 e 26 anos, jovens eleitores. “Números como estes nos apontam o protagonismo que a internet terá nos embates. É importante estarmos conectados não só como candidatos, mas também como militantes”, defende.
Segundo o assessor de mídias sociais, a tática de uso das redes será a defesa “entre o Amor e a Guerra”. “Temos que estar municiados com materiais, informações e ousadia. E não basta falarmos em quantidade, mas devemos em nossos materiais apostar no conteúdo. Fazemos parte de um projeto político maior e isto também deve ficar claro para os eleitores. O desafio está em nos apresentarmos com criatividade, credibilidade e propostas”, defende.
Além do facebook, foram citadas ferramentas como o youtube e o whatsapp como meios de alcançar e conquistar o eleitor. “Em disputa política não há espaço vazio. Se você não ocupá-lo, chega outro e pega seu lugar”, alerta Cantizani.
Durante o debate foram levantadas questões sobre as especificidades de cada campanha, de cada região e ainda do perfil do eleitor a ser conquistado. Durante a tarde, a abordagem foi em torno dos aspectos legais, cuidados para não infringir a legislação eleitoral e ainda a questão financeira das campanhas com o advogado Ramon Galvão e o economista Antonio Soares.
De Fortaleza,
Carolina Campos