O embargo econômico dos EUA a Cuba pode estar próximo do fim

“É hora de iniciar um novo capítulo nas relações dos Estados Unidos com Cuba, o momento de começar é agora”, disse o presidente da Câmara do Comércio do país norte-americano, Thomas J. Donohue, durante uma Conferência Magistral na Aula Magna da Universidade de Havana, em Cuba. Diante de estudantes e autoridades políticas, Donohue fez votos para que – como estão acontecendo mudanças na economia cubana – comece um período de transformação na relação entre os dois países.

Thomas Donohue em Havana - Ricardo López Hevia/ Diario Granma

“Com base no que temos visto, consideramos que este período de transição no sistema econômico [de Cuba], será também possivelmente de transição em nossas políticas, isso é muito promissor para ambos os países”, disse.

“A Câmara de Comércio pensa que já é hora de eliminar as barreiras políticas de longa data”, assegurou, referindo-se ao embargo econômico que o país imperialista impôs a Cuba há mais de cinco décadas.

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Assistiram à conferência magistral o ministro cubano do Comércio Exterior e Inversão Estrangeira, Rodrigo Malmierca; o reitor da Universidade de Havana, Dr. Gustavo Cobreiro Suárez, e o diretor do Centro de Estudos Hemisféricos e sobre Estados Unidos, Dr. Jorge Hernández, que apresentou Donohue com detalhes de sua biografia. Este fez uma piada sobre a apresentação: “Parece meu obituário”, brincou.

Donohue reconheceu em sua Aula Magna que a organização a qual preside tem feito sérios esforços nos últimos anos para que o governo dos Estados Unidos derrube as sanções contra a ilha, impostas há mais de meio século para forçar uma “mudança de regime”.

Reconheceu que há muitos anos “as relações entre nossos países estão marcadas pelas diferenças e amarradas ao passado. Não há porque ser assim. É hora de iniciar um novo capítulo”.

“As reformas que temos observado neste país podem influir positivamente na vida de seus cidadãos. Esperamos que continuem e torcemos para que se estendam. As empresas de economia mundial com certeza vão valorizar isto”, reconheceu Donohue, que já havia feito, em 1999, outra conferência em uma Aula Magna. O ex-presidente James Carter também já foi convidado duas vezes para esta cerimônia na Universidade de Havana.

Ele afirmou que a recuperação das relações entre os dois países poderiam dar às novas gerações de cubanos e estadunidenses “a oportunidade de conhecer e de aprender uns sobre os outros, de fazer negócios, de prosperar e se ajudarem na condição de amigos e vizinhos”.

Reconheceu que a Câmara de Comércio do país do Norte tem sido uma defensora bastante agressiva do fim do bloqueio e pelo estabelecimento das relações entre os dois países. Disse estar convencido de que “há muitos bons negócios em que se poderia investir na Ilha”.

“Cuba é segura para a inversão, não só para os cidadãos dos Estados Unidos – estamos a 90 milhas –, mas também para todo o mundo, levando em conta as mudanças que estão acontecendo neste lugar”, afirmou. Acrescentou “espero que outros estadunidenses e cubano-americanos possam vir e assegurar-se de quantas coisas compartilhamos”.

Defende que o presidente Barack Obama “poderia dar passos adicionais para facilitar o aumento de viagens entre as duas nações, poderia criar novas vias para a importação e exportação de bens e serviços em várias áreas, começando por um novo setor privado em Cuba. Poderia expandir a diplomacia entre nossos governos e promover o tempo de intercâmbio pessoal entre os cidadãos”.

Sobre Cuba, acrescentou: “deveria estender e acelerar suas reformas econômicas porque são benéficas para o povo cubano”.

Questionado pela jornalista Dalia González, do diário Granma, sobre quanto tempo mais deve durar o bloqueio, que atualmente é repudiado pela maioria dos países do mundo e também pela Câmara de Comércio dos EUA, Denohue respondeu: “depende de quanto podemos nos comunicar”.

Durante sua visita a Cuba, o presidente da Câmara do Comércio visitou várias cooperativas na Zona de Desenvolvimento do Porto de Mariel e se reuniu com trabalhadores do setor autônomo, como parte da primeira missão comercial deste tipo na Ilha em 15 anos.

Fonte: CubaDebate
Tradução: Mariana Serafini, da redação do Vermelho