União Econômica Euroasiática toma forma apesar da investida ocidental
Os líderes da Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia assinaram um tratado que constitui a União Econômica Euroasiática (UEE), nesta quinta-feira (29). Os presidentes Vladmir Putin, Nursultan Nazarbayev e Alexander Lukashenko, respectivamente, reuniram-se na capital do Cazaquistão, Astana, para finalizar a questão que envolve países detentores de significativos recursos energéticos e que pode incluir, ainda neste ano, mais dois vizinhos, enquanto a Ucrânia é levada em direção à União Europeia.
Publicado 29/05/2014 15:14
O presidente russo disse que o acordo é “resultado do nosso trabalho conjunto, cooperação estreita entre os governos da Rússia, da Bielorrússia e do Cazaquistão.” Putin também indicou que a nova aliança permitirá aos três países explorar seus potenciais econômicos e fortalecer suas posições no mercado global. Além do livre-comércio, a união vai regular as políticas industriais e agrícolas dos membros e coordenar seus sistemas financeiros.
Na quarta-feira (28), o vice-chanceler da Rússia, Vasily Nebenzya disse que o acordo demonstra o alto nível de cooperação entre os três países signatários, que assinaram um tratado histórico.
“Ele vira uma nova página na história da integração econômica euroasiática,” afirmou Nebenzya em declarações à imprensa, ressaltando ainda que, “de acordo com suas provisões, uma organização internacional completa será estabelecida a partir de 1º de janeiro de 2015.”
Os trabalhos para a construção do tratado começaram em novembro de 2011, durante a primeira cúpula do Supremo Conselho Econômico Euroasiático, quando o presidente russo, o cazaque e o bielorrusso adotaram uma declaração sobre a integração econômica regional, que se tornou o “mapa do caminho” para o desenvolvimento da cooperação integracionista.
Os países já compõem uma união aduaneira desde 2010. Segundo um comunicado divulgado pelo Kremlin, “os três Estados comprometem-se a garantir a livre circulação de produtos, serviços, capitais e trabalhadores, além de aplicar uma política semelhante em domínios chaves da economia: energia, indústria, agricultura, transportes”.
“Esta união é econômica e não afeta a soberania dos países participantes”, explicou o presidente do Cazaquistão, Narsultan Nazarbaiev, após a assinatura. Putin declarou que os três países vão criar “em conjunto um centro poderoso e atrativo de desenvolvimento econômico, um mercado regional importante que unirá 170 milhões de pessoas”, assinalando que os signatários dispõem de um quinto dos recursos mundiais de gás e quase 15% dos de petróleo.
O presidente russo, que em 2005 qualificou a dissolução da União Soviética como a “maior catástrofe geopolítica” do século 20, tem grande expectativa em relação a essa união e lamenta a ausência da Ucrânia, país de 46 milhões de habitantes e de grande potencial industrial e agrícola, devido ao novo governo respaldado pela União Europeia e pelos EUA. Em breve os ucranianos, ainda imersos em uma crise grave e violenta, serão levados a votar pela integração à UE e à Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Estou certo de que cedo ou tarde a liderança ucraniana entenderá onde está o seu destino”, disse o presidente bielorrusso Lukachenko, no final da cerimônia de assinatura do acordo, sublinhando que o direito de se juntar à nova união “pertence ao povo ucraniano”. O presidente da Ucrânia, eleito no último domingo (25), o milionário Petro Porochenko, já anunciou que quer a entrada do país na União Europeia.
Apesar disso, a união euroasiática atraiu a Armênia – cujo presidente, Serge Sarkissian, anunciou esperar aderir em junho – e o Quirguistão, pequena e pobre república da Ásia Central que também demonstrou vontade de fazer parte do grupo, segundo o presidente Almazbek Atambaiev, até ao final de 2014.
Da Redação do Vermelho,
Com informações da Agência Brasil e da PressTV