Eleições têm pouca participação no Egito, mas Al-Sisi é o favorito
O ex-general do Exército egípcio Abdel Fattah al-Sisi deve emergir de um segundo e último dia de eleições, nesta terça-feira (27), como o novo presidente do Egito, três anos depois da derrubada do regime ditatorial de Hosni Mubarak e mais de um ano após a destituição de Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana. Entretanto, fontes locais ressaltam a pouca participação nas votações com preocupação.
Publicado 27/05/2014 11:56
Sisi promete principalmente a luta contra a “islamização” e pelo secularismo do Egito, o que o levou a liderar, enquanto general, a deposição de Mursi em julho de 2013, em meio a protestos massivos contra iniciativas consideradas retrógradas.
Tentando impulsionar a participação, o governo interino liderado por Adly Mansour, com respaldo das Forças Armadas, decretou esta terça um feriado e estendeu a votação em uma hora, para que as mesas fechem às 22h00. O Banco Central também declarou feriado bancário.
Enquanto a vitória de Al-Sisi é quase uma certeza, a participação é vista como essencial para garantir a legitimidade da sua eleição, escreve o portal libanês de notícias Al-Akhbar. O ex-general que derrubou o primeiro presidente eleito do Egito, em julho de 2013, tem ganhado respaldo massivo e aliados entre as potências mundiais, desde então, mas os protestos contra a medida também são expressivos. Neste sentido, milhões de eleitores parecem estar aderindo às convocatórias para o boicote, o que coloca no futuro imediato do Egito ainda mais incertezas.
A Irmandade Muçulmana, já proibida no país, mas que conta com inúmeros simpatizantes, não reconhece as eleições, assim como outros grupos da juventude, como o movimento 6 de Abril, que levantou o país contra o regime ditatorial de Hosni Mubarak e que já tem vários membros encarcerados.
Os protestos em apoio ao governo liderado pela Irmandade Muçulmana e a violência dos confrontos nas ruas, entretanto, também levantou preocupações sobre o seguimento da “Revolução de Janeiro”, que derrubou uma ditadura de três décadas, em 2011. O autoritário Mubarak e Mursi foram a julgamento após suas destituições: o primeiro recebeu uma pena de três anos de prisão; o segundo continua detido desde que foi deposto e ainda está sendo julgado.
As acusações contra Mursi são: as mortes de 10 manifestantes, em 2012; sua fuga e a de outros políticos da prisão, em 2011, durante os levantes contra Mubarak, e que resultou na morte de oficiais carcerários; espionagem e conspiração para cometer “atos de terrorismo” no Egito, em parceria com os movimentos de resistência da Palestina, Hamas, do Líbano, Hezbolá, e da Guarda Revolucionária do Irã; insulto ao Judiciário por ter supostamente mencionado um juiz por nome, em um discurso público, enquanto presidente, acusando-o de ignorar fraudes nas eleições anteriores; e fraude em conexão com o programa econômico e social para a recuperação do Egito, o Renascença (“al-Nahda”).
Al-Sisi enfrenta apenas um concorrente, o esquerdista Hamdeen Sabahi (na foto), que ficou em terceiro lugar nas eleições de 2012, vencidas por Mursi. Outros candidatos de então resolveram não participar destas eleições, afirmando que o clima “não é propício para a democracia”, após a proibição ou julgamento da Irmandade Muçulmana e outros grupos de oposição.
Há 53 milhões de eleitores registrados no Egito, com uma população de aproximadamente 86 milhões. “O mundo inteiro está nos assistindo, a forma com que os egípcios estão escrevendo a história e o seu futuro hoje e amanhã,” disse o ex-general nesta segunda-feira (26), quando foi votar.
Da Redação do Vermelho,
Com informações do Al-Akhbar e de agências de notícias