UJS discute Copa e democratização do futebol
No Brasil o futebol é mais que um esporte, mas também um elemento da identidade do povo brasileiro. Foi com essa premissa que rolou o debate com o tema “A Copa do Mundo é nossa!” no 17º Congresso da UJS. A discussão, entretanto, foi muito além das discussões sobre o legado da Copa e buscou aprofundar medidas que combatam o processo de elitização do futebol brasileiro, defendendo o seu caráter popular.
Por Caio Botelho, no site daUJS
Publicado 24/05/2014 11:19
De acordo com Toninho Nascimento, secretário de futebol do Ministério do Esporte, o governo brasileiro está atento à essa demanda: “Temos nos preocupado com as movimentações no sentido tornar o futebol brasileiro restrito a poucos, principalmente com as limitações impostas às Torcidas Organizadas e a política de preços altos praticados em muitos estádios”.
Representantes de Torcidas Organizadas também estiveram presentes, a exemplo de Leandro Rodrigues, da Dragões da Real, torcida do São Paulo, e Alexandre Cruz, da santista Sangue Jovem. “É preciso lutar por um novo futebol brasileiro, que combata o monopólio da CBF e compreenda esse esporte como elemento de transformação, e não apenas como mais um espetáculo”, destacou Alexandre. No mesmo sentido, Leandro Rodrigues defendeu mais diálogo e interação entre as Torcidas Organizadas que, segundo ele, “precisam se unir diante desse propósito maior”.
Por sua vez, Joel Benin, ex-dirigente nacional da UJS e que também participou da mesa de debate, ressaltou o significado da Copa do Mundo para o Brasil, lembrando de inúmeros investimentos em infraestrutura que foram estimulados por conta da realização do mega-evento. Ao todo, são mais de 90 obras de mobilidade urbana que totalizam investimentos de R$ 23 bilhões.
Além disso, foi lembrado que apenas em 2014 o país irá investir onze vezes mais em educação e quinze vezes mais em saúde do que foi investido na construção de estádios desde 2007, considerando ainda que os R$ 7 bilhões destinados para as novas Arenas foram feitos na forma de financiamento e que irão, portanto, retornar aos cofres públicos.
Mas o mais importante, segundo Benin, são as transformações positivas que podem ser causadas pelos eventos esportivos. “Nelson Mandela utilizou o esporte para combater o apartheid”, lembrou, ao referir-se à Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, realizada na África do Sul.
Como resultado do debate, a militância da UJS reafirmou que não existe contradição entre lutar por educação, saúde e por justiça e realizar um dos maiores e mais importantes eventos do planeta, que irá contribuir para uma maior visibilidade de nosso país e de nossa cultura e que reflete o novo momento vivido pelo Brasil.