Juventude do MST se organiza na luta pela terra no Paraná
Mais de duas mil famílias Sem Terra já estão cadastradas no mais novo acampamento do estado do Paraná, no município de Rio Bonito do Iguaçu, região centro do estado. Acampados no lote de um agricultor do Assentamento Ireno Alves dos Santos desde o último 1° de maio – data que dá nome ao acampamento –, os Sem Terra se preparam para uma nova onda de lutas pela terra no estado.
Publicado 23/05/2014 14:49
No último domingo (18), cerca de 2500 pessoas participaram da primeira assembleia que reuniu todo o acampamento, unindo no coletivo a força e a vontade de lutar de cada família. A juventude Sem Terra, filhos e filhas de assentados, são os maiores protagonistas desse processo.
Há 18 anos, esses mesmos jovens acompanharam a luta de suas famílias na maior ocupação de terra da América Latina, realizada no latifúndio da fazenda Giacomet Marondin, atual Araupel. Mas as terras conquistadas naquela época já não dão conta de garantir o sustento de todos com a expansão do núcleo familiar.
Agora, junto de seus pais, a juventude coloca novamente em pauta a necessidade de continuar a realização Reforma Agrária no estado.
Apoio
Na última semana, o Deputado Federal Dr. Rosinha visitou as famílias acampadas e deu um depoimento na rádio poste do acampamento, afirmando a necessidade da Reforma Agrária.
“Ninguém me contou, eu vejo a mudança na vida das pessoas com a Reforma Agrária acontecendo, por isso é dever do estado garantir que as terras públicas cumpram com sua função social”, comentou.
A administração do município de Rio Bonito do Iguaçu se colocou à disposição dentro das suas possibilidades para contribuir.
Repressão
Mal começaram a se organizar e os Sem Terra do Acampamento 1° de maio já passam por processos de repressão, mesmo estando dentro de um assentamento.
No último dia 13 de maio, uma mega operação da Polícia do Estado do Paraná, administrado pelo tucano Beto Richa, invadiu o Assentamento Ireno Alves dos Santos, onde as famílias estão acampadas.
Um mandado de busca e apreensão expedido pelo Poder Judiciário da Comarca de Quedas do Iguaçu e de Laranjeiras do Sul teve com o objetivo colher qualquer prova, sob o pretexto de prender criminosos e madeireiros.
Segundo as famílias, residências dos assentados foram invadidas pela polícia, que intimidou e coagiu familiares, expondo-os à humilhação.
Ainda contam que um professor universitário foi retirado da sua própria sala de aula, sem autorização da direção, nem mandado judicial, violando princípios elementares da Constituição.
Mais de uma centena de policiais com cerca de 50 viaturas participaram da investida. Durante a operação, entretanto, nada foi encontrado.
Na época, a direção estadual do MST disse em nota que “o governo do estado está investindo em financiamento de investigação para empresa privada e não priorizando os interesses do povo”.
Ressaltou ainda que o Poder Judiciário “tem demonstrado de que lado está quando se trata de defender o povo, revelando o apoio à mais grosseira defesa e preservação da injustiça social que aflige, humilha, despreza e, às vezes, até mata trabalhador.”
Em contrapartida, “tem se encarregado de impedir qualquer proposta, ainda que prevista em lei, de políticas públicas, como da Reforma Agrária e da urbana, capazes de ameaçar, ainda que remotamente, históricos privilégios do tipo de propriedade privada de terra que impera no Brasil”.
Fonte: MST