Ato em homenagem à Guerrilha do Araguaia abre o 17º Congresso da UJS
O 17º Congresso da UJS, com o tema “Amar e mudar as coisas”, começou nesta quinta-feira (22), em Brasília. A entidade espera receber mais de 3 mil jovens de todos os estados brasileiros. Já no ato político de abertura os militantes mostraram a que vieram, homenagearam os revolucionários da Guerrilha do Araguaia e exigiram a revisão da Lei da Anistia, com a identificação e punição dos torturadores da ditadura militar. As atividades seguem até domingo (25).
Publicado 23/05/2014 10:18
“Hoje, nós da União da Juventude Socialista estamos reunidos na cidade de Brasília para fertilizar mais uma vez o solo brasileiro com os nossos sonhos. Há 30 anos estamos caminhando e plantando neste país as sementes de uma sociedade mais justa, igualitária, desenvolvida e livre. Uma sociedade com a cara da sua juventude, com vontade de transformação, uma sociedade que quer ir mais longe. Estamos aqui hoje representando cada um dos 27 estados para fazer história mais uma vez. O socialismo tarda, mas a nossa luta não falha. Que comece agora o 17º Congresso da UJS”, afirmou o presidente da entidade, André Tokarski, no ato de abertura.
O ato aconteceu na tenda “Osvaldão”, em homenagem ao herói negro da Guerrilha do Araguaia. Todas as tendas do congresso este ano levam o nome de um revolucionário. Há também os espaços Anita Garibaldi, Dina, Che Guevara, João Amazonas, Loreta Valadares e Luís Carlos Prestes.
A homenagem aos guerrilheiros do Araguaia também foi feita com músicas, o cantor e compositor Itamar Correa apresentou a canção Xambioá, e emocionou os jovens socialistas. Outro ponto que chamou a atenção foi a “Terrinha do Araguaia”, os participantes foram presenteados com um pequeno frasco cujo conteúdo é a terra da região do Araguaia, trazida diretamente de Xambioá.
“Essa é a terra pura do Araguaia, que nós deixamos como lembrança do nosso passado e inspiração para o futuro. Foi nesse chão, no interior selvagem do Brasil, que aconteceu um dos maiores episódios de resistência popular da história brasileira”, explicou André.
Para celebrar a abertura oficial do Congresso, foram convidados para participar da mesa “Tarda mas não falha: em defesa da Justiça, memória e Verdade” um dos oito sobreviventes da Guerrilha do Araguaia, Zezinho do Araguaia; o cineasta comunista Vandré Fernandes; a pós-doutoranda da UFPI, Deusa de Sousa; a ex-dirigente da UJS e neta de Luis Carlos Prestes, Ana Maria Prestes; e a ex-mulher do comandante, Maria Prestes.
“Quem não conhece a história do Brasil, deve se aprofundar nas lutas políticas que aqui foram travadas. É preciso ler, é preciso entender as raízes de todas as nossas desigualdades. Não tenham vergonha de discutir a realidade. Esse Congresso é uma das portas para alcançar esse tipo de conhecimento”, afirmou Maria Prestes.
Zezinho do Araguaia, um sobrevivente
Sorriso fácil, fala mansa e semblante sereno, embora sejam visíveis as marcas dos 76 anos de idade, grande parte deles vividos na clandestinidade. Este é Micheias Gomes de Almeida, também chamado de Zezinho do Araguaia, um dos mais de 80 codinomes usados por ele para fugir da repressão, mas que também o tornou conhecido e até hoje visto como um herói no norte de Tocantins.
Zezinho é um dos oito sobreviventes da Guerrilha do Araguaia, movimento político armado que tentou derrubar a ditadura militar nos anos 1970. Ele participou de vários combates em três anos de militância armada.
Só em 1997 pode usar seu verdadeiro nome. Antes, por questões de sobrevivência, usava nomes e documentos falsos. Mas não se arrepende. “Minha vida toda defendi a liberdade do meu país. Eu vivo com isto e a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de amor pela liberdade. Minha vida é pautada nessa luta”, disse o guerrilheiro.
Zezinho foi um dos precursores da Guerrilha do Araguaia, onde chegou em 1971 para participar da preparação militar dos guerrilheiros e só saiu depois das últimas batalhas no Pará, Goiás e no Maranhão. Antes de se despedir do 17º Congresso da UJS, Zezinho fez um pedido aos jovens socialistas: “Vocês são os operários da ciência e do desenvolvimento. Depois desse encontro, peço que continuem a luta das mulheres guerrilheiras que queriam que os estudantes fossem reconhecidos como trabalhadores da ciência. Essas mulheres tombaram em busca desse ideal. Eu não posso fazer muito, mas estou com vocês nessa batalha”.
Da Redação do Vermelho, com UJS