Acordos marcam nova etapa das relações China-Rússia
O acordo bilionário para o fornecimento de gás russo à China, que entrará em vigor em 2018, marca o início de um novo nível nas já poderosas relações entre estes dois gigantes vizinhos.
Publicado 22/05/2014 17:34
Assinado em Shanghai na presença dos presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin, o contrato, válido por 30 anos, deu fim a uma longa etapa de negociações estendidas por toda uma década para determinar o preço do gás.
Analistas consultados na capital chinesa indicaram que este convênio representa uma vantagem para os dois Estados, já que enquanto acelera o desenvolvimento econômico e social da região do extremo oriente da Rússia, facilita à China um maior uso de energia limpa em sua batalha contra a poluição.
Também ajudará o desenvolvimento sustentável da China, em cujo território impulsionará a construção da rede de oleodutos e criará maiores oportunidades de trabalho ao longo destes.
De acordo com o informado, o combustível chegará à nação asiática através de gasodutos que começam nos campos de Kovyktin e Chayandin, na Sibéria, até o nordeste chinês, atravessando a área metropolitana de Pequim-Tianjin-Hebei para continuar à zona oriental do delta do Yang-tsé.
O contrato, rubricado por representantes das poderosas empresas estatais Gazprom e a Corporação Chinesa do Petróleo, prevê a entrega anual à China de até 38 mil metros cúbicos de gás natural a partir de 2018 e reflete "o princípio de confiança e benefício mútuos entre os dois países".
Especialistas opinam que este é um acordo histórico que contribui à segurança energética da China e permite reduzir a dependência da Rússia dos clientes europeus.
A assinatura deste acordo ocorre em meio à crise na Ucrânia e à reincorporação da Crimeia à Rússia, o que tem motivado sanções contra Moscou por parte da União Europeia e dos Estados Unidos.
A adoção do acordo foi antecedida pelas conversações oficiais entre Xi e Putin e a divulgação de uma declaração conjunta que anunciou o estabelecimento de uma associação integral entre os dois países na cooperação para o setor energético.
Essa associação, além do fornecimento de gás, encaminha-se para aprofundar a colaboração no setor de petróleo, bem como ampliar a cooperação na exploração de minas de carvão e no desenvolvimento de uma infraestrutura para seu transporte dentro da Rússia.
Outro aspecto, de acordo com as versões oficiais, contempla estudar a construção de novas facilidades de geração energética na Rússia e aumentar suas exportações à China.
Em uma longa declaração conjunta, os mandatários abordaram diversos aspectos de preocupação comum, como a utilização de tecnologias da informação em detrimento da soberania e a privacidade, a crise política na Ucrânia e as tensões na Península Coreana.
Denunciaram que o atual uso de tecnologias de informação e comunicação para fins contrários à manutenção da estabilidade e a segurança internacionais danifica a soberania dos países e a privacidade dos indivíduos.
Quanto aos acontecimentos na Ucrânia recomendaram procurar uma saída pacífica e política para os atuais problemas nesse país e exortaram os grupos locais e sócio-políticos ucranianos a participar em um diálogo nacional integral.
Xi e Putin também abordaram aspectos sobre as tensões na Península Coreana e chamaram as partes a dar passos concretos para diminuir as tensões e solucionar as diferenças através de negociações.
Coincidiram em que a única solução pragmática e efetiva para o tema nuclear na Península Coreana é a retomada das conversas de seis partes, integradas pela China, Rússia, Estados Unidos, Japão, a República Popular Democrática da Coreia e a Coreia do Sul.
Os chefes de Estado da China e da Rússia insistiram em que os problemas da Ásia não devem ser solucionados pela força, mas através de negociações e se comprometeram a coordenar e cooperar proximamente para criar mecanismos efetivos encaminhados à paz e a estabilidade no nordeste asiático.
As reuniões, cerimônias de assinaturas de acordos bilaterais e divulgação da declaração conjunta tiveram lugar em Xangai à margem da celebração em 20 e 21 de maio da 4ª Cúpula da Conferência sobre Interação e Medidas de Construção da Confiança da Ásia (Cica, na sigla em inglês), um organismo regional de segurança que será presido pela China até 2016.
Prensa Latina