Candidatos colombianos encerram campanha

Os candidatos às presidenciais colombianas de 25 de maio encerraram suas campanhas entre duas notícias opostas, o avanço do processo de paz e o escândalo de espionagem que envolveu o candidato do Centro Democrático, Oscar Ivan Zuluaga.

Essa primeira fase eleitoral acabou no fim de semana, com muita expectativa da população.

O anúncio de um acordo no terceiro ponto de agenda dos diálogos de paz entre o Governo e a guerrilha das Farc-EP, em torno da solução do problema das drogas ilícitas, foi recebido com otimismo no país na passada sexta-feira, parabenizado pela ONU e outras organizações internacionais.

O coordenador residente para assuntos humanitário das Nações Unidas na Colômbia, Fabrizio Hochschild, catalogou o acordo como um ponto de "não retrocesso no caminho para a obtenção da paz", vital no âmbito nacional e de importante repercussão no contexto regional e global, disse.

Paralelo a isso, nesse mesmo dia, as Farc-EP e o Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciaram um cessar fogo unilateral, tendo em vista as próximas eleições, vigente entre terças-feira 20 e 28 de maio.

Na etapa final de sua campanha, cujo encerramento foi ontem na capital, Santos reiterou que a paz é o objetivo central de sua candidatura a um segundo mandato (2014-2018): "Nada vai me desviar do objetivo que a Colômbia quer:a paz", afirmou.

"Estamos bem perto dessa paz, o que nos permitirá atingir os objetivos que temos. Peço o apoio dos colombianos", convocou.

Um de seus rivais mais polêmicos, o candidato pelo Partido Centro Democrático Oscar Ivan Zuluaga, teve que renunciar domingo (18) ao ato final de sua campanha e a seu trajeto pela capital devido a um vídeo revelado pela revista Semana, que o mostra reunido com o hacker Andrés Sepúlveda.

Nas imagens difundidas, o pirata cibernético oferece detalhes das interceptações eletrônicas realizadas a membros da guerrilha das Farc-EP nos diálogos instalados em Havana.

Ele também mostra ao candidato a página de internet em construção intitulada 'Diálogos a voces' (Diálogos a vozes), nutrida com dados da inteligência militar, à qual garante ter acesso.

O escritório do qual operava Sepúlveda, detido em prisão preventiva por ordem de uma juíza de controle de segurança, foi desmantelado no passado dia 6 de maio pela Promotoria.

Não só foram desvelado os vínculos ocultos de Zuluaga, cuja campanha era manejada pelo hacker nas redes sociais, como também a relação com sua esposa, a atriz Lina Luna, assessora de imagem do candidato do Centro Democrático, partido presidido pelo ex-mandatário Alvaro Uribe.

O rechaço a Zuluaga se converteu em tendência nacional nas redes sociais. "Renúncia, renúncia, renúncia" é que pedem centenas de milhares de colombianos, partidos, líderes políticos e organizações sociais.

"Zuluaga demonstrou que está disposto a tudo para impor sua agenda de guerra e abusar do poder sem vergonha nenhuma" afirma a organização Ola de la Paz (Onda da Paz). O escândalo que envolve o candidato do CD é definido pelas maiorias como uma "guerra suja".

Apoiado por Uribe, ontem se dedicou a negar que o vídeo fosse de verdade e depois o definiu como uma montagem falsificada e preparado por pessoas próximas à equipe de Santos. No entanto, se negou a falar do tema perante meios de imprensa.

Às eleições presidenciais são também candidatos Clara López, pela Coalizão Pólo Democrático-União Patriótica, cuja candiatura parece ter ganhado força nas redes sociais esse fim de semana; Enrique Peñalosa, pela Aliança Verde; e Marta Luzia Ramírez, pelo Partido Conservador.

Segundo foi anunciado hoje, os cinco candidatos participarão na próxima quinta e sexta-feira de debates na televisão que não estavam contemplados até agora, atividade muito cobrada pela opinião pública como encerramento de uma jornada pré-eleitoral sem nenhum debate de projetos e ideias, que segundo os colombianos é necessário para definir seu voto.

As pesquisas de opinião da população apontam que as eleições serão definidas em um segundo turno.

Fonte: Prensa Latina