Há 10 anos direita venezuelana importa paramilitares colombianos
Desde 2004, a direita venezuelana, com apoio de seus aliados no exterior, tem incluído o uso de paramilitares colombianos como parte fundamental do plano de sedição contra a democracia e o governo constitucional venezuelano. No último dia 9 de maio, completa-se uma década da captura de 153 paramilitares colombianos contratados para assassinar o líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, e se estenderem a Caracas para gerar caos no país.
Publicado 14/05/2014 14:21
A informação colhida pela inteligência venezuelana detalha que a operação para frustrar aquela tentativa foi realizada na madrugada de domingo, Dia das Mães, quando funcionários da extinta Direção de Inteligência Policial (Disip), atual Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e a Direção de Inteligência Militar (DIM) entraram na fazenda Daktari, localizada no município El Hatillo, no Estado de Miranda, perto de Caracas, propriedade do empresário Robert Alonso, que atualmente se encontra fugido da justiça venezuelana, vive em Miami, Estados Unidos, de donde conspira contra a Venezuela.
Os organismos venezuelanos de inteligência constataram que os paramilitares tinham previsto assassinar Chávez durante um jantar com banqueiros na Casona (residência presidencial), enquanto que outros irregulares assaltariam o Palácio de Miraflores e outros iriam até os depósitos de armas situados no Comando Regional Nº 5 da Guarda Nacional e à base aérea de La Carlota. Um oficial da aviação sequestraria uma aeronave para bombardear a sede de governo.
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O dono da propriedade, Alonso, integrou o "Plano Guarimba" e a coalizão direitista "Coordenadora Democrática" (principal promotora do golpe de Estado executado em abril de 2002), antecessora da atual coalizão da oposição, chamada Mesa de Unidade Democrática (MUD).
O empresário agora é conhecido como "Guarimbero Maior" e ajuda a partir de Miami os grupos violentos que chamam à derrubada do presidente Nicolás Maduro e que executam ações terroristas, que deixaram, desde fevereiro deste ano, 41 pessoas mortas – centenas de feridos e destroços em instituições públicas e privadas – em ataques que incluem incêndios e assassinatos executados por franco-atiradores, em seu contínuo plano de acabar com a Revolução Bolivariana, que há 15 anos implementa políticas sociais de justa redistribuição da riqueza do país, que tem em seu solo as maiores reservas de petróleo do planeta.
Pedro Carmona Estanga, golpista que usurpou o poder em Miraflores durante o golpe de Estado de 2002; o ex-secretário geral da Ação Democrática (AD), Rafael Marín; o empresário Gustavo Zigg Machado; a então deputada do Primeiro Justiça (PJ) Liliana Hernández e o militar golpista Jael Contreras Rangel, foram algumas das pessoas vinculadas a tentativa de assassinato do presidente, identificadas pelas autoridades venezuelanas como resultado das investigações e confissões posteriores dos paramilitares.
"Matar com faca alheia"
Em 2006, foi confirmada a participação direta do ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe na invasão de paramilitares ao Estado de Miranda. As declarações do ex-diretor de Informática do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) Rafael García, assim confirmaram.
"Sim, existiu um plano de desestabilização contra o governo venezuelano e há muita gente do governo colombiano comprometida", revelou García em declarações à Revista Semana da Colômbia, nas quais expressou também que "o plano contemplava o assassinato de vários líderes desse país (Venezuela)".
Nesse contexto, no último dia 02 de maio, o ministro das Relações Interiores, Justiça e Paz, Miguel Rodríguez Torres, reiterou que, nas atuais ações terroristas contra a Venezuela Uribe também está imiscuído.
"Ver que a mão de Álvaro Uribe está por trás desses planos (…) chegar a dar calafrios. É o mestre dos falsos positivos, especialista no que eles chamam lá de 'matar com faca alheia", manifestou o ministro.
No livro "A invasão paramilitar, Operação Daktari" (2012), de Luis Britto García e Miguel Pérez Pirela, Rodríguez Torres (diretor do Sebin durante a captura dos paramilitares) relata que em uma reunião realizada em 23 de abril de 2004 (infiltrada pelo Sebin), entre oficiais da Força Aérea e da Guarda Nacional – presos posteriormente -, um oficial perguntou por que iam utilizar paramilitares colombianos e "um comandante da Guarda Nacional, tenente coronel, respondeu que era preciso usar paramilitares colombianos porque, primeiro, não eram venezuelanos, e segundo, eles não iriam olhar para trás para atirar, no iriam ter nenhum remorso na consciência, e para eles o que interessava era o pagamento, logo era mais eficiente usá-los do que usar tropas venezuelanas que iriam ter problemas de consciência, que no iriam querer atacar seus companheiros. Essa foi a resposta".
Nesse mesmo encontro, se falou sobre o plano de bombardear o programa Alô Presidente, que seria realizado em 25 de abril em Maracaibo, Estado de Zulia. Esse plano também foi derrotado.
Ante a descoberta dos paramilitares colombianos na propriedade Daktari, as confissões destes e inclusive o reconhecimento do governo colombiano, a direita optou por desqualificar o fato através de suas empresas de comunicação e tribunas políticas. Tal como fazem agora frente aos 58 estrangeiros detidos pelos organismos de segurança durante os conflitos.
Fonte: AVN