Iraque revela uso de armas radioativas pela Otan
Autoridades ambientais iraquianas encontraram indícios de que as tropas invasoras estadunidenses utilizaram materiais radioativos nos combates que travaram com o exército do Iraque, logo desde o início das operações militares.
Por Charles Hussain, de Beirute para o Jornalistas sem Fronteiras
Publicado 13/05/2014 11:11
Na província de Missan, cerca de 400 quilômetros a sudeste de Bagdá – região de importantes recursos petrolíferos – responsáveis da Autoridade Ambiental do país registraram elevados níveis de radioatividade em restos de equipamento militar e carcaças de automóveis na pequena aldeia de Karima.
Os investigadores foram alertados por informações segundo as quais doenças cancerosas alastraram nos últimos anos a ritmo alarmante entre pessoas da aldeia, ao mesmo tempo em que o número de recém-nascidos com malformações atingiu níveis nunca antes verificados.
Pessoas da aldeia alertaram os responsáveis ambientais para a “maldição” que caiu sobre ela, sobretudo a partir de áreas da vizinhança caracterizadas por cheiro nauseabundo provocado pelo elevadíssimo número de animais mortos.
A Autoridade Ambiental registrou então a aldeia de Karima como o terceiro caso da província onde foram detectados casos de elevada radioactividade. O departamento regional da instituição informou que os responsáveis norte-americanos contactados sobre o assunto recusaram-se a assumir qualquer responsabilidade ou a participar no tratamento das vítimas – “porque isso traduziria o reconhecimento da utilização, no Iraque, de armas proibidas pelas instituições internacionais”, segundo um diretor.
“E como as autoridades do governo de Bagdá foram instaladas pelos estadunidenses também rejeitam envolver-se na questão e quem continua a sofrer são as populações”, acrescentou.
Samir Kadim, diretor-geral da Autoridade Ambiental, explicou à News Arab que os níveis mais elevados de radiação foram detectados em restos de equipamento militar utilizado nos combates de 2003 e em carcaças de automóveis que permaneceram na região.
Um perito ambiental ouvido igualmente pela Arab News revelou que a contaminação radioativa encontrada foi de dois tipos: radioactividade registrada por aparelhagem electrônica e um nível mais baixo, mais difícil de detectar, atribuível à utilização de urânio empobrecido.
O recurso a urânio empobrecido por tropas de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) suscitou acesa polêmica anteriormente por ocasião das guerras na Iugoslávia, devido ao elevado número de militares dos exércitos da própria aliança atingidos por doenças atribuíveis ao contato com esse material. As armas com utilização de urânio empobrecido são consideradas de destruição massiva pelas instâncias internacionais.
Fonte: Jornalistas sem Fronteiras