Graça prevê alta de 7,5% na produção da Petrobras
Em carta aos acionistas, a presidente da Petrobras falou sobre o desempenho da empresa e as denúncias que a atingem; "em março, também alcançamos novo recorde mensal de processamento de petróleo em nossas refinarias, com a carga média processada de 2.151 mil bpd (barris por dia)", afirmou; "As denúncias apresentadas têm sido e continuarão sendo apuradas por meio dos mecanismos internos constituídos para tal", completou.
Publicado 10/05/2014 12:15
Apesar da queda de 30% no lucro da Petrobras (PETR3; PETR4), registrado no primeiro trimestre de 2014, a presidente da estatal, Graça Foster, mostrou-se confiante em alcançar a meta de crescimento de produção de 7,5% ainda neste ano. Em carta destinada aos investidores, Foster comemorou o que chamou de "excelentes níveis de eficiência", referindo-se à utilização de boa parte da capacidade total dos recursos e na otimização dos custos do refino em 2%.
"Continuamos aumentando a eficiência operacional dos nossos ativos: alcançamos neste 1º trimestre um ganho de 58 mbpd de produção por meio do PROEF (Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos), o que representa uma eficiência operacional de 95% na UO-RIO e de 77% na UO-BC", escreveu a presidente da Petrobras.
Em referência às recentes denúncias e investigações envolvendo a petrolífera, Foster reiterou o compromisso dos diretores e empregados da companhia com a ética e a transparência, lembrando do lançamento do Programa de Prevenção à Corrupção, lançado no segundo trimestre do ano passado. "As denúncias apresentadas têm sido e continuarão sendo apuradas por meio dos mecanismos internos constituídos para tal", completou.
Confira a carta na íntegra:
"Prezados Acionistas e Investidores,
Nosso lucro operacional no primeiro trimestre de 2014 foi de R$ 7,6 bilhões, 8% superior ao realizado no 4º trimestre de 2013. Esse aumento é explicado pelos maiores preços de derivados, função dos aumentos de diesel e gasolina ocorridos em novembro de 2013, e pela menor participação de derivados importados nas vendas ao mercado interno. Houve aumento das despesas operacionais devido à provisão extraordinária de R$ 2,4 bilhões referente ao Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV).
O lucro líquido da Companhia foi de R$ 5,4 bilhões, 14% menor que o verificado no trimestre anterior (R$ 6,3 bilhões) devido, principalmente, à ocorrência, no 4T13, do benefício fiscal de R$ 3,2 bilhões relativo ao provisionamento de juros sobre capital próprio. A provisão do PIDV também impactou em R$ 1,6 bilhão o lucro líquido do 1T14.
Nossa produção média de óleo e LGN no Brasil foi de 1.922 mil bpd no 1T14, 1,9% abaixo do realizado no 4T13, impactada pela desmobilização do FPSO-Brasil (campo de Roncador) e pela interrupção da produção da plataforma P-20 (campo de Marlim) por 103 dias em razão dos danos causados pelo incêndio que afetou seu sistema de produtos químicos em dezembro de 2013. A plataforma P-20 retornou à operação no dia 7 de abril.
Como destaques, tivemos no dia 17 de março o primeiro óleo da P-58 (Parque das Baleias) cuja produção atual é de 50 mil bpd por meio de três poços. Também em março, a produção média de petróleo dos campos do pré-sal atingiu o recorde mensal de 395 mil bpd. No dia 19 de março, alcançamos novo recorde diário, 420 mil bpd. É importante ressaltar que esse recorde já foi novamente superado, primeiro em 15 de abril, com 428 mil bpd, e depois em 18 de abril, com 444 mil bpd, devido ao ramp-up da P-58 e à entrada do segundo poço no “boião” (Boia de Sustentação de Riser – BSR1) do FPSO Cidade de São Paulo no campo de Sapinhoá.
Também destacamos o início neste dia 9 de maio dos procedimentos de partida do primeiro poço da P-62 (campo de Roncador). Quanto aos “boiões”, todas as 4 unidades já estão instaladas e o primeiro poço da BSR2, interligada ao FPSO Cidade de Paraty (campo de Lula NE), também iniciou operação neste dia 9 de maio.
Temos confiança no alcance da meta de crescimento de produção de 7,5% (+/- 1 p.p.) em 2014. No 3T14 teremos a entrada em operação da P-61/TAD (campo de Papa-Terra) e do FPSO Cidade de Ilhabela (campo de Sapinhoá Norte). No 4T14, o FPSO Cidade de Mangaratiba inicia a produção no campo de Iracema Sul. Ressalto ainda que continuamos aumentando a eficiência operacional dos nossos ativos: alcançamos neste 1º trimestre um ganho de 58 mbpd de produção por meio do PROEF (Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos), o que representa uma eficiência operacional de 95% na UO-RIO e de 77% na UO-BC. Neste mês de abril, a UO-BC alcançou 81% de eficiência, o maior valor dos últimos 46 meses.
No Refino, a produção total de derivados foi de 2.124 mil bpd no 1T14, 1% superior ao realizado no 4T13. Seguimos operando com excelentes níveis de eficiência, evidenciados pelo fator de utilização de 96% alcançado neste 1º trimestre e pela queda de 2% do custo de refino em relação ao trimestre anterior.
Em março, também alcançamos novo recorde mensal de processamento de petróleo em nossas refinarias, com a carga média processada de 2.151 mil bpd, superando o recorde mensal anterior de 2.139 mil bpd obtido em julho de 2013.
No Gás e Energia, ofertamos 89 milhões de m3 /dia de gás ao mercado, um crescimento de 9% em relação ao 4T13, em função do aumento da demanda termelétrica. Também ultrapassamos em março, pela primeira vez, a barreira dos 100 milhões m3 /dia de gás natural entregues ao mercado consumidor, com o fornecimento de 101,1 milhões m3 /dia no dia 26 de março. Destes, 45 milhões m 3 /dia foram destinados ao mercado termelétrico, viabilizando a geração de 7.163 MW de energia elétrica, cerca de 12% da demanda do Sistema Interligado Nacional.
Quanto à produção de fertilizantes, a unidade da Bahia (Fafen-BA) atingiu, no último dia 31 de março, a produção de 34.715 toneladas de ureia, recorde de produção histórica para este mês. Tivemos ainda o início de operação da planta de Sulfato de Amônio, localizada na fábrica de Sergipe (Fafen-SE) no dia 13 de fevereiro, com capacidade de produção de 303 mil toneladas/ano deste produto.
Na área Internacional, destaca-se a entrada em operação dos poços Cascade 6 e Chinook 5, que elevaram a produção total do campo de Cascade & Chinook (EUA) para cerca de 40 mil bpd, muito acima do patamar de 12 mil bpd realizado na média de 2013, quando contava com 3 poços produtores. Isso levou a uma elevação da produção de petróleo e gás dos ativos no exterior de 8% em relação ao trimestre anterior, de 194 mil boed para 209 mil boed no 1T14, e uma redução de 33% do custo unitário de extração.
Quanto ao desempenho do nosso parque de refino no exterior, a carga total processada foi de 165 mil bpd, 6% menor que o realizado no trimestre anterior (175 mil bpd) devido à parada programada da refinaria de Okinawa ocorrida em fevereiro. A refinaria de Pasadena continua processando acima de 100 mil bpd em função da disponibilidade de petróleo não convencional (tight oil) a preços competitivos, associado à eliminação de gargalos operacionais em suas instalações. Por fim, o custo unitário de refino no exterior reduziu 18% do 4T13 para 1T14.
Ressalto a contribuição do mais importante dos nossos programas estruturantes. O PROCOP (Programa de Otimização de Custos Operacionais) continua superando suas metas e produzindo excelentes resultados: a economia no 1T14 foi de R$ 2,4 bilhões, 42% superior à meta de R$ 1,7 bilhão. Com o ganho de R$ 6,6 bilhões já capturados em 2013 e a identificação de novas oportunidades em diversas iniciativas, o Programa agora revisa sua meta, elevando-a para R$ 37,5 bilhões entre 2013 e 2016. Para o ano de 2014, a meta é de R$ 7,3 bilhões.
Agora o PROCOP estende seu escopo de atuação para a Área Internacional. As iniciativas incorporam os ativos operacionais da Petrobras em 8 países, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Estados Unidos e Japão, nos segmentos de produção de petróleo e gás natural, refino e distribuição.
A Companhia continua tendo amplo acesso às fontes de financiamento necessárias para o desenvolvimento de seu Plano de Negócios e Gestão. No 1T14, captamos R$ 53,9 bilhões, principalmente pela emissão de bonds nos mercados americano e europeu, o que permitiu que terminássemos o trimestre com sólida liquidez de R$ 78,5 bilhões em disponibilidades, considerando saldo em caixa, equivalentes de caixa e títulos públicos. Esses recursos são suficientes para o financiamento dos investimentos de 2014, que nos trarão, já nos próximos meses, aumento da geração de caixa operacional como decorrência do crescimento da produção de óleo e gás e menor dependência de importações de derivados, com a entrada em operação da RNEST, além do alcance gradativo da convergência dos preços no Brasil às referências internacionais.
Quanto aos indicadores de endividamento, a Alavancagem permanece em 39%. O indicador de Endividamento Líquido/EBITDA elevou-se de 3,52x no 4T13 para 4,00x neste 1T14 e a razão principal é o efeito do provisionamento do PIDV, que reduziu o EBITDA em R$ 2,4 bilhões. Ocorre que o cálculo deste indicador de endividamento considera o EBITDA anualizado, trazendo, assim, um impacto expressivo neste trimestre.
Registro aqui, mais uma vez, o compromisso da Diretoria da Petrobras e de seus empregados com a ética e a transparência em nossa organização, já expressado quando lançamos, no 2o semestre de 2013, o Programa de Prevenção à Corrupção. As denúncias apresentadas têm sido e continuarão sendo apuradas por meio dos mecanismos internos constituídos para tal.
Por fim, quero compartilhar com nossos acionistas e investidores os resultados alcançados até aqui com o nosso Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário. Foram 8.298 empregados inscritos, o que representa 12,4% do efetivo total da Companhia.
A previsão é de que 55% dos desligamentos ocorram ainda em 2014. A redução de custos é expressiva e deverá alcançar de forma conservadora R$ 13,0 bilhões no horizonte 2014-2018. Estimamos também que o custo do referido incentivo seja compensado em um tempo médio de 9 meses após a saída de cada um de nossos profissionais.
O Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário foi desenvolvido de forma a adequar o efetivo da Companhia aos desafios do Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 e às metas do PROCOP – Programa de Otimização dos Custos Operacionais, conciliando a necessária retenção do conhecimento, indispensável ao crescimento e à continuidade operacional, segura e sustentável da Companhia. Além do que este PIDV veio ao encontro das expectativas de milhares de empregados da Companhia.
Esse Programa – PIDV – é mais um exemplo do nosso compromisso com a incessante busca pelo aumento da eficiência, da produtividade e da disciplina de capital que nos levarão a resultados melhores e à geração de valor para nossos acionistas e investidores.
Maria das Graças Silva Foster
Presidente"