Lavrov questiona negociações com aumento da violência na Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov expressou sua desconfiança nas conversações entre 47 países sobre a crise na Ucrânia, que decorrem na capital austríaca, Viena, deste esta segunda-feira (5). Enquanto os chanceleres do Conselho da Europa discutem novamente a questão, os episódios de violência evidenciam a agressividade dos grupos fascistas, que se apoiaram na ingerência das potências ocidentais desde que tomaram as ruas da Ucrânia e, depois, o governo.
Publicado 06/05/2014 10:43
“Novamente a reunião acontece neste formato, enquanto a oposição ao atual regime da Ucrânia está ausente da mesa de negociações, isto dificilmente mudará qualquer coisa. É possível [continuar neste caminho], mas nós só vamos andar em círculos e, novamente, falar sobre tudo o que concordamos que precisa ser implementado,” disse Lavrov, durante uma coletiva de imprensa, nesta terça-feira (6).
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O chanceler russo disse que continua esperançoso com o diálogo como a única forma de avanço na Ucrânia. “Estamos convencidos de que há uma saída desta crise. Ela pode ser encontrada exclusivamente na base do diálogo nacional,” afirmou, mencionando a necessidade das conversações entre as regiões do ocidente e do leste do país, onde graves episódios de violência têm sido relatados.
O líder do movimento público Sudeste, Oleg Tsarev, que anunciou sua retirada das eleições presidenciais na Ucrânia, está convencido de que o número de mortos nos confrontos em Odessa, na sexta-feira (2), superou uma centena, inclusive crianças, embora não tenha evidências, segundo a agência de notícias RIA Novosti.
"Acreditamos que o número de mortos na Casa de Sindicatos [que foi incendiada por grupos fascistas] ultrapassou uma centena. Estamos convencidos de que a polícia bloqueou a entrada do edifício para que ninguém pudesse contar os cadáveres. Sabemos que lá há crianças pequenas e acreditamos que o governo fará tudo para esconder os vestígios do seu crime. Queremos investigar e julgar aqueles que causaram esse terrível crime", disse Tsarev à agência.
Violência fascista e operação militar
O Ministério russo das Relações Exteriores declarou que a tragédia em Odessa tornou-se mais uma evidência de que as autoridades atuais da Ucrânia têm contado "na força e intimidação", segundo a rádio Voz da Rússia. Os protestos no leste do país têm sido respondido pelo governo interino com operações militares classificadas de “antiterroristas”, para combater civis que rechaçam a legitimidade das autoridades instaladas após o golpe, conduzido em fevereiro por partidos de expressão fascista e de extrema-direita, com o respaldo da União Europeia e dos Estados Unidos.
Sobre as eleições presidenciais, previstas para 25 de maio, Lavrov questionou a sua realização no momento em que o governo interino conduz operações militares em regiões específicas. “Realizar uma eleição nesta situação, enquanto o Exército está sendo usado contra partes da população – isso é bastante estranho.”
“Eleições e referenduns [como os planejados em Lujansk e Donetsk, no leste] devem ser livres, justos e conduzidos em um ambiente que exclui a violência, sob a monitoração internacional objetiva e imparcial. Dependendo de como estes critérios são cumpridos, determinaremos nossa atitude para com os eventos.”
Lavrov também lembrou um anúncio feito pelos ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em fevereiro, antes do golpe contra o presidente Viktor Yanukovich, em que exigiam que o Exército ucraniano não interferisse no processo político. “Mas, agora, a liderança da União Europeia mudou de tom, dizendo que Kiev tem o direito de usar o Exército para conduzir a chamada operação antiterrorista.”
Sobre a possibilidade de novas negociações serem avançadas em um formato internacional, Lavrov disse que organizou uma reunião com seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, nesta terça. Já na quarta-feira (7), o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o presidente suíço Didier Burkhalter, deve visitar a Rússia.
Da Redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today e da RIA Novosti