“A política brasileira continua sendo masculina, branca e urbana”
Em entrevista ao blog do Walter Sorrentino, secretário nacional de Organização do PCdoB, a professora Emília Fernandes fala sobre sua trajetória política, a necessidade de empoderamento da mulher nos espaços públicos e privados e sua possível candidatura ao Senado. Destaca o fato de ainda ver a política brasileira como "masculina, branca e urbana".
Publicado 04/05/2014 15:45
Emília Fernandes é membro do Comitê Central e do Estadual RS do PCdoB, presidena do Fórum de Mulheres do Mecosul – Brasil e esteve à frente do Codesul no Rio Grande do Sul nos últimos três anos. Deixou o cargo recentemente tendo em vista sua pré-candidatura ao Senado Federal. Pioneira sempre, Emília foi a primeira senadora do Rio Grande do Sul, primeira ministra do governo Lula, deputada federal pelo Rio Grande do Sul e vereadora de Sant'Ana do Livramento.
Acompanhe a entrevista na íntegra:
Emilia, é uma honra para o Blog ter você aqui, conversando conosco. Uma de minhas satisfações muito pessoais foi ter você como integrante do Comitê Central eleito no 13° Congresso. O que significou isso para você?
O 13° Congresso do PCdoB que ocorreu em São Paulo, foi para mim um momento de grande entusiasmo e aprendizado. Nos pronunciamentos de resgate da luta histórica do Partido pela democracia, soberania e liberdade, me encontrei. No entusiasmo e no engajamento da juventude, e no reencontro com parlamentares com as quais compartilhei importantes momentos e avanços no Congresso Nacional, aflorou minha emoção. Me senti em casa, no mesmo campo ideológico em que sempre estive, renovei sonhos e utopias e fortaleci convicções e energia no trabalho e na inspiração coletiva do PCdoB, seus dirigentes e militantes.
Enfim, minha participação no Comitê Central e no Estadual RS, além de serem espaços de grande responsabilidade, confirma que o PCdoB sabe acolher, se renova e valoriza as mulheres e, com coragem, conteúdo e sentimentos avança, se fortalece e se moderniza, prestando inestimável contribuição de lealdade, e de compromisso com o Brasil ao longo dos tempos, e em especial neste novo momento histórico.
Fale um pouco de seu trabalho atual, no cenário do Rio Grande do Sul.
Desde 2011, graças à confiança e reconhecimento do Governador RS, Tarso Genro, estive à frente do Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul do Brde – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul que abrange o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, exercendo essa missão de significativa importância para nosso Estado, a Região Sul do Brasil.
Foi uma excelente oportunidade que tive de conviver com os programas e ações do Governo Tarso e do Governo Federal, e constatar sua interlocução econômica e social com a região. Participei de reuniões, em várias oportunidades com os Governadores de Santa Catarina, Paraná e de Mato Grosso do Sul, bem como, com a diretoria do Brde – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – , parlamentares, representantes de órgãos governamentais e da sociedade civil, com quem estabeleci um diálogo de alto nível. Também tive intensa participação em seminários e palestras sobre os diferentes temas de interesse do Rio Grande do Sul, da Região Sul e do Brasil.
Nesse período, interagimos em temas de grande importância, como: Dívida dos Estados; Pré-Sal; Gás Natural; Fortalecimento do Turismo Brasil Sul; Capitalização do Brde; criação da Sudesul; assinatura de Acordo de Cooperação da Segurança Pública para o combate à violência nos Estados do Codesul; ação conjunta na área de Defesa Sanitária Animal e uso compartilhado dos postos de fiscalização nas divisas interestaduais.
Ainda tratamos de temas como a infraestrutura rodoviária e ferroviária sul; assinatura do Protocolo de Cooperação entre o Codesul e a Zicosul (Zona de Integração do Centro Oeste de América do Sul); criação no Codesul, da Comissão Permanente de Políticas para as Mulheres; a de Assuntos Internacionais, e a de Assuntos Indígenas e, a aprovação dos Orçamentos e Relatórios
Financeiros e Administrativos do Codesul e do Brde.
Ao mesmo tempo, na Presidência do Fórum de Mulheres do Mercosul – Capítulo Brasil, entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 1995, trabalho de forma integrada com mulheres da Argentina, do Brasil do Uruguai e do Paraguai, visando a maior mobilização e valorização das mulheres, por políticas públicas de gênero, e por mais mulheres no Poder, buscando o fortalecimento da democracia e da soberania das nações, e o apoio às questões fronteiriças.
Você tem uma longa trajetória política e de compromisso público. Está no sangue, como se diz?
Sou Pedagoga, com Pós-Graduação em Planejamento Educacional e exerci o Magistério, em Escolas Públicas de Sant’Ana do Livramento/RS, fronteira o Brasil com o Uruguai, durante vinte e três anos. Em 1972, iniciei minha jornada de educadora, no interior daquele município, para onde semanalmente viajava de trem e fazia outro trecho a cavalo para chegar na escolinha rural, onde não havia luz nem água. Passava a semana longe de minha casa, deixando meu filho de apenas três anos aos cuidados de minha mãe, para poder trabalhar e superar as dificuldades econômicas.
Em 1979, participamos da fundação do sindicato do magistério público estadual na região da fronteira oeste do RS. Minha vivência na escola e no sindicato, sempre foi impregnada da convicção pessoal e política de que estes locais não podem ser isolados no tempo e no espaço, mas devem estar comprometidos com as transformações sociais, econômicas, políticas, científicas, tecnológicas e culturais de cada cidade, estado ou país.
Durante a greve do magistério do RS, de 1982 fui demitida do cargo de Diretora da Escola Pública em que trabalhava por ter apoiado o movimento reivindicatório do magistério. Nesse mesmo ano, em resposta a ação antidemocrática e autoritária do então Governo do Rio Grande do Sul efetuei a minha primeira filiação partidária, buscando uma tribuna para defender ainda mais a educação, as mulheres, a democracia, a liberdade, a soberania dos povos e a justiça social.
A partir de então, passei a ter uma intensa participação política (22 anos de mandato parlamentar e mais de 32 anos de militância política partidária), que sintetizo aqui: em 2009 e 2010 exerço o mandato de Deputada Federal; de 2006 a 2014, Deputada Federal (suplente); em 2003, assumo o cargo de Ministra de Políticas para as Mulheres do Governo Lula; em 2002, concorre novamente ao Senado e, mesmo tendo obtido mais de dois milhões de votos, porém insuficientes para minha reeleição; em 1998, concorri a Governadora do Rio Grande do Sul, com participação decisiva para a vitória da Frente Popular no Estado; Senadora da República (1994 a 2002). Primeira mulher do Estado do Rio Grande Sul, eleita para o Senado Federal do Brasil; e vereadora em Sant’Ana do Livramento/RS (1982 a 1994).
A iniciação política partidária foi pelo PDT, não é mesmo? Depois PT, como ministra do governo Lula. Como foi essa evolução?
A partir dos enfrentamentos ocorridos em 1982, através da minha militância sindical do magistério gaúcho, ingresso na política partidária (PDT) e sou eleita Vereadora em Sant’Ana do Livramento/RS, e me reelejo por três mandatos. Desencontros de prática política me levaram à fundação do PTB, em Livramento/RS, impregnado de nacionalismo, defesa dos direitos trabalhistas e sindicais, defesa da soberania e integração dos povos.
Em 1994, de vereadora, sou eleita Senadora da República pelo PTB. Em desalinho com a prática antinacionalista praticada pelos congressistas, volto a caminhar junto com Leonel Brizola dois anos depois. Busco na política partidária o espaço de voz, de denúncia e de protesto contra todas as formas de preconceito e injustiça. A tentativa de calar minha voz me deu tribuna, o desrespeito e o machismo de alguns me deu força para falar mais alto e mais forte e seguir em frente na defesa das mulheres e da educação e de dizer não à desvalorização e às formas conservadoras e preconceituosas de fazer política.
No Senado integrei a Mesa Diretora; as Comissões do Mercosul; de Relações Exteriores; de Assuntos Sociais e a Coordenação da Bancada Feminina do Congresso Nacional. Fui Vice-Presidenta da Comissão de Educação e Presidenta da Comissão de Infraestrutura, tornando-me a primeira Mulher – Senadora do Brasil a presidir uma Comissão Permanente do Senado. Durante meus oito anos de mandato, meu nome integrou a relação dos “Cem Cabeças do Congresso Nacional, pela capacidade de articulação e de diálogo e do alto índice de presença nas atividades parlamentares”, segundo o DIAP.
Também fui relatora do Protocolo Facultativo do Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres – Cedaw/ONU, e participei ativamente da aprovação da Lei Nacional que estabeleceu cotas para as mulheres nas candidaturas para o parlamento. Tive participação intensa na elaboração da LDB – Lei de Diretrizes da Educação Brasileira; a proposta de alteração do Código Civil, no que se refere aos direitos das crianças e da família, e a aprovação da Lei que trata do Planejamento Familiar no Brasil (Lei Federal nº 9.263/1996).
Em 2001, juntamente com a filiação de vários militantes do campo democrático e trabalhista, onde estava inclusive Dilma, hoje nossa presidenta, nos filiamos ao PT, com intensa participação na eleição de Lula para a presidência do Brasil, partido pelo qual concorri em 2006 e 2010 a deputada federal, ficando como suplente. Nos anos de 2009 e 2010, no mandato de Deputada Federal (PT), ressalto ações realizadas para a aprovação da lei que tornou a Alimentação um direito social, garantido na Constituição Brasileira e à frente da Comissão Especial em Defesa da Participação de Mulheres na Mesa Diretora da Câmara e do Senado Federal. E, também a contribuição à CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o Desaparecimento de Crianças no Brasil e atuação na Comissão de Trabalho, na de Desenvolvimento Urbano e na de Orçamento da Câmara Federal.
Por outro lado, ser a pioneira no cargo de Ministra de Políticas para as Mulheres do governo Lula, em 2003, para mim sem dúvida foi uma honra e um momento de grande emoção, um fato histórico sem precedentes no país e, estar ao lado do Presidente Lula desde o primeiro dia de seu governo foi uma experiência inesquecível. Naquele ano também fui Presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher do Brasil – CNDM.
Os direitos das mulheres e suas necessidades por conquistas surgidas com o movimento de mulheres saíram da invisibilidade. Nosso País, a partir da criação do “Ministério das Mulheres”, assumiu plataformas e agendas nacionais e internacionais, e políticas públicas e programas específicos entram em um novo patamar de compromisso governamental com as questões de gênero.
Em 2003, além de instalar a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, buscando equipamentos, constituímos nossa equipe a partir de vários partidos políticos do campo socialista e democrático (Liége, do PCdoB, estava lá), definimos cinco Metas Prioritárias que acho importante informar:
– Institucionalizar a Secretaria de Políticas para as Mulheres, reformular o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – Cndm e ampliar o diálogo com o movimento de mulheres;
– Promover a revisão do Plano de Ações e Projetos do Governo Federal, buscando ampliar os recursos destinados às Políticas de Gênero, visando o cumprimento da sustentabilidade e da transversalidade nas políticas públicas;
– Promover o recorte de gênero nos programas sociais prioritários do Governo Federal, visando o enfrentamento à pobreza nos segmentos de maior vulnerabilidade: mulheres do campo, negras, indígenas, meninas, jovens e idosas, em situação de violência, pobreza e exclusão;
– Promover o aprofundamento de dados e pesquisas, e ampliar os instrumentos de monitoramento e transparência nos programas dirigidos às mulheres em âmbito do Governo Federal;
– Enfrentar a Violência de Gênero, ampliando as políticas de combate à violência doméstica e a exploração sexual que atinge mulheres, meninas, jovens e idosas.
À frente do Ministério de Políticas para as Mulheres, ainda realizamos a instalação desde 2003, de número telefônico nacional para acolher denúncias de violência contras as mulheres. Hoje denominado Ligue 180; o Programa de Prevenção, Assistência e Combate à Violência contra as Mulheres – apresentado no primeiro ano do Governo Lula (2003); a elaboração do Regimento das Conferências Municipais, Regionais, Estaduais e Nacional de Políticas para as Mulheres no Brasil (realizadas em 2004, 2007 e 2011); a instalação desde 2003, da Ouvidoria da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; a apresentação do Primeiro Relatório sobre a Situação das Mulheres no Brasil, junto ao Comitê Cedaw/ONU.
Que lhe parece o papel das mulheres hoje e agora no Brasil? Que se pode esperar em termos de empoderamento político maior?
A democracia no Brasil ainda é incompleta. No país, a cultura predominante é que a política é coisa para homens e particularmente está associada à corrupção e à impunidade. O voto feminino no Brasil foi instituído há 82 anos. No Congresso Nacional, somente 10% aproximadamente, são mulheres. A nossa luta é por uma maior participação feminina no Executivo, Legislativo e Judiciário, nos espaços de poder e de decisão públicos e privados. No Brasil, as mulheres são maioria da população e a maioria do eleitorado, mas a política brasileira continua sendo predominantemente masculina, branca e urbana.
Porém, nosso país, nesta última década, passa por um profundo processo de mudanças que vem colocando o país no roteiro do desenvolvimento, da justiça social, da qualidade de vida, da cidadania e da igualdade. Um exemplo concreto de avanço é a eleição da primeira mulher Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.
O Brasil hoje é elogiado pela comunidade mundial, pela capacidade de enfrentar obstáculos, fortalecer sua economia, distribuir renda e implementar políticas públicas que propiciam o resgate de dívidas históricas para com os(as) excluídos da sociedade. E o papel das mulheres se fortalece e avança, e novos conceitos de igualdade e equidade são incorporados no dia a dia da sociedade.
Nossa luta pela igualdade, pelo fim do preconceito e da discriminação, passa sem dúvida pela efetivação de uma Reforma Política no Brasil, que fortaleça os partidos políticos, institua o financiamento público de campanha, com candidaturas em listas, intercaladas entre mulheres e homens. A política precisa espelhar a vontade popular das grandes massas e não o poder econômico da minoria e da grande mídia.
Sempre imagino que na base de tudo, sobretudo para você gaúcha, está um forte sentimento de nacionalidade e justiça social, ou estou enganado?
Você está correto. Mulher é fogo! Testemunha de décadas de lutas contra a incompreensão social e contra as nossas próprias contradições e preconceitos herdados culturalmente, somos símbolo de resistência… da coragem, da determinação e autenticidade do povo gaúcho.
A nossa rebeldia, indignação e autenticidade no campo político surge da inspiração e cumprimento dos mais nobres sentimentos de lealdade com nossas ideias, princípios e verdades. Nunca fomos apenas um nome individual, mas uma pluralidade na diversidade, um agir que busca dar conta dos significados que carregam e representam um nome, uma vida, muitas ações, que não são particulares, privadas ou pessoais… Sem nos afastar um dia sequer do rumo ideológico norteador de nossa vida pessoal profissional e política.
Mulher é vida e todos os elementos da natureza, e representamos a origem e o diferente, no agir, no pensar, no amar, no realizar, no manter, no liderar, no experimentar e no avançar… Temos em comum a marca da luta e do compromisso com a nossa história. Aí reside a nossa força e a coragem de prosseguir sem cruzar os braços, abaixar os olhos, sonhando e muitas vezes sofrendo sozinha… porém sempre pensando grande, gritando alto, avançando firme, pela valorização, pela não violência e contra a discriminação…
Para além da vida política, somos gente – pais e mães, filhos e avós, esposas e maridos. Diga-nos: quem é a pessoa Emilia Fernandes? Paixão ou razão? Grêmio ou Inter (ou Gre-nal, o que seria um sacrilégio)?
Sou oriunda da fronteira do Brasil com o Uruguai. Nasci, em 18 de julho de 1949, no município de Dom Pedrito/RS, na região da campanha do Estado gaúcho. Filha de uma professora e de um técnico em odontologia, em uma família de oito irmãos, sendo três mulheres e cinco homens. Minha história de vida é simples, de família do interior e fundamentada em princípios cristãos. Minha vida profissional, política e familiar inicia no município vizinho de onde nasci, chamado Sant’Ana do Livramento/RS- Brasil, para onde meus pais, transferiram residência quando eu tinha em torno de 8 anos de idade.
Da minha infância recordo as travessuras que realizava e dos muitos “castigos” que recebi de minha mãe – sempre fui a mais “rebelde” das três irmãs. Minha mãe era uma mulher determinada, firme, inteligente e severa na educação dos filhos. Meu pai, calmo, educado e para mim um tanto distante da organização da casa e do cuidado com os filhos, os dois muito amados, já partiram…
Aos quinze anos conheço um rapaz de classe média, dois anos mais velho do que eu, filho de pequeno produtor rural, com quem caso aos dezenove anos, após minha formatura no Curso de Magistério. No ano de 1969, ganho meu primeiro filho (Carlos Alberto) em casa sendo assistida apenas por uma parteira, seguindo o exemplo de minha mãe. Em 1974, chega minha filha Laura. Desde 2012, sou viúva, tenho quatro netos (Carlos 25 anos, Marcus 21, Filipe 18 e João Pedro 8, além de uma linda neta que ganhei com o segundo casamento de meu filho, Ana Carolina, 18 anos).
Gremista ou Colorada? Meu coração é vermelho e branco – Sou Internacional, juntamente com meu filho, minha nora e meus quatro netos. Mas como em toda família democrática minha filha e minha neta são gremistas, só para contrariar.
Sou muito razão e trabalho, um tanto paixão e sempre movida a desafios que me provocam todo o dia, à reflexão, à perseverança, à parceria do compromisso coletivo. Sou muito sentimento e família. Não hesito em derramar lágrimas, buscar e passar força e solidariedade nas amizades e familiares.
Sei o que é incompreensão, desencanto e preconceitos a exemplo de muitas mulheres. Mas quebrei silêncios, perdi medos, tive vontade de vencer, coragem de denunciar, força de seguir em frente, e capacidade de superação, ancorada na responsabilidade da minha consciência e na multiplicação de ideias.
Minha história se identifica com a de muitas mulheres, que buscam na ação coletiva e na luta permanente o gosto de viver e seguir em frente, na felicidade da liberdade conquistada, no direito de viver e de decidir, na capacidade de me indignar, na conquista da autonomia sobre o que fazer, quando e o que falar isso sempre fez e continua fazendo a diferença na minha vida.
Quais suas preferências em termos de vida cultural? O que mais lhe agrada na vida?
Os mais de 32 nos de militância partidária, 22 de mandato parlamentar, 23 anos exercendo o magistério, a militância sindical, somados à função de “mãe educadora responsável” (embora nem sempre presente), se por um lado exigiram de meus filhos um maior amadurecimento e visão de mundo, me tornaram um tanto distante do mundo social, das festas e do lazer, mas me aproximaram muito do aconchego do lar, da luta coletiva e da realidade de nossa gente, do gosto por palestras, seminários, congressos.
Gosto de música MPB e samba de raiz, e também de “quantas emoções”, de cuidar de plantas e de receber flores (recebi tão poucas). Gosto muito de filmes e documentários que me acrescentem conhecimento do ser humano e visão de mundo. Gosto do mar – que conheci com 26 anos. Nada me tranquiliza mais e me proporciona horas de alegria e descontração, do que sentar a beira do mar, admirando as ondas, observar as crianças, os jovens e as pessoas idosas e sua relação com a água.
A alma de criança sempre está viva em mim e renasce quando passeio, dialogo e brinco com meus netos, hoje com menos regularidade, o menor está com oito anos. Considero-me muito “mãezona”, preocupação constante com filhos, irmãos e netos.
Considero-me uma pessoa sonhadora e ao mesmo tempo realista, com uma vida feita de utopias, tristezas, alegrias e realizações. Eu agradeço a Deus todos os dias pela vida, pela minha família, pelas bênçãos, pelas oportunidades, pelas vitórias e desafios que colocou em meu caminho.
Acredito que tenho ainda muito por fazer e muito que superar, mas sei também que a vida só é vivida na sua plenitude quando temos a real consciência de que podemos passar por este mundo 30, 65 ou 90 anos e estar buscando sempre servir mais e melhor. Assim, deixando os desencantos guardados nas gavetas da vida, procuro e vivo por inteiro cada momento de minha vida, dentro do meu conceito de felicidade, de preparação, de superação, vencendo a solidão.
Você será candidata em 2014?
Sou pré-candidata à Senadora da República pelo Estado do Rio Grande do Sul, sob a liderança da nossa Presidenta do PCdoB/RS, Manuela D’Avila, junto com Dilma Presidenta do Brasil e Tarso Governador do nosso Estado.
Minha trajetória é uma caminhada coletiva. Meu dever de cidadã me faz continuar acreditando que precisamos lutar cada vez mais para que nosso povo melhore suas condições de vida e de cidadania. Precisamos trabalhar cada vez mais para resgatar a credibilidade na classe política e mostrar que a política é coisa séria e pode ser praticada com responsabilidade e ética.
Continuo no caminho, caminhando, na defesa da democracia, da soberania e integração dos povos, no apoio às políticas de desenvolvimento econômico, cultural, educacional e social para o nosso Estado gaúcho e para o Brasil, com o protagonismo e participação efetiva das mulheres.
Obrigado Emilia!
Fonte: Blog do Sorrentino – Projetos para o Brasil