Líder da Irmandade Muçulmana e islamitas são condenados à morte
Um tribunal egípcio condenou à morte 683 supostos membros da Irmandade Muçulmana, incluindo o líder supremo do grupo, Muhammad Badie. É a segunda condenação em massa deste tipo emitida pelo Judiciário egípcio. Em março, outros 529 islamitas já haviam sido sentenciados à morte por seu envolvimento com a organização do presidente deposto Mohammed Mursi, afastado e preso pelo Exército do Egito em julho de 2013.
Publicado 02/05/2014 13:36
A sentença foi divulgada nesta segunda-feira (28). O procedimento jurídico no Egito estabelece, entretanto, que as penas sejam avaliadas pela liderança religiosa e, então, confirmadas pela corte. Assim, dos 529 condenados à morte em março, somente 37 tiveram a pena capital confirmada pelo juiz na sessão de hoje. Os demais réus foram sentenciados a 25 anos de prisão.
Advogados de alguns dos réus questionaram a legitimidade da decisão judicial. Muitos dos defensores boicotaram a au diência e exigiram que o juiz fosse substituído, chamando-o de “açougueiro”. Um dos advogados, Mohamed Abdel Waheb, que representa 25 réus, afirmou que o veredicto foi entregue em uma sessão que durou menos de cinco minutos.
A emissão de penas capitais em massa não tem precedentes na história do Egito, fazendo despertar críticas de países ocidentais e organizações de direitos humanos.
“Essa sentença matou a credibilidade do sistema judiciário do Egito”, disse uma pesquisadora da ONG Anistia Internacional, Mohamed Elmessiry.
Movimento 6 de abril banido
Em outro episódio do Judiciário egípcio, um tribunal do Cairo decidiu banir o Movimento 6 de Abril, grupo da juventude egípcia e um dos protagonistas do levante popular que saiu às ruas e pediu a deposição do governante Hosni Mubarak, em 2011.
Um porta-voz da organização afirmou que a sentença evidencia a extensão da “contrarrevolução” egípcia. “Isso mostra que o alvo não são apenas os islamitas, mas também grupos liberais como nós”, disse Ahmad Abd Allah. E completou: “O governo vai continuar até o fim a interditar todas as forças democráticas. O que mais você pensava que um golpe militar faria?”.
No início do mês, um tribunal do Cairo confirmou a pena de prisão de três anos ditada em dezembro passado contra Ahmed Maher e Mohammed Adel, fundadores do Movimento 6 de Abril, e do blogueiro Ahmed Duma, por organizar um protesto ilegal e causar distúrbios em 30 de novembro de 2013. A manifestação não contava com a permissão das autoridades, como exige a polêmica lei de protestos aprovada pelo governo nesse mesmo mês, que limita o direito a se manifestar.
Fonte: Brasil de Fato