Perto de concluir tema das drogas, EUA atrapalham paz das Farc 

As Forças Armadas Revolucionária da Colômbia (Farc) e o governo colombiano voltaram à mesa de negociações, em busca de uma solução ao conflito que já dura mais de meio século. As partes discutem a questão das drogas – terceiro ponto da agenda e 24º ciclo de diálogos – e avançam na reconciliação. No entanto, em declarações à imprensa, a delegação do grupo guerrilheiro denunciou que, mesmo em meio ao processo de paz, os EUA seguem oferecendo uma recompensa pela captura de líderes das Farc.

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Sob a acusação de envolvimento com o narcotráfico internacional, o Departamento de Estado norte-americano oferece em seu site uma recompensa de cinco milhões de dólares por Timoleón Jimenez (Timoshenko) e outros líderes das Farc, incluindo delegados que participam dos diálogos de paz. Contudo, nem mesmo o governo da Colômbia considera a guerrilha uma organização de tráfico de drogas.

"O governo dos Estados Unidos não ajuda para o processo de reconciliação da Colômbia com as suas falsas representações dos fatos sobre a questão do narcotráfico que está sendo discutido nas negociações de paz" declarou o negociador-chefe das Farc, Iván Márquez, no Palácio de Convenções em Havana, onde acontecem as reuniões entre as partes desde 2012.

"É contraditório que, enquanto o presidente (Barack) Obama expressa apoio ao processo (de paz), os porta-vozes do Departamento de Estado atuam contra essa finalidade", oferecendo recompensas para a captura dos líderes das Farc, acrescentou Marquez.

"Os Estados Unidos mentem", afirmaram representantes da guerrilha em um comunicado de imprensa, que também destaca que Washington "tem feito vista grossa para o comércio internacional de drogas para desestabilizar governos legítimos".

Avanços

Andrés París, membro da delegação insurgente, adiantou que ao término deste 24ª ciclo as partes “poderiam registrar avanços importantes”. Ele informou que houve um avanço significativo no tema das drogas ilícitas e ressaltou que tantos as Farc quanto os representantes do governo compartilham a vontade de evoluir os diálogos de paz.

París criticou, porém, alguns candidatos eleitorais, que fazem ataques constantes ao processo de paz em suas campanhas (a eleição presidencial na Colômbia está marcada para o próximo dia 5 de maio). O membro das Farc classificou-os como “inimigos dos diálogos”. “Todos buscam uma classificação política nesta reta final da campanha eleitoral”, afirmou.

Jesús Santrich, também delegado guerrilheiro, também falou sobre o consenso entre as partes no terceiro ponto da agenda. Ele disse que as discussões a respeito dos cultivos e do uso ilícito de drogas como a maconha, papoula e a folha de coca estão a ponto de serem concluídas. “Os avanços são bastantes substanciais, talvez tenhamos mais de 20 páginas redigidas”, expressou Santrich, que informou que o maior debate é em relação ao tema do narcotráfico.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina e de agências de notícias