Um retrocesso inaceitável na jornada dos motoristas

Tramita na Câmara Federal o Projeto de Lei 4246/12, do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que aumenta a jornada dos motoristas de caminhões para até 12 horas diárias ao mesmo tempo em que reduz os períodos de descanso. Se for aprovado, significa um retrocesso social secular, que conduzirá a sociedade brasileira aos primórdios do capitalismo, quando inexistiam direitos, o tempo de trabalho não era regulado e o proletariado labutava 12 horas por dia de domingo a domingo.

Por Adílson Araújo*

Depois de muitas lutas, muitos Primeiros de Maio, a jornada foi regulada e limitada em todo o mundo a 8 horas diárias. Entre os muitos motivos que justificam este limite, que traduz relações mais civilizadas entre capital e trabalho, destacam-se o reflexo das longas jornadas na saúde do trabalhador e da trabalhadora e na segurança, especialmente no caso dos motoristas.

O aumento da jornada certamente agravará as doenças ocupacionais da categoria, bem como os casos de acidentes nas rodovias, por isto é hoje expressamente proibido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Em pleno século 21 é simplesmente inadmissível que a proposta do deputado do PP seja aprovada pelo Parlamento brasileiro.

A iniciativa desperta indignação não só na categoria, cujos líderes estão dispostos a recorrer à greve para barrá-la, como ao conjunto da classe trabalhadora brasileira. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) manifesta total repúdio ao PL 4246/12 e orienta sua militância a ampliar a mobilização e a pressão pela sua rejeição na Câmara dos Deputados, respaldando a posição dos parlamentares que integram a luta contra o aumento da jornada e em defesa da classe trabalhadora.

*É presidente da CTB