Restauração de igreja preserva arte de monges e escravos
O diretor de Patrimônio do Mosteiro de São Bento, situado na zona portuária do Rio de Janeiro, dom Mauro Fragoso, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, que a restauração da Igreja Abacial Nossa Senhora do Montserrate é importante não só para a comunidade monástica como para toda a sociedade fluminense.
Publicado 21/04/2014 12:03
A igreja, construída a partir de 1633, e que compõe o conjunto arquitetônico do mosteiro, envolverá recursos não reembolsáveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no montante de R$ 8,7 milhões. A participação do banco no projeto atinge 80%.
“A construção e ornamentação da referida igreja são um marco na memória beneditina em todo o continente americano. Lembrando que apenas o Brasil contou com essa ordem durante todo o período colonial das três Américas”, disse Mauro Fragoso.
O contrato entre o BNDES e o Mosteiro de São Bento foi assinado no último dia 13. Os monges terão 36 meses para utilizar os recursos. Isso significa que as obras de restauração do templo deverão ser concluídas em até três anos. De acordo com informação do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, a primeira parcela dos recursos já foi liberada.
Ainda segundo o BNDES, as intervenções envolvem a restauração das duas capelas falsas (Santa Ida de Lovânia e Francisca Romana), das seis capelas laterais (Nossa Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes, São Brás, Nossa Senhora do Pilar e São Caetano), do forro da nave central, de dois púlpitos, de dois tocheiros, da balaustrada do guarda-corpo, situado no coro, sob a nave central, e da extensão da capela do Santíssimo. Nas capelas, as obras compreendem a recuperação das paredes, imagens, castiçais e lampadários, informou a assessoria de imprensa do BNDES.
Para dom Mauro Fragoso, a preservação desse patrimônio significa salvaguardar a memória de monges e escravos, que trabalharam na edificação da igreja sobre a rocha firme, “história até então omitida pelos historiadores”. O monge do Mosteiro de São Bento observou que poucos leitores sabem da atuação de Antônio Teles, escravo com titulação de mestre pintor, e de seus oficiais na decoração desse templo.
Destacou, ainda, que há quatro séculos a igreja vem sendo referencial da vida de muitos fiéis que nela tiveram a iniciação cristã, casaram e receberam outros sacramentos ao longo de suas vidas. Dom Mauro Fragoso disse, ainda, que a preservação da Igreja de Nossa Senhora de Montserrate ultrapassa a fronteira religiosa, “uma vez que para que haja religiosidade, é necessário que haja primeiro a cultura”.
Fonte: Agência Brasil