Ucrânia: Diálogos têm resultados, mas operação militar é mantida
Apesar dos apelos por um diálogo político pacífico no documento adotado em Genebra, Suíça, nesta quinta-feira (17), pelos representantes da Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia, o governo interino ucraniano não suspenderá a operação militar que lançou contra manifestantes no leste do país. As tensões na região têm indicado a iminência de uma guerra civil, enquanto as potências ocidentais também se movimentam militarmente para a vizinhança russa.
Publicado 18/04/2014 09:59
O chanceler da Ucrânia, Andrey Deshchytsa, citado pela emissora Russia Today, disse que o país não está vinculado às recomendações do documento diplomático adotado na reunião ministerial desta quinta-feira, e que a operação “antiterrorista”, com caças, tanques e carros blindados do Exército, assim como as tropas, continuarão no leste.
O governo lançou a operação militar contra cidades em que há intensos protestos contra o governo interino, imposto através de um golpe, cuja autoridade e legitimidade os manifestantes não reconhecem. Parte do seu protesto é a ocupação de edifícios governamentais, enquanto reivindicam a federalização do país e, em casos, referendos separatistas, como o realizado recentemente pela Crimeia.
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Logo após a reunião entre os chanceleres, impulsionada pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e pelo presidente Vladmir Putin – em resposta à escalada do tom agressivo por parte dos EUA e da União Europeia, apoiadores do governo golpista na Ucrânia – o chanceler ucraniano havia dito que as partes “prometeram evitar qualquer forma de violência, intimidação ou ações de provocação. Os participantes da reunião condenaram firmemente e rejeitaram todas as formas de extremismo, racismo e intolerância religiosa, inclusive as manifestações de antissemitismo.”
O ministro referia-se aos rumores difundidos nesta semana sobre supostos comunicados enviados a famílias judias na região de Donetsk – no leste, de maioria russa e que estão protagonizando os protestos contra o governo interino – para que se cadastrassem como tal. Denis Pushilin, que aparece como signatário das cartas enviadas às famílias, sob o título de “Governador do Povo”, em declarações citadas pela Russia Today, negou tê-la escrito e afirmou tratar-se de uma farsa, apontando inconsistências como o tamanho do logotipo usado e sinais de alteração através de programas de manipulação de imagens. Além disso, afirmou que nunca foi e não é “governador do povo”, enfatizando: “ninguém me elegeu como tal”.
O chanceler interino da Ucrânia também disse que o país e a Rússia concordaram, na reunião desta quinta, a tomarem medidas conjuntas para amenizarem o ambiente de tensão no leste ucraniano, nas cidades próximas à fronteira com o território russo.
A chefe das Relações Exteriores da UE, Catherine Ashton, que tem se aliado aos EUA no respaldo a um governo inconstitucional, instalado após o golpe no início do ano, disse que a reunião foi construtiva, “extremamente importante para nos aproximar e iniciar o processo de diálogos. Saudamos o comprometimento ucraniano de conduzir um processo constitucional inclusivo e transparente.”
Para o processo de redução das tensões na Ucrânia, a ser instaurado “imediatamente”, Catherine Ashton disse que a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) – da qual a Rússia também é membro – deve enviar uma Missão Especial de Monitoramento com papel de liderança no apoio ao processo, e que a UE “continuará apoiando esforços para estabilizar a Ucrânia econômica, financeira e politicamente.”
As afirmações de Catherine remetem ao início dos protestos que tomaram proporções extremas e violentas, que eclodiram no fim do ano passado, com bandeiras fascistas levantadas na defesa da integração ucraniana à União Europeia, causa que ganhou a simpatia do bloco e o respaldo garantido às forças desestabilizadoras nas ruas e ao governo instaurado através do golpe.
Da Redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today