Índios passam a noite em museu para cobrar demarcação de terras
Os índios guaranis que ocuparam na última quarta-feira (16) o Museu Anchieta, no Pátio do Colégio, centro de São Paulo, reivindicam que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assine uma portaria para regularizar as terras que eles ocupam há anos na capital paulista.
Publicado 17/04/2014 09:35
Os 50 índios da manifestação, ocupantes de terras indígenas no Jaraguá, zona oeste, e Tenondé Porã, no extremo sul da cidade, passarão a noite desta quarta-feira (16) no local e na próxima quinta-feira (17), farão uma série de atividades no Pátio do Colégio, marco de fundação da cidade de São Paulo, para pressionar o ministro a assinar a demarcação de suas terras.
A ocupação, que teve início por volta das 15h30, foi feita de forma pacífica. O diretor do local, padre Carlos Contieri, de início tentou negociar com os índios a saída do local, alegando, principalmente, que se tratava de um local particular. Mas depois acabou autorizando a permanência. “Fui pego de surpresa. Não esperava que viessem aqui. Mas vou permitir que fiquem, embora não tenha como oferecer um local de conforto para vocês”, disse o padre aos índios. No final, o padre pediu que o protesto seja pacífico e sem depredações
Um manifesto, distribuído no local, informa que a aldeia Tekoa Pyau, na terra do Jaraguá, sofre processo de reintegração de posse que coloca em risco a permanência dos índios. “A aldeia do Jaraguá é muito antiga, do início da década de 1960”, disse Karai Popyguá. Segundo ele, a terra tem cerca de 1,7 alqueire e é ocupada por cerca de 800 índios. “É uma situação crítica a que estamos enfrentando dentro da terra do Jaraguá”, disse ele. “Não estamos sendo reconhecidos no território, e estamos sendo expulsos”, reclamou.
Já a aldeia Tenondé Porã, segundo Jera – também chamada de Giselda, uma das lideranças da aldeia – tem 26 hectares, com 200 famílias. “As pessoas desta aldeia, que plantam, precisam de área para viver e para ter alimentação”, disse ela.
“Nosso objetivo é ocupar o pátio, simbólica e pacificamente, para amanhã de manhã, do lado de fora, fazermos um debate e falar para as pessoas nas ruas para conseguir repercussão que nos ajude a gritar para o mundo que queremos a demarcação de nossas terras, que está na mesa do ministro”, disse Jera, ou Giselda. Segundo ela, a ideia de ocupar o Pátio do Colégio surgiu porque o local, historicamente, foi uma aldeia indígena.
Ela disse que a mobilização será mantida até que a portaria seja assinada. "Desde o contato com o 'mundo de lá', a gente sempre esteve em luta. Então, não é agora que a gente vai parar", argumentou.
Fonte: Agência Brasil