Presidenta da ANPG faz balanço do momento atual da entidade

Será realizado entre os dias 1 e 4 de maio, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), o 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos (Cnpg), organizado pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (Anpg).

O tema do Congresso será “Valorização da Ciência e dos Pesquisadores”, com isso a Anpg coloca como alicerce a compreensão de que a ciência deve ser vista como um dos eixos estruturantes do desenvolvimento nacional.

A Anpg representa os pós-graduandos de todo o país e está presente em importantes espaços como o Conselho Diretor do CNPq, o Conselho Superior e o Conselho Técnico-Científico da Capes, o Conselho Nacional de Saúde, o Conselho Nacional de Juventude e a Organização Caribenha e Latino Americana de Estudantes (Oclae).Fundada em 1986, desde então vem defendendo a ciência e as bandeiras do Movimento Nacional de Pós-Graduandos.

A UJS entrevistou a presidenta Luana Bonone para saber mais sobre sua gestão, as conquistas para os pós-graduandos do país e também sobre as expectativas para o próximo período.

Confira a entrevista:

UJS: Faça um breve balanço do que foi a sua gestão.
Luana Bonone: Essa gestão começou com uma vitória importante, o anúncio do reajuste de bolsas, que foi escalonado e aconteceu em 2012 e 2013, esse reajuste foi conquista direta da mobilização dos pós-graduandos. Assim começamos de uma forma muito boa. 

A partir disso o movimento se animou a debater o conjunto de direitos, ou seja, o conjunto de condições que o pós-graduando deve ter direito pra desenvolver tranquilo sua pesquisa e contribuir com o desenvolvimento do país. Fomos buscar elementos na história da Anpg e a partir das elaborações anteriores e debatendo a realidade presente, nós elaboramos um documento de direitos dos pós-graduandos que foi aprovado no Conap em novembro de 2013 e que será aprimorado agora no Congresso, acredito que essa tenha sido a principal pauta da gestão.

Dessa pauta tiramos a conquista de licença maternidade em estados onde não existia e incluímos os pós-graduandos no plano nacional de assistência estudantil. Mas o que debatemos são as condições do dia-dia, uma política permanente de valorização das bolsas, a universalização das bolsas dos pós-graduandos stricto sensu. Também uma politica de previdência, a ampliação da licença maternidade e estabelecimento da licença paternidade, combate ao assédio moral no ambiente acadêmico e outros tantos temas.

Agregado a isso, nós sempre debatemos o problema do financiamento da ciência e tecnologia em contraposição a uma política macroeconômica ortodoxa de juros altos e superávit primário, e queremos lançar um pacto pela ciência e tecnologia para aumentar as verbas destinadas a esse setor e estamos debatendo isso na Lei do Minério.
A escolha do tema do Congresso (“Valorização da Ciência e dos Pesquisadores”) procura abarcar as nossas principais bandeiras.

Fora isso nós mantivemos espaços institucionais importantes como nossa atuação junto a Capes e Cnpq. Participamos da reunião nacional da Sbpc que debateu o tema da inovação, realizamos o primeiro seminário da formação da pós-graduação em saúde, realizamos mostras científicas, mantivemos funcionando a revista da Anpg e principalmente tivemos o crescimento do número de APG’s organizadas no país, o que dá mais capilaridade ao movimento.

Comente mais sobre o crescimento das APG’s.
A conquista do reajuste de bolsas em 2012 só ocorreu porque haviam muitas universidades mobilizadas, então ter mais universidades onde o movimento se organiza por meio da Associação de Pós-Graduandos (APG), aumenta nossa capacidade de mobilização e intervenção nas pautas que nos interessam.

O Conap da Anpg de 2011 reuniu pouco mais de 30 APG’s, e cerca de 80 pessoas, ocorreu em Recife, o Conap de Ouro Preto em 2013 cadastrou 60 APG’s das quais 51 participaram efetivamente e 150 pós-graduandos, a nossa perspectiva é que esse Congresso tenha pelo menos 30 % a mais que o Congresso passado e isso é um indicio do ritmo de crescimento do movimento, que precisa ser maior, mas indica a capacidade da Anpg de articular o movimento nacional de pós-graduandos.

Quais são as principais batalhas no momento? E quais devem ser as prioridades para o próximo período?
O congresso está lançando e como bandeiras principais estão a questão do financiamento para ciência e tecnologia, com 2% do PIB e royalties do minério para ciência e tecnologia e queremos consolidar a plataforma de direitos dos pós-graduandos.

Penso que um desafio importante é o de apresentarmos nossas proposições para o país nesse momento de eleições, o Congresso tem que cumprir também esse objetivo, levantar as proposições dos pós-graduandos para o próximo período da vida nacional.

E para finalizar, quais os impactos da expansão da pós-graduação nos últimos anos.
Esse é um movimento muito importante, esse de expansão da pós-graduação pelas metas do próprio governo de planejar os números de mestres e doutores pelo número habitantes, isso tem a ver com a nossa capacidade de ter massa crítica para o desenvolvimento de tecnologias, para pensar o país e construir de maneira diferente, com profissionais mais qualificados, além disso, tem o objetivo também de combater as desigualdades da distribuição da pós-graduação no pais.
O que o governo chama de combate de assimetrias é a redução de uma desigualdade brutal que marca o sistema de pós-graduação brasileiro. Quase um terço dos pós-graduandos estão concentrados em São Paulo, mas um movimento recente de interiorização deve ser valorizado e potencializado em favor do desenvolvimento regional, dessa forma passamos a pensar o país de uma maneira mais unificada.

Por Thiago Cassis, no portal da UJS