2ª Bienal do Livro: escritores falam sobre novas tecnologias

Em um domingo de sol intenso em Brasília, quatro escritores brasileiros conversaram sobre suas carreiras e o cenário literário atual do país. Esse foi o clima da Mesa “A nova geração de ficcionistas brasileiros” da 2ª Bienal do Livro e da Literatura, que contou com Michel Laub, Luisa Geisler, Verônica Stigger e José Rezende. 

Para eles, as novas tecnologias proporcionaram mais oportunidades para novos escritores virem à tona. Isso não significa, entretanto, que está mais fácil consolidar uma carreira como escritor.

“Ao mesmo tempo que a internet oferece mais visibilidade, muita gente acaba publicando e, portanto, existe muita coisa disponível. Assim, é mais difícil um leitor ser atraído por um texto que possa, a princípio, parecer estranho”, explicou Laub. “Se a pessoa tem talento ela rapidamente é reconhecida, mas a tecnologia não faz com que os escritores de hoje sejam melhores do que os de 50 anos atrás. A história muda e o leitor muda, mas sempre haverá uma seleção do que é bom ou ruim por parte do público”, completou o escritor e jornalista.

Verônica, por sua vez, entende que há, atualmente, um maior interesse do mercado editorial por novos escritores. Já Luisa acredita que uma maior abertura das editoras para novos nomes não muda a recepção do público. “Por mais que se publique, a recepção não é diferente. Mas isso já é bom, porque motiva o novo escritor, mesmo que seja um livro com baixa receptividade. A publicação não garante nada, mas já é um bom começo”, disse a jovem escritora, ganhadora de dois prêmios Sesc de Literatura, em 2010 e 2011.

A influência de novos formatos, como e-books (livros digitais, comprados e lidos na tela de tabletsou formatos semelhantes) preocupa José Rezende, mediador do debate. Embora goste das novas possibilidades de acesso à literatura, ele teme que trilhas sonoras ou pequenos filmes sejam usados no meio dos textos. Luisa e Verônica, no entanto, não acreditam que essa possibilidade de interatividade possa ser algo prejudicial. “Acho que o nosso limite é sempre forçar questionamentos sobre algo ser ou não literatura. Às vezes pode ser diferente, mas nem por isso, deixaria de ser uma experiência literária”, disse Verônica. 

Para Laub, cada tipo de escritor e história tem seu público cativo, e ele não teme o desaparecimento de um formato em favor de outro. Ele explica que todas as histórias tem seu nicho de leitores, sejam best sellers de fantasia ou um texto que questione a própria literatura. “Todos são escritores com seu público. Tudo isso convive de uma forma muito saudável e o que vai determinar se ele é bom ou não é o que está dentro dele, e não a plataforma que ele vai usar”.

Fonte: Agência Brasil