O Maranhão, a oligarquia e um falso dilema petista
O sarneysismo comanda o estado do Maranhão há 50 anos – a mesma idade do golpe militar –, com o interregno do governador deposto Jackson Lago, eleito com o apoio do anterior, José Reinaldo, que havia migrado para o PSB.
Por Walter Sorrentino*
Publicado 09/04/2014 13:48
Hoje, Flávio Dino, do PCdoB, candidato da renovação, está com índices sustentados há 20 meses em torno dos 50-56%. Em 2010 Roseana Sarney fora eleita por ínfima margem, com o PT como vice-governador, depois alijado. Mesmo assim, o sarneysismo “exige” de novo o apoio do PT ao governo do estado. O clã quer sequestrar a imagem de Dilma e Lula para seu projeto eleitoral de sobrevivência.
Sarney senador deu apoio importante ao governo Lula e Dilma. Reciclou-se no pós-ditadura e cumpriu papel democrático nacionalmente. Roseana o acompanhou. Mas fora do plano nacional, o sarneysismo no Maranhão é a mais longeva, nefasta e última oligarquia política do país. Um esquema de poder em que as coisas degeneraram há tempos, enquanto bloco político, capacidade administrativa e padrão moral, onde os integrantes do núcleo de comando locupletam-se com o estado.
O PT pode ter razões em manter a aliança com Sarney no Maranhão. A inteligência política – ou coragem – separaria isso. Na realidade política brasileira, as eleições a governador não são meras extensões mecânicas dos arranjos feitos para a eleição presidencial, e isso pode ser constatado para todos os partidos e estados.
No plano nacional, há lugar para Sarney ou seus indicados no atual governo central, no ministério e outros órgãos. A própria governadora Roseana poderia integrar este ou o futuro governo. É próprio da coalizão nacional nos marcos atuais.
Mas manter o estado do Maranhão nas mãos da oligarquia, será condenar seu povo a mais um período dissociado do ciclo desenvolvimentista e distribuidor de rendas vivido no país. O Maranhão é um estado rico, cujo povo foi deixado à margem quanto aos índices sociais, econômicos e que mantém padrões políticos quase selvagens, um vale-tudo sem fim que se infiltra em todos os poderes sob o mando do clã. É um esquema de governo falido, um fim de jornada.
A encruzilhada do PT em não proclamar apoio ao PCdoB não representa meramente mais um marco de pragmatismo político ou apenas falta de compromissos com seus parceiros duradouros. Se volta a apoiar o sarneysismo, a que título seja, o PT dará as costas a tudo que prega como força dominante no governo nacional nestes últimos 12 anos. Se lança candidato próprio, não tem apelo nem chance alguma e pode ser reserva indireta de Roseana, laranja útil por assim dizer. Em ambos os casos, seria pagar um preço já bem pago ao sarneysismo, com os resultados conhecidos. No fundo, é um pretenso dilema: uma ou outra seriam opções políticas falsas para o Brasil e para os maranhenses.
Flávio Dino empalma a esperança progressista dos brasileiros no Maranhão. Fará o combate de cabeça erguida, que pode olhar nos olhos dos maranhenses e propor com clareza programática o que precisa ser feito para alinhar Maranhão e Brasil. O PCdoB, seu partido, sustentará coerentemente a continuidade do atual ciclo, com a reeleição de Dilma. A candidatura a governador se abrirá a todos os apoios necessários para vencer, sob a liderança de Flávio Dino.
Nesta hora, o Maranhão é Brasil, nós brasileiros de todos os rincões somos maranhenses, para levar o progresso, civilidade política e desenvolvimento ao povo maranhense. A campanha de Flávio Dino merece, por isso, o apoio mesmo fora do estado, na forma de uma grande corrente para torná-la vitoriosa, com o sentimento, apoio moral e material de todos os democratas e progressistas brasileiros e do pedido de voto aos familiares por parte dos maranhenses que se espalharam por todo o país.
*Walter Sorrentino é secretário nacional de Organização do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)